quinta-feira, 10 de maio de 2012

COMO ERA ESPERADO

No discurso da vitória, Salvador Allende afirmou que para, a militância,
ele seria sempre o "companheiro presidente". E honrou o compromisso.
Como era esperado, a presidente Dilma Rousseff constituiu a Comissão da Verdade com os  notáveis  de sempre --aqueles que o sistema aceita como tais.

Como era esperado, vergou-se à pressão dos congressistas reacionários, que impuseram a condição de que nenhum antigo resistente integrasse o colegiado.

Como era esperado, os  compromissos da governabilidade  pesaram mais em sua decisão do que a coerência com a própria história de vida: quem sempre afirmou que os militantes se igualavam aos verdugos ("ambos cometeram excessos") é a pior direita que existe, a das  viúvas da ditadura.

Ao aceitar o veto aos que arriscaram tudo e tudo sofreram para combater o despotismo, como contrapartida à não participação de militares, Dilma endossou a posição dos Passarinhos e Ustras da vida. É lamentável. Fico triste por mim,  pelos companheiros que morreram  e pelos que nunca mais foram os mesmos depois do calvário nos porões; e envergonhado por ela.

Que me desculpe aquela que conheci em outubro de 1969 como Vanda, mas nunca mais a tratarei novamente por companheira presidente. Quem fez jus a tal distinção foi Salvador Allende, que morreu em nome dos seus princípios... revolucionários!

Para mim, doravante, será sempre Vossa Excelência, tal qual o José Sarney e o Fernando Collor, dentre outros ocupantes do Palácio do Planalto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Celso, discorra um pouquinho sobre esses 7 nomes aí. Qual a história deles?

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Pergunto: na Argentina a Comissão foi formada por militantes e parentes das vítimas? Respondo eu mesmo: Não! Não foi!
Por que o Brasil teria que inovar nesse aspecto? Quem acreditaria em uma Comissão investigativa formada pelas próprias vítimas e por seus parentes? Ninguém! Mais da metade da sociedade simplesmente não tem lado nessa questão, aceitaria as denúncias de parcialidade, em tal circunstância. Se é pra ser um tribunal parcial, de exceção, bota logo todo mundo no paredão e fuzila! Não precisa ser imparcial e nem justo ... (nesse caso).
Seria mais razoável esperar para ver o que a Comissão tenta fazer, antes de criticá-la e invectivar contra quem ajudou a criá-la, não acha? Parece aquele lance de carro na frente dos bois.

celsolungaretti disse...

Fala Sério,

assim como tivemos a coragem de lutar contra esses canalhas em condições de extrema desigualdade de forças, teríamos a dignidade de provar que, ao contrário deles, somos justos.

Não há como igualar quem sustenta uma tirania e quem resiste a uma tirania.

E não se tratava de um tribunal, mas sim de resgate histórico.

Eu fui, provavelmente, o primeiro a pregar algo como a Comissão da Verdade. E estou totalmente decepcionado.

Sou um homem antigo: acredito em moral e em atitude.

celsolungaretti disse...

Anônimo,

muitos outros escreverão sobre os membros. Como eu considerei o critério de escolha inadequado, considero antiético opinar sobre quem foi escolhido.

Desta vez ficarei devendo.

Abs.

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