domingo, 22 de junho de 2025

BOMBARDEIO DE TRUMP AO IRÃ: ACELERA-SE O CONFLITO GENERALIZADO


O
discurso farsesco de condenar os países agressores - usado pela mídia contra a Rússia quando de sua invasão à Ucrânia -, caiu por terra quando Israel atacou o Irã com a justificativa de impedir o desenvolvimento de armas nucleares por parte desse país. A mídia, os EUA e seus vassalos europeus, ao invés de condenarem veementemente o ataque ilegal, buscaram não apenas justificar, mas também incentivar novos ataques. O auge desse processo ocorreu na noite deste sábado, 21/06, quando o protótipo de ditador Donald Trump ordenou o bombardeio de instalações nucleares no país persa. Cinicamente, justificou seu ataque criminoso e temerário como sendo em prol da paz. 

Netanyahu aplica a solução final
em Gaza. 
A escalada da guerra no Oriente Médio vem após um ano e meio de massacre ao povo palestino, um extermínio a céu aberto promovido pelo estado terrorista de Israel, uma verdadeira solução final imposta a Gaza cujo objetivo é o controle total deste território e sua transformação em assentamentos israelenses. Netanyahu, o rosto horrendo do massacre, não satisfeito com suas ações ali, resolveu generalizar a guerra atacando seus vizinhos: ao norte contra o Líbano, vítima de uma invasão criminosa; ao sul contra o Iêmen, atacado rotineiramente com mísseis; e agora ao leste contra o Irã. Contra esse último, contudo, se deparou com um adversário militarmente poderoso e o revide foi pesado.

É difícil saber ao certo o impacto dos ataques iranianos contra Israel, pois desde 2023 o governo de Netanyahu impõe pesada censura contra a imprensa e contra a população sendo, por exemplo, proibido aos cidadãos postar vídeos de ataques nas redes sociais. Certamente o número de mortos por lá deve estar na casa de centenas e o domo de ferro, eficaz contra os foguetóides do Hamas, se mostrou ineficaz contra os mísseis balísticos iranianos. 
A escalada bélica segue o rastro da crise capitalista que provoca instabilidade política em nível global. De Moscou a Teerã, passando por Washington e Tel-aviv, a crise engolfa os governos e ameaça a estabilidade do poder burguês. Primeiro, a face de contestação aos governos de turno ruge nas ruas com manifestações e levantes, ou nas urnas, com derrotas eleitorais. Contudo, tal contestação governamental vai tomando uma face de contestação aos próprios regimes, evoluindo para potenciais situações revolucionárias. Para desafogar as pressões, os governos têm optado pelo caminho da guerra, seguindo uma receita tão antiga quanto o próprio capitalismo.
 
A guerra permite impor medidas de exceção, isolar os dissidentes, enviar trabalhadores para morrer nos campos de batalha e, sobretudo, manter a reprodução do capital através da economia voltada para a guerra. Em momento de crise aguda do capitalismo, é a saída burguesa para garantir a sua ditadura de classe

Pressionados internamente, 
uma guerra com Israel e EUA é
um movimento arriscado para os 
aiatolás.
Ao mesmo tempo, é uma ação arriscada, pois pode desencadear ainda mais instabilidade e abrir o caminho para uma ruptura revolucionária. Hoje, por exemplo, uma guerra generalizada no Oriente Médio significaria o aumento ainda maior da pressão inflacionária mundial, desencadeando um aprofundamento da instabilidade política. Por isso, Trump e Putin estavam cautelosos sobre o conflito, sendo que o primeiro relutava em entrar na guerra. Contudo, diante da devastação sofrida pelo estado colonial israelense, não teve outra alternativa senão intervir. Está agora nas mãos de Putin, pelo lado iraniano, evitar a escalada da guerra.

Aos aiatolás a guerra é também uma aposta. Por um lado, garante o alívio da pressão política interna, mas por outro lado pode levar à derrocada de seu poder. Igual aos demais países, o regime teocrático encontra-se fragilizado e uma guerra, com vitória ou derrota, poderia levar a um levante popular. Uma invasão estadunidense ao país persa certamente significaria o fim da ditadura teocrática, mas o início de uma longa e cruel guerra, com consequências muito piores que as provocadas pela guerra do Iraque. 

O melhor dos mundos seria a destruição mútua do regime islâmico de Teerã e do estado colonial israelense, pois a situação em Israel também caminha para um ponto insustentável após quase dois anos de guerra ininterrupta e um custo de vidas e de infraestrutura cada vez maior. A cada míssil iraniano que caí dos céus, a moral sionista desvanece um pouco mais. 

Para completar o quadro, não podemos nos esquecer que bem próximo a Irã e Israel outro conflito bélico se desenrola, desta vez entre duas potências abertamente nucleares:
Paquistão e Índia

Gradativamente, ou nem tanto, o capitalismo vai conduzindo o mundo para a guerra generalizada, única alternativa desse sistema bárbaro e desumano para solucionar a crise insolúvel que está em sua raiz. (por David Coelho) 

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