Como Pedro, a presidente eleita Dilma Rousseff poderá negar pela terceira vez os ideais pelos quais lutamos nos anos de chumbo.
A primeira foi ao reabilitar Antonio Palocci que, além de ter sido o ministro da Fazenda dos sonhos do Itaú e do Bradesco, passou com o rolo compressor do Estado em cima dos direitos de um coitadeza, fazendo exatamente o contrário do que os revolucionários devem fazer (defender os fracos dos abusos dos poderosos).
A segunda foi ao confirmar como ministro da Defesa o representante dos militares reacionários e dos interesses estadunidenses no seio do governo, Nelson Jobim.
A terceira será se sua intenção for mesmo a que lhe atribui esta notícia de O Estado de S. Paulo:
"Baía de Guanabara patrulhada pela Marinha. Envio de tropas e equipamentos militares para cercar e livrar outras comunidades fluminenses do tráfico e garantir investimentos sociais nesses lugares. Repetição da parceria entre polícias e Forças Armadas em outras capitais com problemas de segurança. O sucesso da invasão no Complexo do Alemão, no domingo, deixou a presidente eleita, Dilma Rousseff, entusiasmada e vai servir de modelo a novas ações em seu mandato...
...O tema foi debatido na noite de anteontem em Brasília durante reunião entre o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, a presidente eleita e o futuro ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Segundo o vice-governador, o modelo de parceria entre Exército e polícia deve nortear a política de segurança pública da presidente eleita..."
Até a grande imprensa critica o engajamento das Forças Armadas em situações não emergenciais, temendo o contágio pelo crime, seja com os militares se colocando a soldo dos criminosos, seja com eles substituindo-os depois de expulsá-los do mercado. Os dois fenômenos ocorreram com a PM e a polícia civil do RJ.
Na nossa visão de homens de esquerda, há mais um forte motivo para se rechaçar firmemente esta hipótese, o de que, ao envolverem-se com as questões sociais, os milicos tendem a tentar resolvê-las com os métodos característicos do seu ofício:
- tratando criminosos e mero suspeitos como inimigos a serem esmagados custe o que custar, mandando direitos humanos e direitos civis às favas e fazendo áreas habitadas de campos de batalha, sem a mínima consideração com os inocentes colhidos no fogo cruzado;
- começando a elocubrar soluções mais definitivas para o problema, o que geralmente desemboca em estado policial.
O século passado nos deixou e lição de que é bem mais fácil tirarmos os militares dos quartéis do que fazê-los voltar para eles.
Fico pasmo com a possibilidade de a companheira Dilma ter esquecido tal obviedade -- isto, repito, se o relato do Pezão, no qual o Estadão se baseou, for algo além da reiteração lobbista do desejo várias vezes expresso pelo patético governador Sérgio Cabral.
Torço para que não o seja, ou para que Dilma reconsidere.
Nós, os que sobrevivemos ao extermínio dos anos de chumbo, temos o compromisso de não relaxar a vigilância sobre os eternos golpistas, subestimando a possibilidade de um novo 1964.
Se o preço de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada for arriscarmo-nos a incubar o ovo da serpente, é melhor abrirmos mão do circo, concentrando-nos no dever maior dos revolucionários: garantir ao povo pão... e liberdade.
5 comentários:
Palocci, Jobim... Tá na hora da companheira Dilma se desvencilhar da influência lulista, ter mais personalidade, pensar com a própria cabeça... É preocupante o rumo que está tomando ainda na montagem da equipe de governo. Imagina quando começar pra valer, mesmo! Aproveito e informo que reproduzi no meu blogue seu post de ontem trocando em miúdos o artigo enfadonho sobre a crise no Rio e na mídia...
www.abraabocacidadao.blogspot.com
Tenho pensamento de esquerda e sou contra qualquer tipo de militarização. Agora, já ficou comprovado que a polícia militar, principalmente no Rio, não resolve o problema da entrada de armas de guerra no Estado. Sou a favor de usar as forças armadas para este tipo de combate. Não para patrulhar ruas.
Palocci e Jobim, nenhum dos dois servem nem para fazer ceva no Panema (como os ribeirinhos nativos chamam o rio Paranapanema).
Espero que não se confirmem as nomeações, pois seria uma imensa irresponsabilidade. Caramba, ela teve quase 56 milhões de votos, não precisa desses caras para se legitimar perante quem quer que seja, pelo contrário, a nomeação deles indica somente fraqueza, dando a senha para que tentem enquadrá-la.
Eu não vi esta importante Postagem , e resolvi postar no NOSSO blog.
Estou de acordo
infelizmente a coisa tá feia,
- Confirmado permanência do ministro X-9 - nelson jobim na defesa
- Confirmada saída do chanceler Amorim do MRE
Bem, as noticias vindas do governo de transição são hoje bem diferentes do que gostaríamos e do que Dilma e companheiros certamente planejaram para fazer 'o Brasil continuar a crescer'.
A confirmação do X-9 jobim no ministério da defesa e a saída de Amorim do MRE, para mim são pressões do opressores
Entendo que é HORA DE nos colocar CONTRA as deliberações que sabemos não serem do gosto e de ideais . Precisamos muitas vezes ser contra para dar condição do governo CONTINUAR A CRESCER sem ficar em risco de golpe e de manipulações da mídia.
Acredito que é preciso nesta hora, mas precisamos nos 'opor' , pressionar' e assim dar condições para reverterem este quadro de JOBIM ministro e AMORIM FORA. Presumo com facilidade que pode vir pior por aí.
acho que nossa 'critica' será a forma de Dilma descartar o que o império ,via mídia está nos impondo : a permanência do X-9 Ministro Jobim e a saída do maior Chanceler do mundo , ministro Celso Amorim. Pra mim A equipe está encurralada: ou isto ou criminalização e fragilidade com manipulações midiáticas golpistas.
Por isto creio que precisamos urgente nos manifestar contra e críticos.
Fizemos a diferença na campanha, haveremos de fazer agora.
A Luta companheiros, ela continua
Primeiramente, minha concordância com o comentário acima, quanto à montagem decepcionante do Ministério da Dilma.
A manutenção do Nelson Jobim é inqualificável. Não só pelo que está vindo agora à tona, como pelo papel que desempenhou no episódio da punição dos torturadores. Pareceu mais advogado da caserna do que ministro da Defesa.
Palocci dança conforme a dança. Pode ser que, como chefe da Casa Civil, não venha a ser capacho do grande capital como foi quando ministro da Fazenda. Mas, o abuso de autoridade que ele cometeu no episódio do caseiro foi repulsivo aos olhos de qualquer revolucionário de verdade. Reabilitá-lo é admitir que poderosos pisem nos coitadezas à vontade.
A derrubada do Amorim me parece uma concessão inadmissível às pressões direitistas. Ele é tão malvisto por eles quanto o Jobim o é por nós. Então, no mínimo, ou a Dilma deveria manter ambos ou trocar ambos.
Por último, um esclarecimento à Nanda e demais companheiros: tudo que está neste blogue pode ser reproduzido e repassado à vontade, com minhas bençãos.
E, se porventura eu não o tiver incluído nos espaços mistos de que também participo, pouco importa. Outra pessoa pode postá-lo nesses espaços, sem problema nenhum.
Às vezes me falta tempo, às vezes eu não vejo relevância maior no texto em questão. Mas, quem tiver outro entendimento, fique à vontade para publicar.
Um abraço a todos!
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