O estadunidense Roger Corman, que acaba de morrer aos 98 anos, deve ser o recordista em citações no IMDb, a portentosa base de dados online sobre cinema, TV, música e games.
Seu nome é associado a 493 filmes como produtor ou produtor executivo, tendo dirigido 56 e sido ator coadjuvante em 46.
Conhecido como o rei do filme B, fazia brotarem como cogumelos produções baratas mas eficientes para completarem os programas duplos de cinemas do século passado (daí terem quase sempre duração ao redor de 80 minutos, enquanto a atração principal dificilmente ficava abaixo de 90'), bem como, depois, para ocuparem espaços entre a tralha que inundava as locadoras de VHS.
Orgia da Morte, o mais próximo que Corman chegou da direção autoral
Era, em suma, um pau pra toda obra, o que não o impediu de:
— legar pelo menos um filmaço (Orgia da Morte, 1964);
— fazer oito adaptações memoráveis de histórias de Edgar Allan Poe no período (1960-1964), tendo Vincent Price como protagonista; e
— produzir Corrida da Morte – Ano 2000, que virou um inesperado cult, dirigido por Paul Bartel e estrelado por David Carradine (Sylvester Stallone também participou).
Clique aqui para assistir no Youtube a Corrida da Morte – Ano 2000 |
Finalmente, merece ser lembrado um prodígio de improvisação de Corman em 1963, quando completou antes do tempo as filmagens do seu O corvo, com Boris Karloff, Vincent Price e Peter Lorre nos papéis principais e Jack Nicholson, aos 26 anos, interpretando um aprendiz de feiticeiro.
Tendo o cenário à sua disposição e Karloff sob contrato por mais dois dias, ele e os roteiristas atravessaram a noite criando a história de outro filme, estrelado pelo velho astro e com a ascensão de Nicholson a segundo do elenco. Todas as cenas com Karloff foram filmadas nesses dois dias.
O Corvo: veteranos ilustres no remake jocoso de um sucesso de 1935
O filme foi completado em partes durante uns três meses, com os atores restantes; a direção coube ora a Corman, ora ao amigo dele que estivesse disponível no momento (até mesmo o Francis Ford Coppola deu uma força!).
E não é que dessa colcha de retalhos resultou um filme perfeitamente assistível?! (por Celso Lungaretti)
Sombras do Terror: um improviso tão competente que ninguém percebe
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