"Preparem-se para dias difíceis, com
cortes de energia e redução do consumo
de petróleo, devido à desaceleração do
desenvolvimento econômico (Raul
Castro, premiê cubano, no último dia 8)
O que diferencia um modelo social de outro é o seu sistema de produção dos meios de subsistência da vida.
A sociedade comunal primitiva, na qual tudo o que se produzia era compartilhado equitativamente, tinha uma hierarquia de comando baseada em critérios completamente diferentes da ideia de poder institucional das chamadas sociedades pós-modernas.
Naquela, em que pese dificuldades inerentes à falta de domínio do saber, circunstância que prejudicava sobremaneira o modo e o tempo de vida dos indivíduos sociais, o comando social obedecia a critérios consuetudinários de comportamentos, baseados no respeito à equidade e admiração pela capacidade de contribuição social coletiva (como a de um grande caçador ou a sabedoria de um velho pajé), sem privilégios.
Embora ainda que fossem bárbaros em muitos aspectos (caso do fetichismo religioso, ou seja, a adoração a totens de pedra aos quais ofereciam sacrifícios humanos, em louvor a poderes divinais atribuídos a tais totens por eles mesmos erigidos), seus critérios não se baseavam na posse da riqueza material de modo segregacionista. Nessas sociedades comunais primitivas todos eram socialmente iguais.
Neste sentido eram mais civilizadas do que as sociedades mercantis atuais, nas quais o poder econômico cinde a vida da coletividade entre indivíduos de classes sociais distintas, segregando a maioria em benefício de uma minoria (benefício relativo, pois os opulentos são também, de alguma forma, atingidos negativamente, sofrendo os efeitos da poluição, sendo vítimas de assaltos quando saem dos seus carros blindados, de roubos nas suas empresas, das falências que ora ocorrem em profusão, etc.).
Resumo da opereta: é o modo de mediação social estabelecido aquilo que define uma determinada forma de ser social como justa ou injusta; socialmente consciente ou inconsciente.
A sociedade comunal primitiva, na qual tudo o que se produzia era compartilhado equitativamente, tinha uma hierarquia de comando baseada em critérios completamente diferentes da ideia de poder institucional das chamadas sociedades pós-modernas.
Naquela, em que pese dificuldades inerentes à falta de domínio do saber, circunstância que prejudicava sobremaneira o modo e o tempo de vida dos indivíduos sociais, o comando social obedecia a critérios consuetudinários de comportamentos, baseados no respeito à equidade e admiração pela capacidade de contribuição social coletiva (como a de um grande caçador ou a sabedoria de um velho pajé), sem privilégios.
Embora ainda que fossem bárbaros em muitos aspectos (caso do fetichismo religioso, ou seja, a adoração a totens de pedra aos quais ofereciam sacrifícios humanos, em louvor a poderes divinais atribuídos a tais totens por eles mesmos erigidos), seus critérios não se baseavam na posse da riqueza material de modo segregacionista. Nessas sociedades comunais primitivas todos eram socialmente iguais.
Neste sentido eram mais civilizadas do que as sociedades mercantis atuais, nas quais o poder econômico cinde a vida da coletividade entre indivíduos de classes sociais distintas, segregando a maioria em benefício de uma minoria (benefício relativo, pois os opulentos são também, de alguma forma, atingidos negativamente, sofrendo os efeitos da poluição, sendo vítimas de assaltos quando saem dos seus carros blindados, de roubos nas suas empresas, das falências que ora ocorrem em profusão, etc.).
Resumo da opereta: é o modo de mediação social estabelecido aquilo que define uma determinada forma de ser social como justa ou injusta; socialmente consciente ou inconsciente.
Há, hoje, uma unanimidade burra quanto ao imperativo da retomada do desenvolvimento econômico, razão de ser das sociedades capitalistas, que têm nas relações mercantis o seu modo de mediação social e produção dos bens necessários ao consumo.
Partidos conservadores, comunistas, socialistas, sociais-democratas, trabalhistas, nacionalistas, liberais, ecológicos, etc., todos eles defendem publicamente as atividades mercantis e os mecanismos institucionais de indução à retomada do crescimento econômico, como se esta fosse a única forma de vida social.
Assim, são absolutamente iguais na base, suas divergências se restringindo apenas à condução política desta lógica, sem questioná-la na sua essência constitutiva. Não se vê nenhum politico defender a superação do modo mercantil de produção por um modo de mediação social que prescinda da forma-mercadoria, até porque, se assim o fizesse estaria negando a própria estrutura de poder na qual está inserido; talvez fosse até cassado por falta de decoro parlamentar ou por desrespeito à Constituição que jurou defender quando tomou posse do mandato eletivo.
Mas, para desespero do segmento político, a mecânica funcional do sistema produtor de mercadorias, como previu Marx, está travando por seus próprios fundamentos. E, com isto:
- definham as atividades mercantis causando depressão econômica mundial;
- definha a arrecadação dos impostos;
- endivida-se o Estado ao nível de uma anunciada insolvência;
- inviabiliza-se a previdência social;
- tornam-se podres os créditos bancários; e
- aumenta o desespero social, em função do fantasma do desemprego estrutural.
Os políticos profissionais são hoje alvo da execração popular enquanto segmento social, apesar dos eleitores, na sua maioria, manterem com eles uma nociva e imanente relação oportunista de troca de favores e recursos. Apesar de tudo, mesmo assim, não querem largar o osso (vide a guerra pela presidência da Câmara dos Deputados no Brasil).
A chamada pós-modernidade, nome que se atribui ao atual momento da vida social mundial, somente pode assim ser considerada no que se refere aos ganhos do saber, que vão desde a engenharia genética até a área das comunicações. No campo da vida social, contudo, há um flagrante retrocesso. Serão pós-modernos:
- os movimentos fundamentalistas religiosos do tipo Al-Qaeda e Estado Islâmico, Boko Haram, e outros, que matam em nome de Deus?
- a milenar intolerância religiosa e racial entre palestinos e israelenses?
- a agressão ecológica que provoca o aquecimento do Planeta causando sérios distúrbios ecológicos?
- o aumento dos períodos de seca no nordeste do Brasil e outras regiões mundo afora?
- o aumento da fome no mundo?
- a volta de endemias causadas por doenças consideradas substancialmente erradicadas?
- os tufões, furacões e tornados arrasadores nos Estados Unidos e em outras partes do mundo?
- o aumento do nível do mar por conta do degelo nas calotas polares e enchentes violentas em várias regiões do Planeta?
- o vertiginoso aumento do movimento migratório de habitantes de países em guerra, considerados supérfluos do capitalismo, por não terem dinheiro para consumir e nem trabalho para gerar dinheiro?
- o aumento do crime organizado e da violência urbana?
Qual a causa desta involução social e retrocesso civilizatório?
A resposta não pode ser outra senão que a culpa cabe ao nosso modo de relação social baseado na produção de mercadorias (sistema econômico que se tornou anacrônico) e a todos os seus apoios institucionais (subsistema político-estatal).
A questão, portanto, não é a busca do desenvolvimento econômico.
Primeiramente, por ele ser impossível de se concretizar na atual conjuntura, graças às contradições próprias entre a sua forma social (sistema produtor de mercadorias) e o seu conteúdo funcional (natureza concorrencial de mercado na era da alta tecnologia de produção de mercadorias, a qual prescinde cada vez mais do trabalho abstrato produtor de valor).
Ademais, por ele ser, no atual estágio, predatório da vida em vários sentidos.
A solução está na busca de formas alternativas que apontem no sentido de sua superação e não do seu desenvolvimento. Neste sentido, a negação da política e do seu sistema eleitoral e a busca de produção de bens que atendam as necessidades do grande contingente de subempregados e de desempregados mundo afora, se constituem nos pilares de uma revolução social que difere profundamente das revoluções tradicionais, nas quais a tomada do poder pelas armas implicava na instauração de um pseudo-contrapoder igualmente armado e financiado pela vida mercantil estatal.
A questão, portanto, não é a busca do desenvolvimento econômico.
Primeiramente, por ele ser impossível de se concretizar na atual conjuntura, graças às contradições próprias entre a sua forma social (sistema produtor de mercadorias) e o seu conteúdo funcional (natureza concorrencial de mercado na era da alta tecnologia de produção de mercadorias, a qual prescinde cada vez mais do trabalho abstrato produtor de valor).
Ademais, por ele ser, no atual estágio, predatório da vida em vários sentidos.
A solução está na busca de formas alternativas que apontem no sentido de sua superação e não do seu desenvolvimento. Neste sentido, a negação da política e do seu sistema eleitoral e a busca de produção de bens que atendam as necessidades do grande contingente de subempregados e de desempregados mundo afora, se constituem nos pilares de uma revolução social que difere profundamente das revoluções tradicionais, nas quais a tomada do poder pelas armas implicava na instauração de um pseudo-contrapoder igualmente armado e financiado pela vida mercantil estatal.
Eles não querem entender que o problema da natureza do diabo é ser diabo. (por Daltton Rosado)
2 comentários:
confesso que parei de ler o artigo assim que percebi que se tratava da profecia da mais recente "crise final do capitalismo", a segunda ou terceira somente este ano...
RESPOSTA DO DALTON, QUE TEM DIFICULDADE EM POSTAR COMENTÁRIOS E SEMPRE ME PEDE PARA FAZÊ-LO:
Caro Walmir,
Nós também defendemos o direito à preguiça (inclusive a intelectual) que o capitalismo condena na sua volúpia escravista do trabalho abstrato, mas que agora nega aos seus súditos, contraditoriamente, prenunciando sintoma de sua crise final.
Obrigado por ler parte do artigo. Dalton Rosado.
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