Morte do general romano e do conquistador huno precipitou a barbárie? |
Tendo a TV aberta se tornado cada vez mais medíocre e irrelevante, os canais por assinatura passaram a desempenhar a função de respiradouros para os espectadores minimamente dotados de espírito crítico e sensibilidade estética.
Produções por eles bancadas e comercializadas também no circuíto de DVD e blu-ray são as que hoje melhor atendem às expectativas sofisticadas, mantendo um elo com a vida inteligente que foi banida das Globos da vida.
Um bom exemplar destes novos tempos é Átila, o huno (2001), disponibilizado na janelinha abaixo. Exibido como uma mini-série de dois episódios, foi depois lançado nas locadoras com sua duração integral de quase 3 horas.
Mesmo sem grandes destaques na direção (Dick Lowry), no roteiro (Roberto Cochran) e no elenco (só o eterno coadjuvante Powers Boothe impressiona), consegue mesclar bem o entretenimento, a reconstituição de época e a reflexão histórica.
Mesmo sem grandes destaques na direção (Dick Lowry), no roteiro (Roberto Cochran) e no elenco (só o eterno coadjuvante Powers Boothe impressiona), consegue mesclar bem o entretenimento, a reconstituição de época e a reflexão histórica.
Sugere que a única personalidade apta a salvar o Império Romano era o general Flavius Aetius (Boothe); que só o conquistador Átila (Gerard Butler) poderia ter mantido a centralização política e econômica após o colapso de Roma; e que a morte quase simultânea de ambos condenou o mundo civilizado à fragmentação, ruralização e retrocesso, ensejando um milênio de trevas.
É uma tese fascinante, embora me pareça exagerar o papel do indivíduo na História. Creio que a decadência de Roma já se tornara irreversível e, no máximo, Aetius a retardaria um pouco; e que o Império Huno, mesmo que substituísse o romano, não sobreviveria ao seu criador, acabando por estilhaçar-se da mesma forma.
Mas, pelo menos Átila, o Huno nos convida a pensarmos a História, ao invés de permanecermos espectadores do passado como o somos do presente. Neste sentido, cumpre muito mais a função da arte do que superproduções majestosas como Tróia, do Wolfgang Petersen (aquele cineasta que, quando foi para Hollywood, deixou todo seu talento na Alemanha...).
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