"E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia" (Apocalipse 13:1)
"E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a boca de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio"(Apocalipse 13:2)
"E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta" (Apocalipse 13:3)
"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão" (Apocalipse 13:11)
"E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada" (Apocalipse 13:12)
"Aqui está a sabedoria. Aquele que tem discernimento calcule o número da besta, pois é número de homem; e esse número é seiscentos e sessenta e seis". (Apocalipse, 13:18)
Ultimamente foi acrescentado um pitoresco complemento à profecia, qual seja a identificação das duas bestas: a primeira seria o Hitler e a segunda, o Trump. Besteirol ambíguo tem a vantagem de poder ser interpretado ao gosto do freguês.
Há, contudo, uma reminiscência de pouco mais de dois milênios atrás que me tira o sono. E não se trata de um produto da imaginação inflamada ou calculista, mas sim de um verdadeiro acontecimento histórico, datado de 10 de janeiro de 49a.C.
Foi quando o general Júlio César, reagindo às decisões do Senado romano contra ele, gritou A sorte está lançada!, atravessou o rubicão com suas tropas e tomou o poder.
É que, apesar das guerras civis, nenhum senhor da guerra ousara até então desafiar a proibição tradicional de transpor o riacho à frente de suas legiões e chegar ao coração do reino (e, em seguida, da república) para impor-se como o novo mandachuva.
Parafraseando a frase célebre dele sobre a conquista da Gália, César ousou, viu e venceu, inaugurando o ciclo dos imperadores.
Mas, era de esperar-se que mais dia, menos dia, alguém cederia à tentação de lançar a sorte, esperando dar-se bem.
Fico matutando que desde 9 de agosto de 1945 ninguém mais se atreveu a usar uma bomba atômica contra seu inimigo, pois as imagens dos horrores de Hiroshima e Nagasaki serviram para dissuadir até os mais empedernidos detentores dessas armas apocalípticas.
E, quando a primeira bomba atômica soviética foi testada com sucesso em 29 de agosto de 1949, um motivo ainda mais assustador para ninguém tentar a sorte foi acrescentado: o receio de que a explosão da primeira bomba provoque reação idêntica do inimigo ou de algum aliado seu, gerando uma escalada que acabe extinguindo a espécie humana.
Na célebre crise dos misseis cubanos, em 1962, chegou-se muito perto de derrubar a primeira pedra do dominó macabro. Mas John Kennedy e Nikita Kruschev, vendo abrir-se à frente deles o abismo que poderia tragar a humanidade, recuaram no enésimo momento. E nunca mais o risco foi tão grande.
Vai sê-lo agora? O Irã possuirá mesmo uma bomba atômica pronta para lançar contra Israel? Trump pretende mesmo cumprir a ameaça de assassinar à distância o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se o país não render-se incondicionalmente?
Só nos resta torcer para que o alarmismo supersticioso não passe mesmo de um disparate e Trump só tenha do anticristo o narcisismo exacerbado. E, por via das dúvidas, que tal dar três batidinhas na mesa? (por Celso Lungaretti)
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