Teoricamente, o BNDES é uma empresa pública federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como objetivo apoiar empreendimentos capazes de contribuir para o desenvolvimento do Brasil.
De sua ação deveriam resultar a melhora da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.
De sua ação deveriam resultar a melhora da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.
Só que, conforme o bordão do Joelmir Beting, na prática a teoria é outra.
Eis que o BNDES, por meio de seu braço de investimento (BNDESPar), comprometeu-se a aportar R$ 3,91 bilhões (85% DO MONTANTE TOTAL DA TRANSAÇÃO!!!) para viabilizar a compra das operações do Carrefour no Brasil por parte do empresário Abílio Diniz.
A justificativa retórica é que a incorporação do Carrefour pelo Pão de Açúcar criará um "campeão nacional" do varejo supermercadista.
E daí? Desde quando o avanço da monopolização de um setor da economia conduz ao "desenvolvimento do Brasil", à "melhora da competitividade da economia brasileira" e à "elevação da qualidade de vida da sua população"?
Muito pelo contrário. Mal foi anunciado o negócio, os bem informados já cantaram a bola:
- perderão os fornecedores, que vão ter seu poder de barganha reduzido;
- perderão os consumidores, pois o gigante varejista imporá seus preços a bel prazer, sem a pressão de concorrentes à altura; e
- perderão os funcionários, pois muitas lojas serão fechadas e muitas atividades concentradas, daí resultando os inevitáveis passaralhos.
Quem ganhará? Os de sempre: os bilionários que comandam as empresas e os (geralmente) bilionários ou milionários que nelas investem. Previsivelmente, as ações do Pão de Açúcar valorizaram, de imediato, 12,6%.
Faz quase um século que Lênin já disse tudo (1):
"...o desenvolvimento do capitalismo chegou a um ponto tal que, ainda que a produção mercantil continue 'reinando' como antes, e seja considerada a base de toda a economia, na realidade encontra-se já minada e os lucros principais vão para os 'gênios' das maquinações financeiras. Estas maquinações e estas trapaças têm a sua base na socialização da produção, mas o imenso esforço da humanidade, que redundou nessa socialização, acaba beneficiando ... os especuladores".
Lembra, Dilma? Você, eu, todos os companheiros, o que nós queríamos era tirar dos ricos e dar para os pobres. Este belo sonho foi um dos motivos para termos assumido tantos riscos e sofrido tanto no início de nossa trajetória.
Será muito chato se você, na outra ponta da vida, comportar-se segundo o figurino do sistema, como Robin Hood às avessas...
- Imperialismo, fase superior do capitalismo, 1916
Um comentário:
Acho tudo correto desque as microempreass também tivessem subsidios
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