Quem acompanha minhas divagações leigas sobre os riscos de extermínio da espécie humana a partir da escalada do aquecimento global sabe que, há muito tempo, indago-me sobre qual o momento em que as maiores catástrofes se tornarão irreversíveis e nem mesmo a adoção das medidas mais drásticas conseguirão evitar que elas continuem ocorrendo.
Ou seja, sobre quando atingiremos o ponto de não-retorno.
Os scholars provavelmente desprezam tais elucubrações porque, afinal, sou um sem-PhD, portanto, aos olhos deles, um ninguém. Nem sequer levam em consideração o fato de que meus cenários futuros na política têm um índice de acertos muito acima do que se poderia qualificar de mera coincidência.
Mas, como não posso nascer de novo e aí sim acumular as certificações acadêmicas que me garantissem um mínimo de respeito para as minhas preocupações com o futuro de meus entes queridos (e, portanto, com o futuro da humanidade), continuarei invadindo a praia que fazem tamanha questão de manterem como propriedade exclusiva deles.
Alguns trechos bastarão para os leitores perceberem que estou totalmente certo ao alertar que, como há muito as previsões científicas sobre o aumento do aquecimento do planeta são ano a ano ultrapassadas pelos acontecimentos, temos mesmo de nos inquietar sobre quanto tempo nos resta para determos a marcha para o fim.
O apocalypse now pode estar muito mais próximo do que imaginamos. E não o do filme do Coppola, mas sim o real. (Celso Lungaretti)
.
..
"...a influência humana no aquecimento global é inequívoca. O aquecimento do planeta não é questionável, é um consenso.
O Acordo de Paris de 2015 estabeleceu metas para não deixar de modo algum o aumento da temperatura global ultrapassar 2°C até 2100 e, para tanto, seria essencial reduzir as emissões dos gases de efeito estufa em 70% até 2050 e zerar as emissões líquidas até 2100.
A COP21 também estabeleceu o limite de 1,5°C como meta a fim de minimizar maiores riscos e impactos do aquecimento global.
Em 2021, a COP26, em Glasgow, na Escócia, lançou metas muito mais ambiciosas. A ciência indicava que para não ultrapassarmos 1,5°C teríamos de reduzir as emissões em 43% em relação àquelas de 2019 e zerar as emissões líquidas até 2050. Entretanto, parece que algo bem diferente vem acontecendo.
O ano de 2024 foi o primeiro a violar o Acordo de Paris e as metas da COP26 ao superar o limite de 1,5°C, um limiar significativo em termos de impactos sociais, ambientais e econômicos.
Além dos recordes nas temperaturas nos continentes, tanto a temperatura global da superfície do mar (SST) quanto o conteúdo de calor oceânico (OHC) até 2.000 metros atingiram máximas sem precedentes no registro histórico. Os valores recordes de SST e OHC em 2024 indicam tendências inabaláveis de aquecimento global...
...uma vez ultrapassado determinado patamar de aquecimento, não há retorno a níveis inferiores no intervalo de 20 anos. As simulações mostram que isso também vale para o limite de 1,5°C...
...mesmo que a redução das emissões comece agora, é provável que a Terra continue superando o limite de 1,5°C. Sem uma mitigação climática muito rigorosa, o primeiro ano acima de 1,5°C ocorre dentro do período crítico de 20 anos, com consequências irreversíveis para o sistema terrestre em áreas-chave como biodiversidade, nível do mar e estoques de carbono..." (Carlos Nobre)
Um comentário:
Em 2018
Sistema Terra: uma forma integrada de estudar as mudanças ambientais e suas consequências
https://www.iea.usp.br/noticias/sistema-terra
Estudo sugere que dois terços do aquecimento global são causados pelos 10% mais ricos
https://www.theguardian.com/environment/2025/may/07/two-thirds-of-global-heating-caused-by-richest-study-suggests
e...
https://www.nature.com/articles/s41558-025-02325-x
https://www.theguardian.com/environment/2025/apr/03/climate-crisis-on-track-to-destroy-capitalism-warns-allianz-insurer
https://www.ihu.unisinos.br/646193-crise-climatica-nao-se-resolve-com-mais-capitalismo-entrevista-com-kohei-saito?utm_campaign=newsletter_ihu__21-11-2024&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
https://www.theguardian.com/wellness/2025/jan/30/how-reduce-environmental-footprint
Postar um comentário