Como jogador, nunca passou de um carregador de piano, que transpirava para que os inspirados brilhassem.
Necessário, sim, mas sempre um coadjuvante; a cada triunfo em que a torcida só tinha olhos para os craques, uma frustração acumulada.
Aí, no malfadado Mundial de 1990, teve a desgraça de ser escolhido pelos torcedores como símbolo dos jogadores limitados que Maradona fulminou com seu único lampejo.
Havia muita maldade no apelido dado àquela campanha frustrada, Era Dunga. Eu mesmo sentia pena dele, pois não tinha culpa nenhuma de fazer parte de uma Seleção mal convocada e mal esquematizada por Sebastião Lazaroni.
Faltou o craque.
Faltou Neto, que estava no seu esplendor e, mesmo sem ser Maradona, poderia dar o toque de criação e imprevisibilidade que tanto faltou ao Brasil.
Foi impressionante a força moral com que Dunga se reergueu do verdadeiro massacre que sofreu por parte de torcedores & mídia.
Infelizmente, não soube transcender suas agruras: nunca mais deixou de ser um homem em guerra contra o resto do mundo.
O que lhe foi vital para superar aquela provação, passou a ser um estorvo depois que deu a volta por cima.
Tosco é o adjetivo mais repetido nos textos escritos a seu respeito por quem sabe das coisas. Não só os bons jornalistas (que os há, sim!), como também Tostão, craque da bola e do teclado.
E, por ser tosco e preconceituoso, não recorreu a um analista para libertar-se do peso dos traumas que amargou no passado. Deveria.
Então, ao ser pinçado para a função de treinador do Brasil por uma escolha estapafúrdia da CBF, conseguiu até sair-se bem durante as eliminatórias, quando convivia pouco com o grupo de jogadores. Boleiro geralmente se entende com outros boleiros.
Veio a Copa e suas idiossincrasias começaram a se revelar desastrosas.
O preconceito contra os descontraídos e os craques (geralmente as duas características vêm juntas) o fez preterir jogadores que eram verdadeiras unanimidades entre os que entendem de futebol: Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso, Roberto Carlos e Neymar.
Depois, impôs uma rigidez militar ao que deveria ser apenas e tão somente um grupo de esportistas, separando-os até das famílias.
Fez Robinho protagonizar um humilhante ato de arrependimento público.
Criou um totalmente desnecessário clima de guerra com a imprensa.
O resultado não se fez por esperar. Já na segunda partida, havia um jogador descontrolado em campo, pedindo para ser expulso. Justamente aquele que deveria ser o cérebro da equipe.
Para piorar, Dunga, em vez de comemorar a vitória e a classificação precoce, fez da coletiva da Fifa um acerto de contas pessoal.
Seguindo o mau exemplo do comandante, veio agora Kaká aprofundar o fosso entre jogadores e jornalistas, fazendo uma acusação irresponsável contra Juca Kfouri.
Não houve mesmo maldade nenhuma por parte do Juca, quando exaltou o sacrifício de Kaká, por estar jogando com fortes dores.
Foi até uma maneira de desculpá-lo pela insensatez da última partida, quando nos jogou para o topo do ranking dos países com mais jogadores expulsos em Copas do Mundo (ao lado da Argentina).
Um dos nossos profissionais mais experientes em psicologia esportiva adverte que os jogadores estão com os nervos à flor da pele, por conta da liderança negativa de Dunga. Sabe-se lá o que mais vai acontecer.
É preocupante, p. ex., que o habitualmente sereno Lúcio esteja toda hora se mandando para o ataque, em momentos da partida que ainda não justificam o desespero. Adversários mais categorizados saberiam aproveitar os espaços que ele deixa lá atrás.
"Tudo que é solido se desmancha no ar", disse Marx (o Karl mesmo!).
Tenho a desagradável sensação de que o Brasil começa a se desmanchar. Espero estar errado.
Havia muita maldade no apelido dado àquela campanha frustrada, Era Dunga. Eu mesmo sentia pena dele, pois não tinha culpa nenhuma de fazer parte de uma Seleção mal convocada e mal esquematizada por Sebastião Lazaroni.
Faltou o craque.
Faltou Neto, que estava no seu esplendor e, mesmo sem ser Maradona, poderia dar o toque de criação e imprevisibilidade que tanto faltou ao Brasil.
Foi impressionante a força moral com que Dunga se reergueu do verdadeiro massacre que sofreu por parte de torcedores & mídia.
Infelizmente, não soube transcender suas agruras: nunca mais deixou de ser um homem em guerra contra o resto do mundo.
O que lhe foi vital para superar aquela provação, passou a ser um estorvo depois que deu a volta por cima.
Tosco é o adjetivo mais repetido nos textos escritos a seu respeito por quem sabe das coisas. Não só os bons jornalistas (que os há, sim!), como também Tostão, craque da bola e do teclado.
E, por ser tosco e preconceituoso, não recorreu a um analista para libertar-se do peso dos traumas que amargou no passado. Deveria.
Então, ao ser pinçado para a função de treinador do Brasil por uma escolha estapafúrdia da CBF, conseguiu até sair-se bem durante as eliminatórias, quando convivia pouco com o grupo de jogadores. Boleiro geralmente se entende com outros boleiros.
Veio a Copa e suas idiossincrasias começaram a se revelar desastrosas.
O preconceito contra os descontraídos e os craques (geralmente as duas características vêm juntas) o fez preterir jogadores que eram verdadeiras unanimidades entre os que entendem de futebol: Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso, Roberto Carlos e Neymar.
Depois, impôs uma rigidez militar ao que deveria ser apenas e tão somente um grupo de esportistas, separando-os até das famílias.
Fez Robinho protagonizar um humilhante ato de arrependimento público.
Criou um totalmente desnecessário clima de guerra com a imprensa.
O resultado não se fez por esperar. Já na segunda partida, havia um jogador descontrolado em campo, pedindo para ser expulso. Justamente aquele que deveria ser o cérebro da equipe.
Para piorar, Dunga, em vez de comemorar a vitória e a classificação precoce, fez da coletiva da Fifa um acerto de contas pessoal.
Seguindo o mau exemplo do comandante, veio agora Kaká aprofundar o fosso entre jogadores e jornalistas, fazendo uma acusação irresponsável contra Juca Kfouri.
Não houve mesmo maldade nenhuma por parte do Juca, quando exaltou o sacrifício de Kaká, por estar jogando com fortes dores.
Foi até uma maneira de desculpá-lo pela insensatez da última partida, quando nos jogou para o topo do ranking dos países com mais jogadores expulsos em Copas do Mundo (ao lado da Argentina).
Um dos nossos profissionais mais experientes em psicologia esportiva adverte que os jogadores estão com os nervos à flor da pele, por conta da liderança negativa de Dunga. Sabe-se lá o que mais vai acontecer.
É preocupante, p. ex., que o habitualmente sereno Lúcio esteja toda hora se mandando para o ataque, em momentos da partida que ainda não justificam o desespero. Adversários mais categorizados saberiam aproveitar os espaços que ele deixa lá atrás.
"Tudo que é solido se desmancha no ar", disse Marx (o Karl mesmo!).
Tenho a desagradável sensação de que o Brasil começa a se desmanchar. Espero estar errado.
14 comentários:
Dunga é a Geni da vez. Lamentável.
Como eu disse, o Dunga é apenas o cara errado no lugar errado.
A culpa do fracasso será de quem o colocou lá, sem levar em conta sua inexperiência e falta de equilíbrio para lidar com certas situações.
Só espero que as coisas não acabem tão mal para nós como acabaram para a França, cujo técnico era um autoritário teimoso e pirracento igualzinho ao Dunga.
Um abração!
Sinceramente, essa tua nêura com o Dunga parece até coisa pessoal, coisa boba isso, se ele é turrão e ignorante com a imprensa, o que dizer do que tu escreve sobre ele?
Celso,tu não conhece a pessoa Dunga, na verdade acho que esquece que ele é um ser humano, creio que a grande maioria esquece isso, eu tive e tenho o prazer de poder conviver com ele, por ele ser vizinho e amigo do meu tio, pena ver que alguém tão inteligente e culto se dá ao ponto de escrever tantos absurdos quanto os que li aqui sobre o técnico da nossa seleção.
Nao acho que tu torça contra o desmanche da seleção, pelo contrário, acho que tu é um dos que torce pelo fracasso só para depois poder dizer "eu não disse?"...isso é pura picuinha, me desculpe.
Até política tu já misturou com futebol, só pra ti ver o absurdo que isso se tornou.
Já tá chato e já encheu.
Pelo jeito você é melhor como crítico de cinema do que como analista de futebol. rsrs
Vamos lá...
Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos: dois baladeiros que há muito jogam apenas com o nome e não têm, mais nenhum ambição séria com o futebol de onde já tiraram mais do que o suficiente para viverem como nababos por resto da vida.
Paulo Henrique Ganso e Neymar: Dois quase juvenis que mal conseguiram ganhar um paulistinha em coma do mais que modesto Santo André. E o Ganso foi operado em plena época da copa do mundo.
Dunga pode ser tosco e que mais vc quiser, mas só de ter acabado com aquela farra eterna em que se converteu a "concentração" e os "treinos" da seleção na copa passada - uma verdadeira palhaçada já merece o respeito de todos.
E os títulos que conquistou prova isso.
Ter acabado com os privilégios da dona Rede Globo que costuma mandar até nos presidentes deste país só o engrandece aos meus olhos, independente de ganhar ou não a copa do mundo.
Boa Celso,agora diz aí que o Escobar devia ser mais respeitado pelo muito que fez pelo Brasil e pelo Futebol.
Jamais o dunga tão minusculo poderia sequer olhar-lhe nos olhos.
Agora entendi, Lungareti.
Tu és o "cara" que assina os editoriais do globo.
Tu és o puxassaco do PiG.
Tome vergonha.
Não estas acostumado com gente de personalidade.
Tu gostas é de capachos.
Fala sério!! Quase não acredito que tenhas escrito isso ai em cima!. Não sou admirador da forma como Dunga arma a seleção ms indiscutivelmente vem vencendo todas. E não dando a menor bola para a Globo que sempre mandou em todas as seleções do Brasil. Basta lembrar o que fizeram na Alemanha em boates, nos treinos etc. Quanto aos jogadores... bem ele tem que levar em quem confia, em quem, no modo de ver dele, coresponde ao que pretende e a seleção até hoje tem sido vitoriosa. Ronaldinho Gaucho? Pelamordedeus não posso esquecer o cara que alem de não jogar nada na Alemanha quando da eliminação do Brasil voltou no mesmo dia a Barcelona e a noite , conforme o noticiaio, estav numa festa em uma boate! Depois só festa a ponto do Barcelona ter tanquilqmente dispensado o cara. Provavelmente o Dunga seja até mesmo reaça mas para a seleçõ é, no momento, o cara certo.
Ah, não, amigo, aí você está complicando a minha área.
Agradeço-te, sem palavras, duzentas valem, mas:
""Tudo que é solido se desmancha no ar", disse Marx (o Karl mesmo!)."
Essa, se foi uma sátira o teu estilo o mais forte, me caiu bem para lembrar que meus amigos físicos que disseram que o sólido, opostamente ao que você trouxe de Marx, só se desmancha na ausência do ar, na fuga do oxigênio, quero dizer. Karl Marx pregava o oposto da realidade, no assunto física, que fique claro. E, se não entendia de física, não podia mesmo estar certo, por melhor intencionado que tenha de fato sido, porque quem não entende de física pode não ter entendido bem a sociedade. E sou capitalista, sem dúvida.
Se foi uma ironia, para falar do Dunga, até reconheço, faço até minhas suas primeiras palavras, mas... vale sempre a máxima, e também me parece que é dele: "o importante é vencer".
E ... até agora, ao que me conste, é só o que tem feito.
Naty, meu problema com o Dunga é o mesmíssimo que eu tinha com o filme "Tropa de Elite": sou visceralmente contra tudo que reforce as posturas autoritárias em nossa sociedade.
Roberto, se você prefere os Júlios Baptistas da vida a esses quatro citados, é melhor trocar de esporte: o vale-tudo lhe cai melhor.
Ayrton, o Alex Escobar deve ser respeitado como qualquer profissional que esteja alugando sua força de trabalho para sobreviver. Se o Dunga fosse o machão que quer aparentar, brigaria com os patrões, não com os assalariados.
Derli, então, faça-me um favor: vá cobrar da Globo o que me deve. Esqueceram de pagar.
João, o Garrincha foi um engravidador serial das louras suécas em 1958. O Didi entrava em parafuso se não tomasse uma pinga de vez em quando. O que isso tem a ver com o futebol? Por que esse moralismo rançoso?
O Ronaldinho Gaúcho elevou o Barcelona às altura em que se encontra até hoje. E decidiu para o Brasil o jogo mais difícil da Copa de 2002.
É um gênio e um artista da bola, assim como Messi, Cruyff, Maradona, Platini, Falcão, Beckenbauer, Zico, Sócrates, Puskas, Di Stefano, Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos e alguns outros cujos lances maravilhosos serão para sempre lembrados.
Insisto: o verdadeiro troféu é o que marca o imaginário das gentes e não as taças nas prateleiras empoeiradas.
Marcos,
a frase do Marx se refere à sociedade, à aparente solidez do capitalismo e às contradições que o corroíam, preparando o seu desmanche.
Ele está conseguindo ter sobrevida muito mais longa do que Marx imaginava.
Só que, como disse Marcuse, sua capacidade de perdurar além da sua função histórica o torna terrivelmente nocivo para a humanidade.
Agora, é tão somente um agente de destruição. Uma força cega que conduz a espécie humana à extinção, caso ela não encontre forças para reagir.
Estou me referindo, evidentemente, à dilapidação criminosa das nossas fontes da vida, em nome do lucro. As alterações climáticas estão bem longe de ser inofensivas ou ameaça distante, como nos tentam fazer crer.
Um augúrio assustador é o de Engels: quando um estágio da estruturação da sociedade já cumpriu sua função histórica, mas mesmo assim sua superação é contida, sobrevém a barbárie.
Caso do Império Romano, que conseguiu deter a revolta dos gladiadores (os únicos que poderiam alçar aquela sociedade a um estágio superior de desenvolvimento, com a abolição da escravidão), para depois apodrecer por dentro, até ser devastado pelos bárbaros.
Esta função, agora, talvez venha a ser cumprida pela natureza e não por alguma coletividade humana.
Quanto ao "importante é vencer", é a máxima do capitalismo. Vitórias só têm valor quando íntegras.
Se você abdica do que tem de melhor e se iguala ao inimigo no que ele tem de pior, não foi você quem venceu, qualquer que seja o placar e o nome inscrito na taça. Foi ele.
Se não fosse o circo de 2006, Dunga não estaria na seleção. Foi exigido por parte da imprensa um técnico moralizador, com pulso forte. Infelizmente não estamos na década de 80, quanto jogadores de futebol eram pessoas que em sua maioria esconhiam o caminho do meio, casavam, mas davam suas escapadas, se concentram e eram profissionais e as vezes faziam suas farras. Hoje tudo mudou ou o cara se casa virgem e vive com a bíblia debaixo do braço ou se mete com traficante, vive na prosmicuidade total, caro Celso vivemos tempos maniqueistas.
O último comentário é válido em sua premissa, mas tira a conclusão errada.
Os jogadores se tornaram bebezões mimados pelo capitalismo? Correto.
Por isso, devem ser tratados a chicote? Errado.
Pois, primeiramente, não é a única maneira de lidar com o problema.
Maradona prefere a alegria, alegria à carranca. Uniu o grupo na camaradagem.
Foi comovente, p. ex., o júbilo do veterano Palermo, depois de fazer um gol totalmente inútil quando a Argentina já estava mais do que classificada em 1º lugar.
Lembra-se de Marx? O proletário, em determinadas condições, não passa de um bronco que vegeta. Noutras, pode se tornar um Goethe ou um Beethoven. Tudo depende das circunstâncias a ele oferecidas.
Podemos obter resultados apelando ao que de melhor os seres humanos têm dentro de si, ou ao pior.
Maradona apela ao melhor e obtém um futebol bonito e vencedor.
Dunga apela ao pior e obtém um futebol mesquinho (porque sem encanto) e que poderá se tornar perdedor em função do próprio descontrole que esse ambiente de caserna ou internato está gerando.
Depois, lembro mais uma vez: valores são mais importantes do que vitórias.
Se é preciso chicote para se conduzir os homens aos triunfos, isto vira lição para todas as outras esferas de nosso cotidiano, e muitos chicotes serão brandidos por aí.
Eu prefiro queimar todos os chicotes. Porque homens não são bestas.
Dunga é, antes de tudo, um ser humano, pai de família; tá correndo atrás do sustento da família. O cara não é um bom técnico, aliás, nunca foi técnico, mas e o puseram logo pra dirigir a seleção brasileira. Por quê? Para defender quais interesses? Dunga é apenas um empregado. Condemos os patrões, ora!!
Ué, eu disse várias vezes que a culpa de ele estar lá é da CBF...
Mas, infelizmente, o Brasil é campo fértil para o autoritarismo, vide a aprovação de tantos ao repulsivo "Tropa de Elite", que, no fundo, não passa de uma apologia implícita da tortura.
Então, temo a propagação de certos exemplos. E, mais ainda, fico perplexo quando pessoas de esquerda começam oportunisticamente a aprovar o que deveriam repudiar da forma mais cabal: delegados metidos a justiceiros, técnicos metidos a sargentões e que tais.
Por aí não se chega a lugar nenhum.
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