Um dos meus artigos mais controversos de todos os tempos foi Combate à corrupção é bandeira da direita (vide íntegra aqui), que lancei em abril de 2009, alguns meses depois que parte da esquerda pateticamente tomou partido numa guerra de gangsteres pelo mercado de telecomunicações, travada bem no centro dos podres poderes. Enojara-me sobremaneira o endeusamento a um delegado metido a Quixote, mas que não passava do laranja de uma das facções mafiosas.
Como a sucessão de escândalos na política e na economia parecia não ter mais fim (dura até hoje, por sinal...), resolvi recolocar em circulação a tese corretíssima do Paulo Francis, de que só à direita convém manter a opinião pública mesmerizada por esses roubos menores, intrínsecos ao capitalismo, enquanto é levada a passar batido pelo maior de todos os roubos: a propriedade privada dos meios de produção.
Assim, quando a lama novamente inundava o noticiário, escrevi estas verdades:
Assim, quando a lama novamente inundava o noticiário, escrevi estas verdades:
"...a desproporção entre o dano causado ao cidadão comum pelos ladrões de galinha da política e as atividades corriqueiras dos capitalistas é incomensurável.
O capitalismo nos acarreta:
* emergências ecológicas como as alterações climáticas que ameaçam a própria sobrevivência da nossa espécie;
* recessões desnecessárias como a atual (que ainda não se sabe se evoluirá ou não para depressão);
* a condenação de parcela considerável da humanidade a vegetar em condições subumanas;
* o desperdício criminoso do potencial ora existente para assegurar-se a cada habitante deste sofrido planeta o mínimo condizente com uma sobrevivência digna;
* a mobilização permanente dos homens para atividades improdutivas e desnecessárias ao invés da redução da jornada de trabalho para que todos possam desenvolver-se plenamente como seres humanos;
* etc. (muitos, muitos etcéteras!).
...interessa aos defensores do capitalismo fazer a patuléia acreditar que a razão maior de seus apuros econômicos são os impostos, que estes acabam sendo em grande parte desviados pelos políticos e que isto, só isto, impediria nosso país de deslanchar.
Ademais, as intermináveis denúncias de corrupção acabam minando as esperanças do cidadão comum na transformação da realidade por meio da ação política. Se tudo não passa de um lodaçal, as pessoas de bem devem mesmo é cuidar de sua vida...
De quebra, fornecem pretextos para quarteladas, sempre que os meios de controle democráticos das massas não estão funcionando a contento..."
Coerentemente, escândalos como o do mensalão e o do petrolão só entram nos meus textos em função de suas consequências políticas. Pouco me importariam as investigações da Polícia Federal e a miséria moral dos delatores premiados, se as revelações bombásticas não parecessem estar pavimentando o caminho para uma tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Afinal, acusações de corrupção já derrubaram um presidente (Fernando Collor) e ajudaram a derrubar outros três (Washington Luís, Getúlio Vargas e João Goulart).
Quando um partido dos trabalhadores começa a satanizar caseiros e funcionários para livrar a cara de ministros e presidentas de empresas, é hora de refletir seriamente sobre se sua sigla não virou propaganda enganosa.
O assassinato de reputações é uma das práticas mais odiosas da nossa vil política.
Um comentário:
Venina é a versão Petrobras de Jacqueline Meirelles. Não apenas o penteado, ela inteira tem estilo próximo da eterna miss.
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