O BOZO NÃO SÓ FICARÁ INELEGÍVEL, COMO SUA PRISÃO CONTINUA SENDO POSSÍVEL

O David Emanuel Coelho, que está desenvolvendo um primoroso trabalho como novo editor deste blog, alerta para fuxicos sobre uma possível armação que garantiria a impunidade criminal do maior matador de brasileiros de todos os tempos,

A inelegibilidade do palhaço sinistro é favas contadas, assim como sua definitiva irrelevância política nos anos que lhe restam. 

O Bozo e a modalidade tosca/demencial de fascismo conhecida como bolsonarismo só terão lugar doravante na lixeira da História (o que não impede a extrema-direita de eventualmente se rearticular e voltar ao poder sob nova direção). Isto é um óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues.  

Mas, o fujão que se fazia passar por machão vai para trás das grades ou não vai?

Como sempre, Lula não moverá uma palha neste sentido. Foi o que ele fez na década retrasada, quando sobreviventes das torturas do regime militar e as famílias dos exterminados pela repressão ditatorial clamavam pela punição das bestas-feras dos anos de chumbo.

Daquela vez, ele proibiu seus ministros de pregarem a revogação da estapafúrdia anistia política brasileira que igualou as vítimas a seus algozes, exortando-os a apontarem aos inconformados o caminho do Judiciário (como se este pudesse passar por cima da Lei de Anistia de 1979, que garantiu impunidade eterna àqueles criminosos hediondos!).

Consequência: nenhum torturador ou mandante de torturas cumpriu pena de prisão pelo rosário de atrocidades cometidas durante os 21 anos de arbítrio.

Do Congresso Nacional também se pode esperar o mesmíssimo comportamento das outras vezes, o de fingir que a encrenca não é com ele.

Então, a verdadeira e única chance de pelo menos o chefe da quadrilha receber o que merece, mofando na prisão até o fim de sua ignominiosa e parasitária existência, está nas mãos dos togados. Ousarão?

Já foi decidido que, agora sem mandato, o Trump dos trópicos deverá ser um réu comum, processado a partir das varas inferiores da Justiça, o que no Brasil significa uma enorme chance de prescrição quando tal réu tem grana para bancar os melhores defensores. Os recursos a instâncias superiores e as manobras protelatórias garantem.     

Mas, ainda se mantêm na esfera do Supremo Tribunal Federal o incrível golpe Bozoleone de 8 de janeiro e as centenas de milhares de brasileiros que Jair Bolsonaro condenou à morte ao sabotar premeditadamente o combate científico à pandemia de covid. Afora os esqueletos que ainda possam sair dos arquivos que deveriam ficar sob sigilo durante 100 anos mas já estão sendo expostos à luz do dia.

Vide, p. ex., esta notícia recente do Ricardo Kotscho, sobre algo que foi resgatado por jornalistas independentes, servindo-se da Lei de Acesso à Informação:

"Uma força-tarefa de repórteres montada pela Agência Pública está analisando as mais de 800 páginas das atas de 233 reuniões organizadas pelo Centro de Coordenação das Operações do Comitê de crise da Covid-19, comandado pelo general Braga Netto, então ministro da Casa Civil, entre março de 2020 e setembro de 2021.

Com base nas reportagens da Agência Pública, membros da CPI da Covid vão pedir ao Supremo Tribunal Federal a reabertura de algumas investigações que foram arquivadas pela PGR, mas só depois que o engavetador-geral Augusto Aras deixar o cargo, em setembro. 

Do incentivo ao tratamento precoce com cloroquina e outros remédios ineficazes ao abandono dos pacientes sem oxigênio em Manaus, está tudo documentado... 

 ...As atas das reuniões do comitê, uma das caixas pretas do governo Bolsonaro que começam a ser abertas, têm material suficiente não só para a reabertura da CPI da Covid como para a criação de outras frentes de investigação pelo novo governo".

Ou seja, mesmo que Lula novamente prefira não botar a mão em vespeiro e o Congresso Nacional tenha motivos para temer que vários de seus membros percam os respectivos mandatos caso a apuração das participações e omissões do 08.01 seja levada às últimas consequências, a pressão da opinião pública ainda poderá frustrar o acordão a que se referiu o David.

Mas, devido à morosidade da Justiça, a melhor aposta é a de que o sucessor de Aras como procurador-geral da República cumpra as obrigações do cargo, viabilizando processos na esfera do STF em que a culpa do miliciano celerado salta aos olhos e clama aos céus.

Isto, claro, se Lula em setembro indicar um PGR de verdade, não outro engavetador que sirva às conveniências políticas. Caso contrário, a prescrição generalizada se tornará uma certeza. (por Celso Lungaretti)