Até quando as redes sociais vão servir como correia de transmissão para as manipulações petistas, engolindo lorotas convenientes como se fossem a tábua dos 10 mandamentos?!
Li muita gente séria garantindo que o seriado O mecanismo não tinha nada de mais, então fui tirar a prova dos nove e constatei a inexistência de qualquer intenção de detonar preferencialmente o PT, poupando seus adversários políticos.
Tanto que o Michel Temer aparece como outro partícipe importante nos esforços para abafar as investigações policiais e livrar a cara das empreiteiras crapulosas.
O Aécio Neves chega a ser caricato no seu oportunismo rasteiro, além de haver uma sugestão de que ele realmente se drogaria.
Sérgio Moro/Paulo Rigo: pressões ilegais sobre os presos |
O próprio Sérgio Moro (bem como alguns agentes da Polícia Federal) é mostrado ultrapassando os limites de sua autoridade e pressionando presos de forma ilegal para coagi-los a se tornarem delatores premiados. E por aí vai
Quanto ao STF, a impressão que O mecanismo passa é a de que ele tradicionalmente agia para garantir a tranquilidade dos poderosos, minimizando o estrago causados pelas investigações de escândalos, até que resolveu bancar a Operação Lava-Jato, tomando o partido dos antipetistas na luta pelo poder e não conseguindo depois enfiar o dentifrício de volta no tubo.
Enfim, trata-se de uma visão bem negativa do universo da política, da Justiça, do Ministério Público e da polícia, só aliviando um pouco para alguns personagens envolvidos na luta contra a corrupção, como o José Padilha vem fazendo desde Tropa de Elite, no qual relativizava até a prática da tortura. Mas, nem mesmo a agente Verena e o ex-agente Ruffo deixam de ter seus escorregões éticos e legais.
Enfim, se há alguma ideologia no seriado, é a de que está tudo podre (canceroso) no topo de nossa sociedade.
Dilma Rousseff/Janete Ruskov: chamam-na de a louca |
A insistência do PT em posar de vítima já encheu o saco. Qualquer detalhezinho ínfimo, tipo colocar na boca do Lula uma frase do Romero Jucá, serve como pretexto para uma tempestade em copo d'água como a que estamos assistindo, cujo real motivo é colocar sob suspeita uma obra que, apesar de suas evidentes limitações, acerta pelo menos ao igualar os políticos profissionais do PT, do MDB, do PSDB e todo o resto da corja como farinha do mesmo saco.
A quem esses aprendizes de Goebbels pensam que enganam? Não ao cidadão comum, que há muito tempo concluiu a mesmíssima coisa sobre aqueles que fazem da política um meio de se darem bem no inferno capitalista, mandando os ideais de uma sociedade mais justa às urtigas.
[Quanto à esquerda, deveria é aproveitar o desencanto com a democracia burguesa para reassumir-se como força transformadora da sociedade. Enquanto limitar-se a disputar privilégios com outros aspirantes a privilegiados, chafurdando na mesma lama dos demais políticos podres, de nada lhe adiantará quebrar os espelhos que refletem sua descaracterização.]
De resto, há milênios autores colocam falas de um personagem histórico na boca de outro quando isto é conveniente em termos artísticos.
Um típico sucesso de escândalo |
Usar tal detalhezinho ínfimo, que mal se notaria no meio da trama, como pretexto para impugnar um seriado de mais de seis horas de duração é outra evidência gritante de que dessa gente os explorados não podem esperar nada que preste; e de que a esquerda, ou os deixa de lado e caminha para a frente, ou afundará no mesmo descrédito que eles cavaram para si próprios.
Quem não quiser servir de bobo útil para manipuladores espertos, assista a O mecanismo antes de se posicionar como um inquisidor do século 21, apoiando implicitamente a prática da censura.
Por último: atuei uns cinco anos como crítico de cinema, mas não farei uma análise a caráter da série... porque não passa de mais uma besteirinha da indústria de entretenimento, feita para dar lucro e não para lançar luzes sobre acontecimentos históricos.
É 96% de thriller policial, com umas pitadas de niilismo político simplório para dar um saborzinho picante e suscitar polêmicas que ajudam a promover o produto em questão (a Netflix buscou e obteve o velho sucesso de escândalo). Nunca levo a sério o que não merece ser levado a sério.
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