O repórter Lucas Ferraz, da sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília, antecipa que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça deverá nesta 3ª feira (22) indeferir a reparação e a reintegração à Marinha pleiteadas pelo antigo marinheiro de primeira classe José Anselmo dos Santos, com base em documentação secreta do serviço de inteligência da Aeronáutica, segundo a qual o (erroneamente chamado de) Cabo Anselmo já era informante antes mesmo da quartelada de 1964:
"Os papéis a que a Folha teve acesso integram processo de Cabo Anselmo na Comissão de Anistia... Os novos elementos reforçam a tendência de o pedido ser negado pelo governo".
Anselmo sempre alegou ter começado a colaborar com a repressão, armando ciladas nas quais os resistentes eram presos ou mortos, após ser preso em 1971 pelo delegado Sérgio Fleury, do Deops paulista. Já o PCB desde os anos 60 o vinha acusando de agente provocador.
"Os papéis a que a Folha teve acesso integram processo de Cabo Anselmo na Comissão de Anistia... Os novos elementos reforçam a tendência de o pedido ser negado pelo governo".
Anselmo sempre alegou ter começado a colaborar com a repressão, armando ciladas nas quais os resistentes eram presos ou mortos, após ser preso em 1971 pelo delegado Sérgio Fleury, do Deops paulista. Já o PCB desde os anos 60 o vinha acusando de agente provocador.
A Comissão está de posse não só do depoimento do ex-delegado Cecil Borer no sentido de que Anselmo era mesmo um infiltrado (ver aqui), como de papéis recebidos do Arquivo Nacional no mês passado, comprovando o que sempre se suspeitou: não passou de uma farsa a alegada fuga do marinheiro da delegacia carioca na qual estava detido em maio de 1966, pois ele foi simplesmente solto.
O MAIS NOTÓRIO "CACHORRO" DO FLEURY
Hoje
com 70 anos, Anselmo já tinha assegurado uma posição infame na História como o mais célebre dos militantes da luta armada que, presos, atuaram (segundo o jargão dos próprios órgãos de segurança) como cachorros da
repressão.
De acordo
com o amigo e protetor de Anselmo até hoje, o (antigo torturador) delegado Carlos Alberto Augusto, do 12º distrito de São Paulo, só no Deops/SP havia uns 50 deles.
Perdurava, contudo, uma dúvida: Anselmo mudara de lado em 1971--o que obrigaria a União a atender seu pleito, apesar das abominações que cometeu, tendo até se vangloriado de haver
causado a morte de "cem, duzentos" opositores da ditadura que o tinham como companheiro-- ou era, desde o início, um agente infiltrado? A Comissão de Anistia deverá decidir pela segunda opção.
Principal
agitador da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil
no período que antecedeu a quartelada de 1964, depois do golpe Anselmo
foi preso, escapou de forma inverossímil, passou vários anos foragido e
chegou a treinar guerrilha em Cuba.
De regresso ao
Brasil em 1970, militou na luta armada contra o regime militar, ao mesmo
tempo em que colaborava com a repressão da ditadura, desgraçando seus
companheiros.
Eis como Élio Gaspari relatou, em A Ditadura Escancarada, a mais lembrada de suas missões:
"A última operação de Anselmo, na primeira semana de janeiro de 1973, (...) resultou numa das maiores e mais cruéis chacinas da ditadura. Um combinado de oficiais do GTE e do DOPS paulista matou, no Recife, seis quadros da VPR. Capturados em pelo menos quatro lugares diferentes, apareceram numa pobre chácara da periferia. Lá, segundo a versão oficial, deu-se um tiroteio (...). Os mortos da VPR teriam disparado dezoito tiros, sem acertar um só. Receberam 26, catorze na cabeça. (...) A advogada Mércia de Albuquerque Ferreira viu os cadáveres no necrotério. Estavam brutalmente desfigurados".
Passou então a viver sob a
proteção dos órgãos de segurança, que lhe proveram remuneração e fachada
legal sob identidade falsa. De vez em quando, para aumentar os ganhos,
concedia entrevistas que foram publicadas com destaque na grande
imprensa e até viraram livros.
Vários dos ex-colegas de Anselmo na Armada já sustentavam que ele sempre serviu à comunidade de informações.
Primeiramente, porque ele tudo fez para radicalizar os movimentos dos
subalternos das Forças Armadas – fator decisivo para que a oficialidade, sentindo-se afrontada,
decidisse quebrar seu juramento de fidelidade à Constituição, passando
a apoiar os conspiradores.
Logo após o golpe, Anselmo
pediu asilo na embaixada mexicana. Mas, embora fosse uma das pessoas
mais procuradas do País, resolveu sair andando de lá, sem ser detido.
O HÓSPEDE SAÍRA E NÃO VOLTARA...
Algum
tempo depois foi preso, exibido como troféu pela ditadura... e logo
transferido para uma delegacia de bairro, na qual, diz Gaspari, “Anselmo
fazia serviços de telefonista, escrivão e assistente do único detetive
do lugar”.
A situação carcerária do ex-marujo, continua Gaspari, não cessou de melhorar:
“Com as regalias ampliadas, era-lhe permitido ir à cidade. Numa ocasião surpreendeu o ministro-conselheiro da embaixada do Chile, visitando-o no escritório e pedindo-lhe asilo. Quando o diplomata lhe perguntou o que fazia em liberdade, respondeu que tinha licença dos carcereiros. O chileno, estupefato, recusou-lhe o pedido”.
Finalmente,
sem nenhuma dificuldade, Anselmo deixou a cadeia em abril de 1966.
Nada houve que caracterizasse uma fuga: apenas constataram que o hóspede saíra e não voltara. Agora, comprovou-se a armação da qual sempre se suspeitou.
Jânio de Freitas assim comentou tal episódio:
"O compreensível ódio da oficialidade desacatada pelos marinheiros, logo na mais classista das forças militares, transmudou-se em represália feroz quando o golpe possibilitou a prisão da marujada rebelde. Masmorras e prisão nas piores condições em navios foram o destino comum dos apanhados. Não, porém, para o maior incitador da rebelião e das ameaças à oficialidade: Anselmo foi posto em um pequeno e pacato distrito policial na orla da floresta do Alto da Tijuca, sem vigilância especial, e disponível para seus visitantes. Em poucos dias, não precisou de mais do que sair pela porta para a liberdade. Os visitantes perderam a sua nos dias seguintes".
E foi mais longe o veterano jornalista, acrescentando uma informação não muito conhecida sobre Anselmo:
"Também por aquelas alturas, um cartunista jovem e já famoso foi solicitado a ajudar 'o caçado' Anselmo, arranjando-lhe um abrigo por alguns dias. O rapaz deu-lhe a chave de um apartamento. Em troca, recebeu os efeitos habituais da repressão, e mais tarde viveu anos de exílio na Suíça".Mas, de todas as ignomínias de Anselmo, nada se compara a haver causado a morte da companheira que engravidara (a Soledad Barret Viedma), tendo preferido propiciar o massacre de seis revolucionários do que salvar sua amante e a criança que ela concebia.
2 comentários:
Celso, esse puto já podia ter sido justiçado pela VPR uns 2 ou 3 anos antes da cilada do Recife. A ALN já tinha avisado a VPR e o informe não foi levado em consideração, e esse pústula continuou derrubando peças.
A Máscara
O Brasil classifica Calabar como traidor só por ficar contra a Coroa portuguesa,traidor de PORTUGAL diria.Agora ,esse lixo deveria ser ignorado pq isso não é gente, cometeu dos piores pecados a facada pelas costas .Fleury Paranhos,Romeu Tuma ,Médici são todos classificados como essa coisa aí.
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