sábado, 26 de novembro de 2011

A CAMINHO DA COMISSÃO DA VERDADE - 2

Três dias depois de divulgar o artigo Uma proposta para o acerto das contas do passado, com receptividade quase nenhuma, fiz uma última tentativa de levantar o tema, enviando uma mensagem à minha rede virtual e depois reforçando-a com o texto abaixo -- que acabou sendo a quarta postagem no recém-criado blogue Náufrago da Utopia.

Não adiantou, claro. Havia ainda um longo caminho a ser percorrido até que caísse para os companheiros a ficha de que a prioridade é conseguirmos que pelo menos a opinião pública e a História nos façam justiça, pois a justiça propriamente dita aqui não se fará.

Os assassinos, torturadores, estupradores e ocultadores de cadáveres morrerão todos impunes, ao contrário do que aconteceu nos países sérios (a frase atribuída a De Gaulle, mais uma vez, cai como uma luva...).

Enfim, como registro, republico o post Um violeiro só não faz verão, de 14/08/2008:
"O poeta Cacaso disse que 'moda de viola não dá luz a cego'. Mas, como violeiro dependente de palcos alheios para que minhas modas tragam alguma luz à nossa política tenebrosa, só me resta tentar despertar os cegos.

Meu artigo Uma proposta para o acerto das contas do passado foi ignorado por quase todos os sites e portais de esquerda, como tudo que não reitera caninamente a  linha justa.

Voltei à carga, reenviando-o hoje aos que deixaram de publicá-lo, juntamente com a mensagem abaixo. Sempre luto até o fim. E, se nem assim consigo vencer, fico com a consciência tranqüila, por ter feito tudo ao meu alcance para que o episódio tivesse um desfecho mais digno. Se eu fosse Jesus Cristo, faria milagres. Não sendo, só me resta esgrimir meus argumentos contra a cegueira alheia. E torcer.

*****

Prezados,

quando propus um pacote alternativo para a esquerda na questão da punição dos torturadores, três dias atrás, levei em conta a já evidente relutância do presidente Lula em respaldar a iniciativa do ministro Tarso Genro. Era óbvio que ele preferiria apaziguar os militares, como acabou fazendo.
 É igualmente óbvio que, sem o apoio do Executivo, jamais conseguiremos encarcerar os torturadores. Então, só nos restarão as ações declaratórias, de efeito puramente moral.
É claro que isso poderá mudar no próximo governo. Mas, até lá, mais  encarceráveis  terão morrido. E os restantes, com o pé na cova, disporão sempre dos infinitos recursos protelatórios da Justiça brasileira para escaparem à punição.
 Então, tanto faz, em termos práticos (punições), deixar que essa novela se arraste por anos ou dar-lhe um fim agora.
Eu estou propondo uma série de medidas que, pelo menos, nos garantiriam uma vitória moral muito mais expressiva do que aquela que poderemos conquistar nos tribunais, com as ações declaratórias. E se trata de um pacote que está dentro das atribuições de um ministro da Justiça, o que facilitaria os trâmites.

Peço-lhes, então, que me ajudem a colocar este artigo -- e, principalmente, a pauta de propostas que vem no final -- em circulação. É a alternativa ao que o Lula nos ofereceu ontem: um mero afago retórico, qualificando nossos mortos de 'heróis' (o que os colocaria ao lado dos usineiros, a quem o nosso presidente se referiu da mesmíssima forma...).

Se nos nega o direito de vermos finalmente feita justiça, que, pelo menos, o Governo Lula nos conceda o reconhecimento oficial do Estado brasileiro de que éramos nós as vítimas, exercendo o legítimo direito de resistência à tirania; e os militares, os algozes (além de golpistas cujo governo era ilegítimo).

Sairmos do episódio com menos do que isso será sairmos com as mãos abanando. Elogios oportunistas só satisfazem aos tolos.

Conto com vocês para tentarmos, ainda, reverter a situação.

Um forte abraço a todos!"

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