O Credit Suisse é um tradicional banco europeu, fundado em 1856, com sede em Zurique, Suíça e possuindo ativos na ordem de 4,5 Trilhões de reais. Para se ter ideia da magnitude disto, basta lembrarmos que o PIB brasileiro é da ordem de 7,5 Trilhões de reais. Ou seja, este banco sozinho possuí praticamente o mesmo tamanho da economia brasileira e seu tombo, portanto, teria efeitos tsunâmicos ao redor do planeta.
Não à toa, o governo da Suíça já está em campanha para salva-lo da bancarrota, podendo injetar de imediato mais de 250 Bilhões de reais. Outras ajudas deverão vir na esteira, pois, como é de amplo conhecimento, o Estado possui por objetivo maior servir ao capital, modulando sua intervenção ou falta dela de acordo com as demandas capitalistas.
Durante um tempo, os governos ao redor do mundo tentaram desacelerar o ritmo da crise injetando dinheiro diretamente na economia, isto é, ampliando a liquidez. O excesso de moeda conseguiu atenuar os efeitos, mas não conteve um processo de resto determinado pela lei do valor, conforme já explicado aqui. A inflação, a crise imobiliária na China e problemas nas cadeias de abastecimento expressaram sintomaticamente que algo continuava a desandar.
Entre o fim do ano passado e o começo deste, as empresas de tecnologia (big techs) deram início a profundo processo de restruturação, demitindo em massa e revendo planos de investimento. Importante considerar serem tais empresas o carro chefe do capitalismo contemporâneo, apresentando inovações tecnológicas cujo impacto reverbera por toda a cadeia produtiva. O que era apenas um indicativo de algo mais grave, virou fato concreto esta semana com a falência do SVB , banco voltado exatamente para o financiamento do setor.
Agora, com o Credit Suisse e mais o possível resgate ao First Republic, dos EUA, fica mais nítido estarmos no começo de uma crise generalizada cujo tamanho e impacto poderá ser igual ao de 1929 ou até pior. O capitalismo está à beira da concordata.
Em épocas assim, tudo pode acontecer. Abre-se um horizonte inexistente antes e que pode nos levar a um contexto revolucionário. Mas pode também nos conduzir a situações de ascensão das forças mais reacionárias. A única certeza possível é da perda de todas as certezas, pois o mundo desmanchará no ar e tudo ficará suspenso no vazio. Cabe a nós, através de nossas mobilizações, agirmos para levar nossa sociedade a um destino melhor, pois a realidade atual já tem a sua sepultura preparada. (por David Emanuel Coelho)
3 comentários:
Esse sistema é insustentável.
Depois da crise de 1929 veio a 2a guerra mundial.
Não quero nem imaginar o que está por vir.
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A imagem do pobre nos filmes de Pasolini
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