Lula deixou impressões digitais na artilharia contra Marina Silva. Com autorização do chefe, o Planalto deu aval ao Congresso para desidratar o Ministério do Meio Ambiente. Na briga pela exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o presidente ofereceu sobrevida a um projeto que a ministra trabalhava para enterrar.
O petista entrega alguns anéis de Marina para preservar outras áreas. Na negociação da medida provisória que muda a estrutura do governo, Lula aceitou que a Câmara tirasse da ministra a Agência Nacional de Águas e o Cadastro Ambiental Rural.
Sem força suficiente para enfrentar uma investida de deputados por mais influência no governo, o Planalto rifou parte do Ministério do Meio Ambiente. A capitulação foi assinada na segunda (22) durante um jantar do relator da MP com os ministros Alexandre Padilha e Rui Costa. Este último negociou a preservação de seu próprio poder da Casa Civil.
A cúpula do governo também atropelou o esforço de Marina para bloquear de vez a extração de petróleo no litoral norte. Lula deu uma segunda chance à Petrobras ao questionar os riscos ambientais e determinar que os estudos fossem refeitos.
Em Lula 2, o passado venceu. Lula 3 vai no mesmo caminho. |
A ministra reconheceu o golpe e denunciou o fogo amigo. Primeiro, comparou os planos da Petrobras a uma profanação. Depois, disse que tirar atribuições de seu ministério seria o mesmo que "implementar o governo Bolsonaro no governo Lula".
Na prática, Marina enfrenta uma guerra fria com o presidente. Lula prometeu à ministra influência sobre diversas áreas e extraiu dividendos da importância dada à agenda ambiental. Agora, ele usa batalhas internas para emitir sinais de que Marina não tem autoridade absoluta. A ministra, em poucas palavras, usa como arma o perigo da saída precoce de um símbolo do governo. (por Bruno Boghossian na Folha de São Paulo)
COMENTÁRIO DO EDITOR: Já dizia um ditado: "se me enganam uma vez, vergonha para você. Se me enganam duas vezes, vergonha para mim".
Belo Monte: desastre total! |
Agora, a história se repete enquanto farsa, para não deixar de repetir o lugar comum, com Lula jogando Marina aos leões do latifúndio - eufemisticamente tratado pelo nome de Agronegócio - e dando sinais de que irá, mais uma vez, atropelar as decisões de órgãos ambientais para tirar petróleo na boca da Floresta Amazônica. Pior para o presidente, que, no auge de sua megalomania e narcisismo, ainda acredita ser o grande e inquestionável líder de 20 anos atrás e não um capenga anão cuja vitória eleitoral se deu na bacia das almas.
Marina hoje é um dos grandes escudos de Lula no exterior devido à áurea de defesa ambiental associada a ela. O outro é seu anteparo diante da extrema-direita tupiniquim, cujo enfraquecimento é de interesse dos neoliberais nos EUA e na Europa para fazer frente à suas próprias forças extremistas domésticas. Perdendo Marina, contudo, Lula 3 ficará sem um dos pilares, com um desgaste junto à opinião pública estrangeira irremediável.Mais uma vez Lula pode ser engolido por sua própria prepotência. (por David Emanuel Coelho)
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