quarta-feira, 1 de agosto de 2012

NOVO ESTUDO COMPROVA: A DITADURA ASSASSINOU MAIS DE MIL

A carnificina no Araguaia continuaria
mesmo após o extermínio dos guerrilheiros
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República efetuou um estudo no sentido de definir com maior precisão quais os cidadãos brasileiros que foram assassinados pela ditadura militar.

O número geralmente admitido, de 426 mortos e desaparecidos políticos (o que dá no mesmo: desapareceram da face da Terra...), foi apurado quase que apenas no universo restrito de militantes pertencentes aos principais partidos e organizações de esquerda, sobre os quais se têm mais informações.

O novo estudo analisou os casos envolvendo outras 1.200 pessoas e confirmou que pelo menos a metade foi também morta.

São camponeses, sindicalistas, líderes rurais e religiosos, padres, advogados e ambientalistas assassinados nos grotões do País --a maioria na região amazônica. Todos os óbitos têm relação direta ou indireta com a repressão ditatorial.

O documento será encaminhado às comissões da Verdade e dos Mortos e Desaparecidos Políticos, às quais cabe dar a última palavra no assunto.

Se forem reconhecidos como vítimas da ditadura, seus pais, esposas e filhos poderão pleitear indenizações, décadas depois de terem sido privados dos seus entes queridos.

O autor do estudo é Gilney Viana, ex-preso político que coordena o projeto Direito à Memória e à Verdade.

O ATENTADO ERA CONTRA O BISPO;
MATARAM O PADRE POR ENGANO...

D. Casaldáliga estava jurado de
morte pelos carrascos do Araguaia...
Eis mais detalhes da boa matéria de Luca Ferraz, da sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília:
"O reconhecimento dessas vítimas é uma antiga reivindicação de organizações como Comissão Pastoral da Terra e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Muitos foram assassinados a mando de fazendeiros ou políticos que tinham ligações com o regime.

Um exemplo é o que ocorreu no sul do Pará e hoje norte do Tocantins após a Guerrilha do Araguaia (1972-1974), quando mateiros, camponeses e ativistas foram assassinados -muitos por ex-agentes e militares- sob o pretexto de 'limpeza' da área ou para apagar vestígios dos conflitos com os guerrilheiros do PC do B.

Alguns dos casos são emblemáticos, como a execução do advogado Paulo Fonteles, no Pará, em 1987. Envolvido em disputas de terras na região, sua morte contou com a participação de um ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Informações).
...que balearam o clérigo
errado: o padre Burnier.
Outro assassinato citado no estudo é o do padre João Bosco Burnier, em Mato Grosso, em outubro de 1976.
O autor do crime foi um policial militar que acertou a pessoa errada -o alvo era dom Pedro Casaldáliga, um dos principais expoentes da Teoria da Libertação na Igreja Católica e perseguido pelos militares, que estava ao lado de Burnier.

O estudo da Secretaria de Direitos Humanos não aborda a matança de índios na ditadura (alguns pesquisadores estimam mais de 2.000 vítimas indígenas), tema de uma outra investigação que organismos de direitos humanos querem levar para a Comissão da Verdade.

'São vítimas da repressão e da opressão', afirmou à Folha o frade dominicano Frei Betto sobre o estudo do governo federal: 'É uma lista até tímida perto do que a gente sabe que de fato aconteceu. E não só entre o povo do campo. Índios, por exemplo, foram exterminados na construção da Transamazônica'".

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