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Darín é o promotor Strassera em Argentina, 1985 |
Porque não tivemos culhões para para resolver logo este assunto, ao contrário dos hermanos argentino. Eles não ficaram esperando a Justiça cair do céu:
— Raúl Alfonsin tomou posse em 10 de dezembro de 1983 como o primeiro presidente constitucional após a ditadura militar que durou de 1976 a 1983;
— em 13 de dezembro de 1983 assinou o decreto 158, que deu início ao processo judicial contra os criminosos dos porões do período ditatorial;;
— dois dias depois foi instituída a Conadep - Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas;
— o julgamento começou em 22 de abril de 1985 e as audiências duraram até agosto de 1985, tendo sido ouvidas 839 testemunhas em cerca de 530 horas de audiências até o dia 9 de dezembro de 1985, quando se deu o anúncio da sentença (quatro chefes militares foram absolvidos e cinco condenados);
— dentre os condenados estavam os principais responsáveis pelo terrorismo de estado, o presidente Jorge Rafael Videla e o almirante Emilio Massera, que comandara o pior centro de torturas argentino (ambos pegaram prisão perpétua com destituição das Forças Armadas).
Reparem que apenas dois anos após a posse de Alfonsin os carrascos mais poderosos já começavam a pagar por seus crimes.
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Massera (esq.) e Videla viram o sol nascer quadrado |
Houve resistência das viúvas da ditadura contra a determinação do governo de fazer cumprir a lei? Houve e o filmaço Argentina, 1985, de Santiago Mitre, dá uma boa ideia de como foi difícil superá-la
Um grande mérito do promotor Julio César Strassera, interpretado por Ricardo Darín, foi começar a apuração pelos maiores culpados, ao contrário do que fez nosso Supremo Tribunal Federal, dando tempo para os vencidos se reagruparem. Então, aqui estão esperneando como nunca e até traindo a pátria no desespero de safarem-se da prisão anunciada..
Argentina, 1985 pode ser visto no streaming da Prime Vídeo. Na linha, p. ex., dos clássicos de Costa-Gravas como Z e Desaparecido - Um grande mistério, vale muito a pena.
Felizardos são os argentinos, que podem orgulhar-se de como derrotaram os assassinos a soldo do poder, enquanto os filmes daqui, para nossa imensa vergonha, são exatamente o contrário, mostrando como os congêneres nacionais continuam impunes 40 anos após o fim da ditadura militar, tendo sido condenados apenas em ações civis, sem que nem um único deles cumprisse pena de prisão. (por Celso Lungaretti)
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