O diagnóstico do zagueiro campeão do mundo Paulo André (acesse aqui) é impecável: "Os que dirigem o futebol nacional (...) evitaram e evitarão ao máximo falar sobre as propostas para o futuro pois não entendem bulhufas do que deve ser feito. Entendem de política, de se manter no poder, de explorar o futebol, de mamar nas tetas da vaca".
Desde o mineirazo, muitos textos foram divulgados e muitas declarações ouvidas sobre as mazelas do futebol brasileiro:
- corrupção exacerbada e crassa incompetência da cartolagem;
- descaso com as categorias de base;
- a preferência dada, nas peneiras dos clubes e escolinhas de futebol, aos jovens parrudos, desincentivando os franzinos talentosos (o genial Mané da perna torta, carregou nosso escrete nas costas em 1962, não teria vez hoje em dia);
- idem aos famigerados volantes de contenção, deixando-nos praticamente sem meiocampistas capazes de conduzir a bola com qualidade da defesa para o ataque (ao invés disto, opta-se cada vez mais pela ligação direta, ou seja, os chutões varzeanos para a frente, na esperança de que algum atacante os alcance) e aptos a desempenharem o papel de cérebros de suas equipes;
- boicote velado aos atletas de personalidade forte e capacidade de liderança, como o próprio Paulo André:
- perpetuação de técnicos ultrapassados como o Felipão, incapazes de darem organização tática e variações de jogadas a seus comandados, tão maus como professores (pois ensinam a encarar o futebol como guerra) quanto como alunos (pois passam a vida inteira repetindo as lições de outrora ao invés de atualizarem seus conhecimentos, reciclando-se permanentemente); etc.
Marin e Rebelo: cadê o hexa que estava aqui? |
O ministro dos Esportes Aldo Rebelo fala em intervenção estatal no futebol, a presidenta Dilma Rousseff quer renovação e fim da prática vergonhosa de exportarmos nossos futebolistas promissores tão logo despontam.
Estão certos, mas o xis do problema é: até onde o governo está disposto a ir para eliminar o principal obstáculo a todas as medidas modernizantes e moralizadoras?
Não há dúvidas de que conseguiremos reunir facilmente esportistas íntegros e lúcidos para formatarem um plano de desenvolvimento nacional do futebol, como propõe o Paulo André. Mas, isto de nada adiantará enquanto os Marins e Del Neros continuarem dando as cartas e optando sempre pelo atraso (o primeiro descartou desdenhosamente a possibilidade de termos Pep Guardiola à frente de nossa seleção, preferindo retirar Scolari do ostracismo a que estava relegado desde sua passagem catastrófica pelo Palmeiras), desmoralizando os certames com maracutaias explícitas como a que alijou a Portuguesa da série A do Brasileirão, gerindo recursos como raposas que tomassem conta de galinheiros.
Agora, lemos o absurdo de que Tite, o brasileiro preferido em todas as pesquisas sobre melhor técnico para o escrete, estaria sendo vetado por parte dos cartolas por pertencer à escola gaúcha(?), a exemplo de Dunga e Felipão!!! Como se o fato de haver nascido no mesmo Estado igualasse este brasileiro cordial, competente, estudioso e bom esportista, a dois toscos apóstolos do vencer na bola ou no grito...
Então, a primeira providência, sem a qual todas as outras acabarão sendo esvaziadas, é resgatar nosso futebol da corja nauseabunda do qual está refém: os dirigentes que só "entendem de política, de se manter no poder, de explorar o futebol, de mamar nas tetas da vaca".
Infelizmente, não se trata de ervas daninhas que brotaram apenas nos gramados esportivos, mas são parte de um todo. Têm ligações com a política, com os grandes negócios, com as comunicações. Se extirpadas haverá muitas consequências, inclusive eleitorais.
A dúvida é: Dilma terá coragem de mexer neste vespeiro, em plena campanha para a reeleição? Ou vai ficar só nos paliativos, platitudes e cortinas de fumaça?
O que nos remete a outra pergunta: o PT está disposto a voltar às origens, ou continuará compactuando oportunisticamente com a podridão que prometeu combater?
Lembre-se, Dilma: desde meados do ano passado o Brasil está mudando. O repúdio aos Marins e Del Neros, bem como a todos os seus congêneres do mundo da política, é cada vez mais generalizado.
Outsiders tipo homem da vassoura e caçador de marajás ganham eleições quando há um profundo desencanto com as forças políticas dominantes. Já aconteceu antes, pode acontecer de novo. Pense nisto, presidenta.
Outsiders tipo homem da vassoura e caçador de marajás ganham eleições quando há um profundo desencanto com as forças políticas dominantes. Já aconteceu antes, pode acontecer de novo. Pense nisto, presidenta.
3 comentários:
Nada vai mudar no nosso futebol. só mudará quando o Brasil ficar de fora da copa. ou seja:sendo eliminado nas eliminatórias sul americanas para o mundial da Russia em 2018! mas só mudará o poder federal.o PT sairá do poder após 16 anos. pois já viram que esse ano é Dilma!
Celso, aquela invasão de "torcedores" Corinthianos ao ct do clube, onde colocaram os jogadores, literalmente, na parede, alegando que estavam envergonhados com a derrota do time por cinco a zero para o Santos, sendo que, mesmo quando o time foi rebaixado não chegaram a este extremo, cheira muitíssimo mal. Depois deste episódio o Paulo André(um dos líderes do Bom Senso F.C) saiu do clube, e, logo depois, foi a vez do Sheik, outro integrante do movimento. Enfim, conhecendo nossos dirigentes, torna-se bem possível que aquela invasão tenha sido articulada para enfraquecer o Bom Senso.
Abração ! ..Marcelo Roque
Marcelo,
tudo é possível, mas fiquei com a impressão de que a invasão do CT foi orquestrada pela ala do Andrés Sanchez, para desgastar o Mário Gobbi.
O Paulo André disse que saiu porque recebeu uma boa proposta do exterior, ficou esperando que o Corinthians se pronunciasse sobre se havia interesse na sua permanência, mas deixaram o prazo estourar e ele perdeu a chance.
Então, quando surgiu nova proposta, mesmo sendo inferior à primeira, ele logo aceitou. Como demonstravam falta de consideração, percebeu que esperavam exatamente isto, que ele deixasse o clube.
Quanto ao Sheik, alegaram apenas queda de produção. Não ouvi falar de outro motivo, mas pode haver.
Abs.
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