"O Foro de São Paulo, com a aprovação risonha do nosso partido governante, reivindica o poder ditatorial sobre todo o continente." (Olavo de Carvalho)
“Fique pois o leitor sabendo que os partidos de Lula, Kirschner, Chávez, Morales e tutti quanti não governam nada ou então não pertencem ao Foro de São Paulo, embora eles próprios digam o contrário em ambos os casos.” (OC)
"Quem crê ou tenta fazer os outros crerem que o populismo autoritário de Chávez determinará o destino de grandes nações como o Brasil e a Argentina, já foi além até das fantasias de 007. Isso está mais para O Rato Que Ruge, aquela ótima comédia com Peter Sellers." (CL)
Estas afirmações foram parte da longa polêmica que eu e Olavo de Carvalho travamos em setembro/novembro de 2007, cuja íntegra pode ser acessada aqui.
O estopim foi exatamente o alarmismo de OC ao apresentar o Foro de São Paulo como uma conspiração sinista para a implantação de uma constelação de ditaduras esquerdistas na América Latina, seguindo o figurino de Chávez.
Levei na galhofa e OC veio babando para cima de mim. Só que o contragolpe lhe tirou toda a vontade de lutar: arrastou-se no ringue por mais dois assaltos e saiu de fininho...
Desde então, o que se viu? Chávez tentou empurrar o Equador a uma guerra contra a Colômbia no início de 2008, mas Lula liderou a turma do deixa-disso e foi a sua posição que prevaleceu.
Nesta segunda-feira, novamente, Chavez tentou fazer com que a cúpula da União de Nações Sul-Americanas repudiasse o acordo militar Colômbia/EUA, Lula liderou a turma do deixa-disso e foi a sua posição que prevaleceu.
Nos dois casos, a Argentina concordou discretamente com os panos quentes.
Então, fica comprovado que não foi a capacidade de argumentação de cada um de nós que decidiu aquela polêmica, mas sim o fato de meu realismo político fazer muito mais sentido do que as teorias conspiratórias de OC.
As grandes nações continuam se comportando como grandes e as pequenas, como pequenas.
Lula pode discursar contra a violação do território equatoriano no ataque às Farc, a presença militar dos EUA na Colômbia e em nossos mares, o golpe de estado hondurenho, etc., mas, no frigir dos ovos, não apóia nem apoiará soluções armadas que possam resultar num aumento da influência de Chávez no nosso continente.
O cara sabe que, no jogo político que desenvolve, é-lhe mais vantajoso oscilar na órbita de Obama. O resto não passa de retórica, palavras ao vento.
Quanto à Argentina, preferirá ficar num confortável segundo plano enquanto Lula der conta do recado sozinho. Mas, se tiver de intervir, será para reforçar a posição de Lula.
Completando o cerco velado à Venezuela, os EUA, com suas bases e sua frota, emitem um óbvio recado: estão prontinhos para intervir caso, p. ex., Chávez vá às vias de fato contra Uribe.
Não vou entrar aqui em juízo de valores, pois outros já o fazem até demais. Apenas quis mostrar como o tabuleiro está armado.
E quão disparatados são os superestimam fatores ideológicos e subestimam os geopolíticos, ao projetarem as posturas que Brasil e Argentina assumirão.
2 comentários:
É, seu Celso...
Olavo de Carvalho é mesmo um profeta do apocalipse pra América Latina. Ou pensa que é.
Lembro que assim que comecei a militar no miovimento estudantil, um amigo meu que é do PSDB tentou me entupir de textos e podcasts desse cara, me alertando para a imensa "conspiração comunista para tomar o poder na américa Latina".
E eu me impressionava, acredita? Mas com o tempo fui percebendo que eram acusações tão caricatas que nem dei mais confiança pra esse amigo.
Vou dar umal ida na briga de vocês, fiquei bastante interessado. Teu blog tem sido um espaço de reflexões e pq não dizer de formação política até, para mim.
A propósito, fiz uma charge do Sarney e utilizei um texto teu lá, tudo bem? Se quiser comentar por lá fique á vontade.
Tem um email seu lá para eu responder ainda, vou fazê-lo em breve.
Parabéns pela postagem, seu Celso!
Abraço!!!
Sua argumentação é pobre. O fato de Lula etc. "jogarem panos quentes" na bravata chavista não significa nada além disso mesmo.
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