sábado, 7 de outubro de 2023

BRASIL NO VESTIBULAR DA ONU

 


Brasil passou no vestibular da ONU?

Com as más notas tiradas nos últimos quatro anos, o Brasil seria certamente reprovado nesse vestibular da ONU com as piores notas! Porém, os exames ou sabatinas pelas quais passaram os representantes do Brasil na ONU, em Genebra, não são eliminatórios. O objetivo da ONU, sabendo que o aluno Brasil é fraco, indisciplinado e repetente, é o de questionar quais medidas estão sendo adotadas para melhorar suas notas.

O momento é propício, pois a vitória da oposição contra o governo de extrema-direita, reincidente a cada ano nos erros condenados pela comunidade internacional, abre perspectivas de mudanças. Em todo caso, uma boa avaliação do cumprimento pelo governo Lula do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais só será possível nesta mesma época, no último ano do seu mandato. 

Os resultados das atuais avaliações feitas, em Genebra, nos dias 27 e 28 de setembro por 18 peritos internacionais da ONU, durante as quais não faltaram duras críticas às precárias situações ainda existentes em setores diversos do Brasil, só serão conhecidos mais tarde.

Os povos originários continuam sendo 
massacrados no Brasil. 

Entretanto, e isso deve ter impressionado os examinadores, a delegação brasileira chefiada pela secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Rita Oliveira, acompanhada de associações e ativistas, chegou corrigindo e rabiscando os posicionamentos do governo Bolsonaro e mostrando os novos rumos fixados pelo presidente Lula. Porém, nem tudo quanto foi denunciado pela ONU o Brasil poderá solucionar até fins de 2026.

As exigências dos examinadores perpassa vários aspectos, as quais o novo governo deverá responder com afinco. 

O exame ao qual foram submetidos os representantes do novo governo brasileiro, após nove meses de mandato do presidente Lula, mereceu um atento resumo, publicado pelo Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU.

Foram bem recebidas as primeiras iniciativas planificadas pelo novo governo e a criação de novas instâncias dedicadas às mulheres e à população negra.

As críticas vieram logo a seguir sobre o desmatamento da Amazônia, a exploração mineira ilegal e a violação dos direitos à terra dos povos originários que ali vivem. 

Durante o governo Bolsonaro houve assassinatos de índios, centenas de invasões de áreas indígenas e a desativação da FUNAI.

Os técnicos da ONU criticaram a insegurança jurídica em que vivem os indígenas, diante do avanço de grileiros, garimpeiros e do agronegócio. Foi mesmo lembrado o assassinato de Maria Bernardete Pacífico, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia, agora cobiçado por agentes imobiliários.

A morte de Maria Bernardete Pacífico foi 
lembrada.
 

Foram mencionados também os assassinatos, ataques e ameaças aos defensores dos direitos humanos, ocorridos já no primeiro semestre do governo Lula.

A seguir, vieram as críticas ligadas ao vasto setor de exploração do trabalho informal, já constituindo 40% do mercado de emprego brasileiro. Enquanto choviam críticas sobre discriminação salarial, persistência da pobreza, das inegalidades econômicas e sobre os 10 milhões de jovens sem emprego. Alguém da equipe do Comitê aliviou a tensão existente durante os questionamentos e críticas, ao lembrar que o atual governo quer reverter as políticas regressivas adotadas por seus antecessores de 2016 a 2022.

Michael Windfuhr, relator do grupo de trabalho a cujo exame o Brasil foi submetido, enfatizou que a comunidade negra é também alvo de ataques nas terras ou quilombos que lhes pertencem. Por isso a necessidade de uma rápida entrega de títulos de propriedade às comunidades Quilombolas.

Foi lembrado o retorno do Brasil ao Mapa da fome do Programa Mundial de Alimentação, do qual tinha saído em 2014, havendo atualmente cerca de 64 milhões de pessoas vivendo a insegurança alimentar.

Outra técnica da ONU acentuou a existência, em certas regiões brasileiras, de uma precariedade nas infraestruturas escolares e indagou sobre o valor dos salários dos professores e sobre o total dos meios financeiros dedicados ao ensino.

Foram também mostradas preocupações com a população LGBT+, alvo de discriminação e violências, assim como o grande número de descendentes negros vivendo na miséria, inclusive mulheres sem acesso à saúde.

Outro tema levantado nessa sabatina foi a do uso de produtos químicos contra pragas e de fertilizantes na agricultura, lançados do alto por drones. Segundo denúncia apresentada, muitos cereais exportados para a Europa só são utilizados na alimentação de suínos, embora esses mesmos cereais sejam comercializados, sem qualquer controle, para o consumo pela população sem controle no Brasil.

Ou seja, há muitos desafios ao Brasil e caso esse queira passar no vestibular da ONU será preciso muito estudo e aplicação nos próximos anos. (por Rui Martins) 

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