sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA: GOLDFINGER PALOCCI E BRANCALEONE MOURÃO.

A nova edição da revista (?) veja traz uma matéria-de-capa que me fez lembrar a velha frase do folclore futebolístico, atribuída ao técnico Otto Glória: "Quando ganho, chamam-me de bestial; quando perco, dizem que sou uma besta".

Pois é, Antonio Goldfinger Palocci estaria prometendo ao Ministério Público que, se este lhe conceder os privilégios de delator premiado, sustentará que o ex-ditador líbio Muammar Gaddafi forneceu ao PT US$ 1 milhão para financiar a campanha presidencial de Lula em 2002.

Não há por que descrermos da intenção de Palocci: já fez tudo que podia para queimar o filme de Lula no que se refere às ligações perigosas com a Odebrecht. Por que não se dispor a uma alcaguetagem mais bombástica ainda, em troca de que finalmente lhe abram a porta da gaiola?

Noves fora, se Palocci conseguir uma mísera prova consistente de que tal doação existiu mesmo (*), estará criado um fato político bestial, que pode justificar inclusive a cassação do registro do PT.

Se ficar tudo no blablablá, Palocci sairá do episódio mais desgastado ainda, seja por ter desempenhado o papel de uma besta quadrada, seja por haver tentado fazer todos nós de bestas.

*  *  *
Até quando, oh general Antonio Hamilton Mourão, abusarás da nossa paciência? Nem Catilina, apesar da exasperação que causava em Cícero, conseguia encher tanto o saco dos seus contemporâneos...

Às vésperas de trocar a farda pelo pijama, o que fará no próximo dia 31 de março (escolheu a data a dedo!), o Mourão da vez novamente se deu a incontinências verbais que configuram clara insubmissão contra o presidente da República, que é também o comandante supremo das Forças Armadas; e emitiu opiniões inadmissíveis para qualquer militar na ativa.
O pregador de uma nova temporada de atrocidades...

Se nem agora Mourão for punido pelos seus superiores, é melhor mudarem o nome do glorioso Exército Nacional para Casa da Mãe Joana Armada.

Sobre Temer, o incrível general Brancaleone disse:
"Nosso atual presidente vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante o balcão de negócios, chegar ao final de seu mandato".
E disparou também contra Lula, afirmando que, como "sobrevivente ao mensalão, ele achou que podia tudo"; como consequência, "as comportas foram abertas do lado da incompetência, da má gestão e da corrupção".

Além, é claro, de novamente rasgar seda para a ditadura de 1964/85, pregando uma nova quartelada.
...e quem o convidou para a hora da saudade das trevas

De resto, para que não restasse nenhuma dúvida a respeito das abominações que defende, ele deitou sua falação no Clube do Exército, em Brasília, ao qual compareceu como convidado... das viúvas e remanescentes da ditadura agrupados no movimento  Terrorismo Nunca Mais!!! Em comparação com os fanáticos ultra-direitistas do Ternuma, até Átila, Vlad Dracul e Gengis Khan eram cavalheiros sofisticados e comedidos...

São dois perdidos numa noite suja. Um que se desgarrou de sua turma, entrou em parafuso moral e chafurda na mais absoluta abjeção; e o outro que se desgarrou do seu tempo na vã tentativa de fazer as rodas da História girarem para trás, pois seu ambiente mental é o de um passado medonho e repulsivo que hoje só tem lugar na lixeira da História.

* Vale acrescentar uma informação posterior: o Élio Gaspari, em sua coluna de 10/12/2017, lembrou um agradecimento de Lula a Gaddafi, em dezembro de 2003, durante visita a Trípoli: "Hoje, como presidente da República do Brasil, jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente da República".


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