"May You stay forever young", disse Bob Dylan numa de suas belíssimas poesias cantadas. É como tento viver.
Não, claro, à maneira infantilizada de Michael Jackson, que, de tanto buscar refúgio ilusório na Terra do Nunca, acabou indo cedo demais para lá. Mas, nunca deixando definhar o espírito de aventura, a abertura para o lúdico e o coração de estudante. Vivendo sem me limitar.
É surpreendente quantas coisas conseguimos fazer quando não ficamos nos indagando se são ou não apropriadas para nossa idade.
Então, quando a prima Nádia, que é minha fiel cicerone pelos labirintos da tecnologia virtual, propôs-me colocar fotos no cabeçalho do blogue, foi como se eu tivesse recebido um brinquedo novo.
Passei uma hora agradabilíssima ponderando critérios, avaliando nomes e caçando imagens. O resultado está aí.
Não são minhas únicas inspirações, claro, mas boa parte das principais.
Entre outras coisas, servindo para reforçar um conceito que norteia meu trabalho: o de que a política, para um revolucionário, tem significado bem maior do que as ninharias reunidas sob tal retranca nos veículos de comunicação. É proposta de vida, de amor, de comunhão e perfazimento.
Se o verdadeiro fim de nossa existência é a busca da felicidade, cabe à política otimizar as possibilidades de sermos felizes, harmoniosos e plenos - ainda mais agora que a barreira da necessidade foi superada e o reino da liberdade está ao alcance de nossas mãos.
Basta mudarmos as prioridades, reorganizando nossa existência com base em outros fundamentos: a cooperação, em lugar da competição; o bem comum, ao invés do lucro; a solidariedade, substituindo a ganância; as oportunidades iguais para todos e não o privilégio de poucos.
Então, é com desalento que recebo críticas às vezes feitas a meu trabalho, de estar abordando temas que não são políticos em espaços políticos. Como podem pessoas jovens ter uma visão tão restritiva?
Tudo que eu escrevo é político no sentido maior do termo, já que sempre embute o inconformismo com o que é e a esperança de tornarmos o que vai ser bem melhor e mais digno.
Neste sentido maior do termos, todas as 26 figuras que selecionei para a galeria são políticas, embora bibliotecários as dispersassem por estantes diferentes.
Falemos rapidamente sobre elas.
Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para dividi-lo com os homens, foi acertadamente adotado pelos revolucionários como seu símbolo.
A luta quase sempre desigual que os justos travam contra os poderosos tem no gladiador Spartacus uma de suas figuras mais emblemáticas.
Thomas Morus foi um gigante: ensinou-nos a crer nas utopias e tentar concretizá-las, além de dar exemplo de dignidade e coragem diante do absolutismo.
Galileu Galilei, como tantos de nós, travou a nobre luta da razão contra a força, pagando o preço por estar certo contra as crenças e valores dominantes.
Zumbi dos Palmares encarna a luta e o orgulho de um povo sofrido e, mais do que isto, de um continente criminosamente saqueado e degradado pelos brancos "civilizados".
Só uma frase bastaria para garantir a imortalidade de Jean-Jacques Rousseau, notável inspirador da Revolução Francesa: "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe".
A ira sagrada de Henry David Thoreau é um farol para a humanidade. Sua "Desobediência Civil" continua até hoje nos inspirando na resistência às burocracias arrogantes e aos estados tirânicos.
O libertador Simon Bolivar apontou um caminho altaneiro para a América Latina.
Anita Garibaldi, "heroína dos dois mundos", inscreveu seu nome na História como mulher idealista, dedicada e corajosa, ao lado do grande Giuseppe Garibaldi.
O maior dos teóricos revolucionários, Karl Marx foi um verdadeiro divisor de águas na história da Humanidade.
Também marcou profundamente nossa época o principal pensador anarquista, Pierre-Joseph Proudhon. Hoje, só cínicos e obtusos colocam em dúvida a verdade que ele enunciou: "a propriedade é o roubo".
Filósofa e militante, Rosa Luxemburgo era a principal liderança revolucionária alemã em 1919, quando paramilitares a executaram bestialmente, antecipando os horrores do nazismo. Deixou uma frase imortal: "a verdade é revolucionária".
O profeta Léon Trotsky liderou os bolcheviques na conquista do poder em 1917, comandou o Exército Vermelho nas batalhas que asseguraram a sobrevivência da revolução e deu a vida para tentar impedir seu desvirtuamento sob Stalin.
Cientista político e militante cuja saúde definhou nos cárceres fascistas, Antonio Gramsci deu contribuição poderosa para a compreensão dos mecanismos da sociedade contemporânea e das possibilidades de atuação revolucionária.
Sigmund Freud, outro divisor de águas, não só desbravou o território do inconsciente, como foi além da mera adequação dos indivíduos a uma sociedade insana, desenvolvendo esforço titânico para tentar curar as doenças da própria civilização.
O Mahatma Gandhi foi um dos líderes mais singulares e impressionantes da História da humanidade, conseguindo libertar 250 milhões de indianos do jugo colonial à custa do estoicismo e da autoridade moral, sem o recurso à violência.
O poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca, artista superlativo, foi covardamente executado pelas bestas-feras do franquismo.
Principal teatrólogo de esquerda, autor de obra riquíssima, Bertold Brecht será lembrado também por uma das mais emblemáticas poesias do século passado, "Aos que virão depois de nós", sobre os revolucionários que fugiam do nazifascismo, "trocando mais de países que de sapatos, desesperados, quando só havia injustiça e não havia revolta".
Ernesto Che Guevara é fígura mítica do internacionalismo revolucionário no século passado.
Martin Luther King, grande defensor dos direitos civis nos EUA, conseguiu mover a História com seu sonho.
Depois de tantos presidentes se sujeitarem passivamente a ser depostos pelos gorilas latino-americanos, o chileno Salvador Allende deu exemplo de dignidade ímpar: recusou o avião oferecido pelos golpistas, preferindo morrer baleado em pleno Palácio do Governo, à frente dos colaboradores mais dedicados.
Principal influência dos estudantes revolucionários europeus nas jornadas de 1968, o filósofo Herbert Marcuse produziu análises acuradas sobre o papel da indústria cultural na perpetuação do capitalismo em países prósperos e os desafios colocados por essa manipulação cientificamente otimizada das consciências.
Símbolo da luta contra as duas ditaduras brasileiras do século passado, o dirigente revolucionário Carlos Marighella foi abatido pela repressão numa emboscada que fez lembrar os gangstêres estadunidenses.
Maior boxeador de todos os tempos, vencedor da luta do século contra George Foreman, o grande Muhammad Ali também foi campeão de cidadania, ao perder o título e comprometer a carreira em nome do seu repúdio à Guerra do Vietnã, recusando-se a dela participar como relações-públicas do intervencionismo militar.
Como um dos Beatles, John Lennon tem seu nome associado à grande revolução musical e de costumes da década de 1960. Depois, na carreira-solo, compôs uma das canções mais influentes e inspiradoras de todos os tempos, "Imagine".
Enfrentando o odioso regime segregacionista da África do Sul, Nelson Mandela passou boa parte da vida na prisão, mas sua perseverança acabou vitoriosa. Não só presidiu o país reconciliado, como se dedicou depois a inúmeras causas sociais e de direitos humanos.
É surpreendente quantas coisas conseguimos fazer quando não ficamos nos indagando se são ou não apropriadas para nossa idade.
Então, quando a prima Nádia, que é minha fiel cicerone pelos labirintos da tecnologia virtual, propôs-me colocar fotos no cabeçalho do blogue, foi como se eu tivesse recebido um brinquedo novo.
Passei uma hora agradabilíssima ponderando critérios, avaliando nomes e caçando imagens. O resultado está aí.
Não são minhas únicas inspirações, claro, mas boa parte das principais.
Entre outras coisas, servindo para reforçar um conceito que norteia meu trabalho: o de que a política, para um revolucionário, tem significado bem maior do que as ninharias reunidas sob tal retranca nos veículos de comunicação. É proposta de vida, de amor, de comunhão e perfazimento.
Se o verdadeiro fim de nossa existência é a busca da felicidade, cabe à política otimizar as possibilidades de sermos felizes, harmoniosos e plenos - ainda mais agora que a barreira da necessidade foi superada e o reino da liberdade está ao alcance de nossas mãos.
Basta mudarmos as prioridades, reorganizando nossa existência com base em outros fundamentos: a cooperação, em lugar da competição; o bem comum, ao invés do lucro; a solidariedade, substituindo a ganância; as oportunidades iguais para todos e não o privilégio de poucos.
Então, é com desalento que recebo críticas às vezes feitas a meu trabalho, de estar abordando temas que não são políticos em espaços políticos. Como podem pessoas jovens ter uma visão tão restritiva?
Tudo que eu escrevo é político no sentido maior do termo, já que sempre embute o inconformismo com o que é e a esperança de tornarmos o que vai ser bem melhor e mais digno.
Neste sentido maior do termos, todas as 26 figuras que selecionei para a galeria são políticas, embora bibliotecários as dispersassem por estantes diferentes.
Falemos rapidamente sobre elas.
Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para dividi-lo com os homens, foi acertadamente adotado pelos revolucionários como seu símbolo.
A luta quase sempre desigual que os justos travam contra os poderosos tem no gladiador Spartacus uma de suas figuras mais emblemáticas.
Thomas Morus foi um gigante: ensinou-nos a crer nas utopias e tentar concretizá-las, além de dar exemplo de dignidade e coragem diante do absolutismo.
Galileu Galilei, como tantos de nós, travou a nobre luta da razão contra a força, pagando o preço por estar certo contra as crenças e valores dominantes.
Zumbi dos Palmares encarna a luta e o orgulho de um povo sofrido e, mais do que isto, de um continente criminosamente saqueado e degradado pelos brancos "civilizados".
Só uma frase bastaria para garantir a imortalidade de Jean-Jacques Rousseau, notável inspirador da Revolução Francesa: "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe".
A ira sagrada de Henry David Thoreau é um farol para a humanidade. Sua "Desobediência Civil" continua até hoje nos inspirando na resistência às burocracias arrogantes e aos estados tirânicos.
O libertador Simon Bolivar apontou um caminho altaneiro para a América Latina.
Anita Garibaldi, "heroína dos dois mundos", inscreveu seu nome na História como mulher idealista, dedicada e corajosa, ao lado do grande Giuseppe Garibaldi.
O maior dos teóricos revolucionários, Karl Marx foi um verdadeiro divisor de águas na história da Humanidade.
Também marcou profundamente nossa época o principal pensador anarquista, Pierre-Joseph Proudhon. Hoje, só cínicos e obtusos colocam em dúvida a verdade que ele enunciou: "a propriedade é o roubo".
Filósofa e militante, Rosa Luxemburgo era a principal liderança revolucionária alemã em 1919, quando paramilitares a executaram bestialmente, antecipando os horrores do nazismo. Deixou uma frase imortal: "a verdade é revolucionária".
O profeta Léon Trotsky liderou os bolcheviques na conquista do poder em 1917, comandou o Exército Vermelho nas batalhas que asseguraram a sobrevivência da revolução e deu a vida para tentar impedir seu desvirtuamento sob Stalin.
Cientista político e militante cuja saúde definhou nos cárceres fascistas, Antonio Gramsci deu contribuição poderosa para a compreensão dos mecanismos da sociedade contemporânea e das possibilidades de atuação revolucionária.
Sigmund Freud, outro divisor de águas, não só desbravou o território do inconsciente, como foi além da mera adequação dos indivíduos a uma sociedade insana, desenvolvendo esforço titânico para tentar curar as doenças da própria civilização.
O Mahatma Gandhi foi um dos líderes mais singulares e impressionantes da História da humanidade, conseguindo libertar 250 milhões de indianos do jugo colonial à custa do estoicismo e da autoridade moral, sem o recurso à violência.
O poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca, artista superlativo, foi covardamente executado pelas bestas-feras do franquismo.
Principal teatrólogo de esquerda, autor de obra riquíssima, Bertold Brecht será lembrado também por uma das mais emblemáticas poesias do século passado, "Aos que virão depois de nós", sobre os revolucionários que fugiam do nazifascismo, "trocando mais de países que de sapatos, desesperados, quando só havia injustiça e não havia revolta".
Ernesto Che Guevara é fígura mítica do internacionalismo revolucionário no século passado.
Martin Luther King, grande defensor dos direitos civis nos EUA, conseguiu mover a História com seu sonho.
Depois de tantos presidentes se sujeitarem passivamente a ser depostos pelos gorilas latino-americanos, o chileno Salvador Allende deu exemplo de dignidade ímpar: recusou o avião oferecido pelos golpistas, preferindo morrer baleado em pleno Palácio do Governo, à frente dos colaboradores mais dedicados.
Principal influência dos estudantes revolucionários europeus nas jornadas de 1968, o filósofo Herbert Marcuse produziu análises acuradas sobre o papel da indústria cultural na perpetuação do capitalismo em países prósperos e os desafios colocados por essa manipulação cientificamente otimizada das consciências.
Símbolo da luta contra as duas ditaduras brasileiras do século passado, o dirigente revolucionário Carlos Marighella foi abatido pela repressão numa emboscada que fez lembrar os gangstêres estadunidenses.
Maior boxeador de todos os tempos, vencedor da luta do século contra George Foreman, o grande Muhammad Ali também foi campeão de cidadania, ao perder o título e comprometer a carreira em nome do seu repúdio à Guerra do Vietnã, recusando-se a dela participar como relações-públicas do intervencionismo militar.
Como um dos Beatles, John Lennon tem seu nome associado à grande revolução musical e de costumes da década de 1960. Depois, na carreira-solo, compôs uma das canções mais influentes e inspiradoras de todos os tempos, "Imagine".
Enfrentando o odioso regime segregacionista da África do Sul, Nelson Mandela passou boa parte da vida na prisão, mas sua perseverança acabou vitoriosa. Não só presidiu o país reconciliado, como se dedicou depois a inúmeras causas sociais e de direitos humanos.
4 comentários:
Henry David Thoreau ...foi este aqui que brincou de esconde esconde na hora que estava fazendo a colagem destes grandes seres!! Celso, meu primão!! MAGNÍFICO!!! MAGNÂNIMO!!! ESPETACULAR ESTE SEU TEXTO!! FUNDAMENTAL!! VITAL!! IMPRESCINDDÍIVEL!!!VOCÊ CONSEGUE SER POLÍTICO COM UMA BAITA CLASSE!! kkkk OLHE!!! SE AS PESSOAS ENTENDESSEM UM POUQUINHO QUE FOSSE SEUS EXEMPLOS!!!....MEU DEUS!!! que maravilha seria!!! AGRADEÇO PODER ESTAR A COOPERARMOS MUTUAMENTE!! e podendo estar a agir nos tempos da COOPERAÇÃO "blogueira"...e podendo exercitar a generosidade natural que graças!! vem do berço!!! e que antes nos chamavam de otários por sermos generosos!! ...bom... "A VERDADE É REVOLUCIONÁRIA!! concordo totalmente com a Rosa!!e com Rousseua... porque hoje posso voltar a ser como nasci!! kkk
VOCÊ NOS DEU UMA DAS MAIORES AULAS AQUI!!! agradeço mmmuuiiitttooooooo!!! Nadia Stabile (sua prima) 11/07/09
Um Bakunin e um Castoriadis iam bem...
Ahh, e que tal um Wilhelm Reich no lugar do Freud, hein? :)
Parabéns, Celso! Gostei das fotos, imagens sempre dão um respiro maior às palavras. Parabéns Nadia pela colaboração.
Aos outros eu diria que a questão não é julgar se caberia fulano ou siclano, se tiraríamos um ou outro do painel do Celso. Este é o universo dele e é um universo digno e válido coletivamente. Que cada um tenha a criatividade e autonomia de criar seu próprio, de reunir as raízes que dão sentido ao próprio pensamento.
Liberdade!
Um abraço
Adriana
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