Os repórteres Fausto Macedo e Júlia Affonso, d'O Estado de S. Paulo, informam, em notícia de duas horas atrás, que a Polícia Federal indiciou o escritor e perseguido político italiano Cesare Battisti, detido em Corumbá (MS), por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Ele foi preso em flagrante ontem (4ª feira, 4), ao tentar atravessar a fronteira com a Bolívia portando US$ 6 mil em dinheiro (quase R$ 19 mil). Só poderia estar levando um máximo de R$ 10 mil. E não declarou que trazia consigo tal quantia.
Segundo os repórteres, o delegado Iuri de Oliveira da PF, mandou cientificar o juiz da 3.ª Vara Federal e o Ministério Público Federal em Campo Grande, comunicando a prisão em flagrante do preso: "Informe-se a prisão ao consulado/embaixada da Itália, uma vez que se trata de cidadão italiano”, determinou o delegado.
No interrogatório a que o submeteu, a PF insistiu em perguntar o que ele pretendia fazer na Bolívia com tal dinheirama, embora saiba de cor e salteado que Battisti ficou apavorado com a notícia alarmante d'O Globo, sobre tratativas sigilosas entre Brasil e Itália para entregá-lo, ao arrepio da decisão do presidente Lula em 2010, referendada pelo STF em 2011, nas mãos dos revanchistas italianos.
Estes querem fazer cumprir uma sentença de um período em que o Judiciário local ultrapassava todos os limites do Direito civilizado na perseguição encarniçada às centenas de grupúsculos de ultraesquerda, chegando a admitir prisões preventivas (isto é, sem um julgamento no qual o prisioneiro pudesse defender-se) com duração de mais de 10 anos!
E o que é pior: a sentença italiana está prescrita há vários anos!
Falastrões como sempre, os italianos reconhecem que são a mão que move os cordéis por trás dos panos. No twitter, o ministro das Relações Exteriores Angelino Alfano exultou com a prisão de Battisti, afirmou que quer mesmo arrancá-lo do Brasil e admitiu singelamente as tais tratativas sigilosas que o governo brasileiro nega existirem, segundo informou a agência Ansa. Eis, ipsis litteris, o que ele escreveu:
"Hoje trabalhamos com o embaixador [Antonio] Bernardini para trazer Battisti de volta e entregá-lo à Justiça. Continuamos trabalhando com as autoridades brasileiras".Temos de olhar com a máxima apreensão a aparente disposição da PF de encontrar um pelo em ovo que justifique a extradição ou, pelo menos, a deportação para país no qual Cesare não estivesse a salvo da vendeta dos neofascistas italianos.
Um comentário:
Inescrupolosismo golpista.
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