terça-feira, 21 de junho de 2016

HUGO CHÁVEZ E A REVOLUÇÃO EDUCACIONAL

Por Eduardo Rodrigues Vianna
(uma pequenina reflexão acerca das 
lutas educacionais no Brasil atual)
Quando os bolivarianos venezuelanos chegaram ao governo com a eleição de Hugo Chávez, em 1998, sabiam que era preciso promover uma transformação na educação pública, tendo optado pela via da educação popular, com beleza, com todo o colorido que os povos da nossa América possuem; e também com lucidez, com um projeto muito concreto a ser realizado. 

A revolução educacional, diferentemente do que se passou no Brasil durante os governos Lula e Dilma, era parte fundamental do processo encabeçado por Chávez, frustrado em alguns aspectos, vitorioso em outros. Os bolivarianos estabeleceram uma linha política arrojada e séria, segundo a firme convicção de que a educação serve para libertar o povo, rumo à emancipação dos povos da América Latina e em nome de sua união. E puseram-se a trabalhar.

Implantaram as Missões Bolivarianas — que consistiam na mobilização de caravanas compostas por um convicto professorado de luta, estudantes, artistas e lutadores sociais pelos quatro cantos do país: cada cidade, cada povoado e cada bairro. 

Um dos resultados, em aproximadamente sete anos de mobilização educacional nas escolas e fora delas, foi nada menos que a erradicação do analfabetismo na Venezuela, um feito comemorado pelas forças populares no mundo inteiro — as forças democráticas, as forças humanistas, enfim, todos aqueles que compreendem a façanha extraordinária que é dar fim ao analfabetismo em qualquer país latino-americano.

Outro resultado foi a construção de um pensamento educacional, todo um repertório, todo um conteúdo amplo, popular, camponês, operário, negro e indígena. O imenso estado de espírito construído em grande medida pela educação popular garantiu a vitória de 2002, contra uma tentativa da burguesia venezuelana e dos Estados Unidos de esmagarem a experiência daquele povo, por meio de um golpe de estado DE VERDADE

Os trabalhadores, a juventude e os patriotas revolucionários venceram, armados com enxadas, pistolas, fuzis e livros. Mas armados com a poderosa espada dos povos em todos os momentos da História, sem a qual as pistolas e os fuzis nada podem, que é a das ideias fortes, quando associadas a uma forte esperança.

No Brasil da atualidade, sob outras condições e com muita dificuldade, nós também podemos trabalhar pela realização de uma revolução educacional, que faça sentido no horizonte das lutas populares e democráticas, e até mesmo no horizonte das conquistas tecnológicas e científicas. Haveria muito o que dizer a respeito. 

É uma possibilidade que se tornou bem mais palpável  desde que contingentes independentes de estudantes secundaristas partiram para a ocupação de escolas públicas, centenas delas, primeiramente em São Paulo, em seguida em Goiás, contra as agressões de tipo neoliberal que a escola pública vem sofrendo, e que sofrerá ainda mais. 

Entre outras características de um movimento como o que poderemos lançar brevemente no Brasil, estará a consideração de que devemos nos assumir como um povo latino-americano, de que devemos nos enxergar assim. 

A América Latina é toda feita de lutas, inclusive por uma revolução educacional, grande, para cada um dos nossos países e para toda esta parte do mundo. Os secundaristas mais aguerridos do Brasil adotaram esta palavra de ordem, tão significativa quanto inspiradora: "Acabou a paz! Isto aqui vai virar o Chile!"

Por outro lado, o esforço pela refundação da esquerda no Brasil, cujas tarefas estarão na ordem do dia mais cedo ou mais tarde, vai ocorrer necessariamente em torno das novas lutas educacionais, na escola e fora dela, de maneira que a revolução educacional defendida por Hugo Chávez continuará a ser uma referência real, a despeito dos rumos do governo de Nicolás Maduro, este cavaleiro da tristíssima figura.

E, se quisermos experimentar, apenas experimentar, um lema para as lutas educacionais que virão, penso que este aqui poderia ser interessante:
"O capitalismo criou uma ficção chamada sociedade do conhecimento; cabe a nós assumirmos o objetivo revolucionário de convertê-la em realidade!"

Um comentário:

Marcos Nunes Filho disse...

Escrevi um comentário neste meu blog:

http://ptcritica.blogspot.com.br/2016/06/parte-122.html

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