Uma performance do músico Roger Waters, ex-membro do grupo Pink Floyd, tem causado polêmica nos últimos meses. Trata-se de performance feita por ele há décadas e que jamais havia causado qualquer problema anteriormente.
Em uma parte do seu show The Wall, Roger se veste com trajes semelhantes aos usados pelos nazistas. É uma forma de emular representantes de um regime totalitário que são denunciados durante o show, fazendo parte, inclusive, do clássico filme da banda lançado em 1982, inspirado no disco homônimo de 1979. O show aborda a opressão capitalista expressa mediante formas abusivas de controle que transformam o indivíduo em mais um tijolo no muro da sociedade, sem liberdade ou esperança.
Orwell explica como uma denúncia de 40 anos contra o fascismo vire apologia a ele. |
Incrivelmente, o referido ministro respondeu ao pedido discutindo a possibilidade de abrir processo investigativo contra o cantor por apologia ao nazismo, caso esse venha a usar suas tradicionais vestimentas. Resta saber se Dino também irá abrir investigação sempre que um filme, representação teatral ou simples apresentação escolar for feita com pessoas vestidas de nazistas. O ridículo do governo Lula e seu ministro podem chegar a este ponto! Pior, pois sabemos que os verdadeiros nazistas ocuparam o governo durante quatro anos, mataram milhares, seguem impunes e muitos ainda estão aninhados no Congresso, no Judiciário e mesmo no próprio governo federal, sem que o senhor Dino tenha disposição para mover um dedo contra eles, sendo muito mais fácil ameaçar cantores!
Mas o que poderia estar por detrás de tanta celeuma contra uma apresentação realizada de forma corriqueira e inquestionável nos últimos quarenta anos? Dois países, Israel e Ucrânia. Roger é costumeiro crítico das atrocidades cometidas pelo Estado de Israel contra os palestinos, o que lhe vale a pecha de persona non grata naquele país há muito tempo.
Não satisfeito em querer censurar as redes sociais, Dino também quer censurar cantores. |
Recentemente também trouxe a fúria do governo dos EUA, e logo de seus vassalos europeus, ao questionar o sacrossanto Zelensky e os interesses do Tio Sam em alimentar o conflito com a Rússia, escalando-o para uma possível guerra mundial. A fúria da plutocracia estadunidense aumentou quando ele também defendeu os direitos da China sobre Taiwan lembrando, corretamente, que pelo direito internacional, a ilha é considerada território chinês, fato reconhecido mesmo pelo governo estadunidense desde a década de 1970. Desde suas falas sobre a Ucrânia e sobre Tawain, a luz censora começou a acender contra o cantor, começando pelo próprio governo Alemão que desejava banir o show de Waters. Democracia é tudo.
Que a fúria censora chegue ao Brasil é apenas mais um sinal da época turbulenta vivida por nós. Que o governo Lula leve o pedido minimamente a sério é mais um sinal de seu fiasco.
Contra a censura e a perseguição política a Roger Waters, devemos defender o direito amplo à liberdade de expressão e à expressão artística! (por David Emanuel Coelho)
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