quarta-feira, 9 de agosto de 2023

QUANDO 15 ANOS VÃO ALÉM DO TEMPO CRONOLÓGICO

Como a indústria cultural inculca em seus públicos 
uma obsessão pelo dinheiro acima da própria vida...

 
Há fatos importantes no itinerário histórico das sociedades nos quais ocorrem fatos que contribuem para o avanço das consciências coletivas sobre o conteúdo das próprias relações sociais dos seus protagonistas. 

Foi Karl Marx quem explicou como se dava o processo de acumulação da riqueza abstrata, capitalista, e sua negatividade intrínseca, decorrente da apropriação pelo capital de parte do tempo/valor do trabalho abstrato produtor do valor hipostasiado nas mercadorias, consagrando a tese inquestionável da extração de mais-valia capitalista.

Com isto, ficou evidenciada a injustiça social contida na apropriação indébita do processo de produção da riqueza abstrata sob tal critério, e sua famigerada preponderância sobre a propriedade da riqueza material.  

Assim, o escravismo feudal direto deixava de ser a forma de relação social predominante para dar lugar à escravização indireta do capital, na qual os trabalhadores abstratos são escravizados e submetidos à tirania de tal forma de relação social por serem destituídos de capital e somente terem a mercadoria força de trabalho para vender. Sujeitar-se a isto foi a opção que lhes restou para sobreviverem... miseravelmente! 

Dissecando tal processo, Marx acrescentou o que havia sido omitido por Adam Smith cerca de 100 anos antes: embora reconhecesse a exclusão dos majoritários contingentes humanos da apropriação da riqueza socialmente produzida, o pensador escocês a havia positivado como um mal necessário para a alavancagem do progresso.  
...além de estimular incessantemente o conservadorismo, o consumismo e a obediência... 
Coube a Marx a desmistificação desse suposto  
mal necessário, contrapondo que ele representa, isto sim, um mal a ser superado. Sua doutrina está cada vez mais atual, até porque é consistente na sua essência analítica. 

A descoberta de Marx transcende o tempo cronológico, tanto que continua sendo confirmada e o será ao longo dos milênios, por ter consistência cientifica, social e até matemática. 

É citando Marx que começo este artigo comemorativo 15º aniversário do blog Náufrago da Utopia, E o faço porque ele, nesse período de 15 anos, transcende o seu tempo cronológico; e para destacar a importância da busca cientificamente dissecada para a compreensão crítica daquilo que, com o seu uso, parece ser um dado ontológico da existência humana, mas que, na verdade, se constitui como um engodo capaz de obnubilar as consciências coletivas.  

O blog Naúfrago da Utopia nasce sob os auspícios de tal perspectiva e pressuposto, e pelas mãos de Celso Lungaretti, alguém que ousou um dia, ainda bastante jovem (tal como o personagem de Miguel de Cervantes) e num difícil momento histórico da vida brasileira, lutar contra  os moinhos de ventos da tirania, e permanecer nesta luta  por mais de cinco décadas.     
...cabe aos blogueiros de esquerda despertarem 
explorados e  iludidos dessa lavagem cerebral!



O poder da palavra escrita é poderoso, daí ter o nazismo queimado livros durante o processo racista e xenófobo que levou a humanidade ao genocídio que conhecemos. 

Graças à internet, hoje podemos difundir nossas visões  e criações contando com uma equipe pequena e reduzindo os custos financeiro a quase zero (os recursos para nos mantermos vivos e contributivos vamos buscar noutras atividades).  

Isso nos torna independentes da veiculação de propagandas de mercadorias, permitindo-nos dizer sempre aquilo que precisa ser dito, e sem subterfúgios. 

O blog é plural como deve ser um veículo independente, ainda que não concedamos espaços para pensamentos idiossincrásicos de direita, pois para isto a mesma internet já disponibiliza espaço tão amplo quanto ridículo.  

Esta é a essência do blog, que tem combatido o bom combate e permite a convivência da divergência entre seus próprios colaboradores, mas de uma maneira fraterna e sempre com o mesmo objetivo: emancipar a humanidade civilizadamente dos grilhões do escravismo e da segregação da qual é vítima, e que hoje corre o risco de desaparecer sub a tirania autofágica do capital.  

Parabéns ao Celso, por ter criado este veículo que tocou pessoalmente durante mais de 14 anos, até que, considerando-o capaz de caminhar pelas próprias pernas, foi desbravar novos horizontes, sem prejuízo dos textos que continua escrevendo sempre que julga necessários. Obrigado ao David Emanuel Coelho por, agora na condição de editor-chefe, manter o blog atuante e combativo. Obrigado ao Rui Martins, decano do jornalismo, pelas lúcidas intervenções e por seu companheirismo. 
Obrigado por o terem  mantido cada vez mais vivo e pertinente na busca dos seus objetivos explicitados e corroborados ao longo destes 15 anos, com certeza formando consciências capazes de proliferar até o dia em que a humanidade verá com tristeza os dias que se lhe antecederam tragicamente.  

Um abraço, Dalton Rosado  

2 comentários:

Anônimo disse...

Capitalismo e saúde mental: causa social, sofrimento privatizado
https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/350cadernosihuideias.pdf

Valmir disse...

vei do ceu...se tivesse contado isso aos petistas (para abandonar o amor ao dinheiro) o pais teria economizado mais de 700 bi...

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