sexta-feira, 9 de julho de 2010

REVOLUÇÃO DE 1932: GRANDE MOVIMENTO POPULAR, DE CUNHO LIBERTÁRIO

O homem que derrotou o Esquadrão da Morte, lenda viva da esquerda brasileira, Hélio Bicudo ressalta o caráter popular da Revolução Constitucionalista.

Hoje é dia de lembrarmos um dos episódios mais desmerecidos dentre as lutas pela liberdade no Brasil.

Como expliquei no meu artigo Uma ditadura é uma ditadura é uma ditadura, a historiografia de esquerda, então oscilando na órbita stalinista, não só minimizou a heróica greve anarquista de 1917, como reduziu a Revolução Constitucionalista de 1932 a uma mera reação oligárquica.

Omitiu, entretanto, que a oligarquia decadente tinha a seu lado estudantes e revoltosos movidos pelo ódio à tirania; e que a oligarquia ascendente seguia o figurino nazifascista, o que só viria a acentuar-se nos anos seguintes, culminando com a implantação do Estado Novo, em aliança com os integralistas de Plínio Salgado.

Daí ser mais do que oportuna a citação de alguns trechos de artigo do historiador Marco Antonio Villa, de quem já divergi frontalmente em outros assuntos, mas que está certíssimo neste texto-resumo das conclusões a que chegou no seu livro
1932: Imagens de uma Revolução:
"A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o maior conflito bélico da história brasileira do século 20.
"Foram mais de 100 mil homens combatendo. Estima-se que o Exército federal teve cerca de 55 mil homens nas frentes de batalha; os constitucionalistas, aproximadamente 30 mil soldados - dos quais 10 mil eram voluntários -, e mais de 30 mil das forças policiais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
"O ano de 1932 faz parte da luta pela liberdade e pela democracia. A questão central foi a convocação de Assembleia Constituinte e a realização de eleições livres (a Constituição de 1891 estava suspensa e inexistia o Poder Legislativo).
"Em país marcado pelo autoritarismo - e em uma década com fascismo, nazismo, stalinismo, franquismo etc. -, aqui em São Paulo foi gestada uma revolução, que, como destacou o jurista Hélio Bicudo, 'se constituiu no maior movimento popular de caráter democrático a que assistimos no Brasil'."

3 comentários:

Haroldo Mourão Cunha / São Gonçalo / RJ. disse...

"REVOLUÇÃO DE 1932: GRANDE MOVIMENTO POPULAR, DE CUNHO LIBERTÁRIO". Celso, essa lenga-lenga está parecendo uma tática do Goebles, repete-se mil vezes uma coisa, que ela acaba virando verdade. Com relação ao getulismo, nada a contestar.

celsolungaretti disse...

Companheiro,

meu papel não é reafirmar falácias, mas sim resgatar a verdade.

E a verdade é essa mesma: foi um movimento heterogêneo, envolvendo interesses contrariados mas também idealistas sinceros que resistiam a uma ditadura.

Tanto que foi desencadeado após o ASSASSINATO de cinco manifestantes pacíficos.

E teve maciça e inegável participação popular.

É hora de livrarmos a História do ranço ideológico da esquerda autoritária.

Já pensou se os EUA estimulassem a volta dos civis ao poder, dando um fim à ditadura de Médici, e este voltasse cinco anos depois, disputando eleição com uma plataforma nacionalista.

Seria o caso da esquerda aliar-se a ele contra os EUA? De esquecer tudo que aconteceu nos DOI-Codi's?

Foi mais ou menos o que houve com o Getúlio: para justificar a opção de 1950 atenuou-se o que ele fizera em 1930/45, o que implicou também diminuir o levante de 1932.

Comigo não, violão.

Haroldo Mourão Cunha / São Gonçalo / RJ. disse...

Celso, em primeiro lugar, peço-lhe desculpas por essa comparação imbecil de minha parte, você tem uma história muito bonita de luta para usar táticas nazistas. Ato falho em demasia, se me permite a redundância. Mas nada, em minha opinião, indica que os constitucionalistas de 32 eram, realmente, ideólogos da democracia real, aquela pregada por você mesmo. Gente como Ademar de Barros figuravam, ocultas ou não, entre os chamados constitucionalistas, gente que jamais cogitaram em mudanças democráticas na sociedade. Você está correto em não esquecer do Médici, ninguém (eu muito menos eu) o censurará por isso (e mesmo que censurem, que se denem, estou certo?), foi sua carne que ardeu nos porões da ditadura e essas marcas ficaram nela e em sua alma. O correto seria uma argentinização de nossa ditadura, ou seja, cobrar pelos crimes por eles cometidos. Isso vai acontecer? Não tenho a mínima esperança! Por isso, temos que tocar a bola para frente, jogar no terreno deles, nos infiltrar-mos nas suas trincheiras. Mudar algo de fora, você sentiu na pele, é extremamente difícil, quese impossível. Vamos desistir? Lógico que não! Terminando, jamais louvarei o getulismo, mas não posso, de forma alguma, justificar 32 como sendo um levante democrático por tentar restabelecer o statuo quo anterior, onde o cidadão comum não tinha o direito a quase nada. Como comentei em outro post, tinha uma avó que nasceu em 1910 e ainda lembro de seus relatos sobre a vida que ela levava. Era aterrador!

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