sexta-feira, 9 de julho de 2010

OS MILITANTES E O MUNDIAL DA ERA MÉDICI

O ano em que torci contra o Brasil na Copa do Mundo é o título de uma reportagem que trainees da Folha de S. Paulo fizeram com militantes de esquerda sobre suas lembranças da Copa do Mundo de 1970, no pior momento do terrorismo de estado em nosso país.

Foi disponibilizada na Folha.com, podendo ser acessada aqui. E há possibilidade de que seja também publicada na edição impressa, ainda nestes dois últimos dias da Copa.

Os depoimentos são de José Genoíno, que aproveitou a confusão criada em São Paulo pela chegada do voo dos tricampeões para embarcar de ônibus rumo ao Araguaia; de Lidia Guerlenda, que entrou na clandestinidade exatamente durante o Mundial; de Aldyr Garcia Schlee, o companheiro que criara, em 1953, o uniforme canarinho; e deste que vos escreve, relatando a experiência de haver passado a fase da Copa como prisioneiro no DOI-Codi/RJ.


Além do texto jornalístico, há vídeos com trechos das entrevistas que os quatro concedemos.


Os jovens repórteres (Aline Pellegrini, Anna Virginia Balloussier, Carolina Leal, Elton Bezerra, Guilherme Genestreti, Nádia Guerlenda Cabral e Thais Bilenky) estão de parabéns, fizeram um ótimo trabalho. Torço para que seja o início de uma carreira vitoriosa. 


Obs.: a pedido dos meninos, fui posar para fotos no Memorial da Resistência, bem no horário em que se disputava a semifinal da Copa 2010, entre Espanha e Alemanha.

Até então evitara visitar as celas do Memorial, por motivos óbvios.
Lembram ligeiramente as do 2º andar do DOI-Codi/RJ, só que as de lá eram mais claras, recebiam luz solar.

E, como era inevitável, aquele ambiente me evocou o companheiro de cela de 1970 que depois foi assassinado: o ex-major Joaquim Pires Cerveira (vítima da Operação Condor em 1974).

Uma imagem forte, impressa na minha memória: o velho combatente que jamais perdera a ternura, cantando seus sambas para animar os parceiros de infortúnio.


Respirei aliviado quando me vi de novo ao ar livre, mesmo naquele pedaço feio e decadente da cidade.

Curiosamente, no exato instante em que Puyol marcava o gol da Espanha, minha última esperança de vitória latina no Mundial da África.

2 comentários:

Alexander José de Freitas disse...

Sr. celso Lungaretti, porque não está enviando meu jornal diário, matutino, vespertino, noturno, "Naufrago da Utopia" via e-mail? Tirou meu nome da lista ou coisa assim? Já renovei a assinatura esse ano!

celsolungaretti disse...

Meu caro,

creio que o envio nesses anos todos já foi mais do que suficiente para os destinatários avaliarem se vale ou não a pena acompanhar meus textos.

Então, passei a fazer remessas apenas do que tem real importância e eu gostaria que as pessoas repassassem e/ou publicassem.

O restante é encontrado aqui.

Nos últimos dias, p. ex., não massifiquei nada. Você continua na lista, claro.

Abs.

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