Desde junho de 2013 podemos afirmar consistentemente que o lulopetismo não passa de uma força reacionária.
Naquele momento, milhões de pessoas foram às ruas exigir transformações sociais para o Brasil.
Os trabalhadores massacrados nas metrópoles brasileiras pelo transporte público precário, saúde e educação defeituosas, bem como pela violência policial desembestada, decidiram reagir na maior rebelião popular da história brasileira.
A reação da burguesia brasileira foi visceral, com a criminalização dos atos na mídia e o massacre dos descontentes pelas forças repressivas. O petista Fernando Haddad, à época prefeito da cidade de São Paulo, e o governador tucano Geraldo Alckmin se uniram no ataque brutal aos manifestantes.
Era possível pensar que um partido supostamente de esquerda, dos trabalhadores, iria apoiar as lutas populares e agir para atender às suas reivindicações. Nada mais errado, contudo. A então presidente Dilma Rousseff, agiu de imediato para engrossar as forças repressivas, enviando tropas para os estados e colocando forças federais para espionar e perseguir manifestantes ao longo do país.
Não muito diferente seria a ação do próprio PT. Seus líderes e militantes fizeram de tudo para desmobilizar, criminalizar e estigmatizar os manifestantes, servindo-se de todo tipo de discurso falso e fantasioso, a ponto de inventarem que as manifestações eram financiadas pela CIA.
Um senador petista queria até mesmo incluir na lei antiterrorismo mecanismos para a perseguição explícita aos manifestantes. Embora isto não tenha sido levado a cabo, a lei foi aprovada por Dilma no rastro das manifestações, com o objetivo claro de reprimir os levantes populares.
Ora, tais reações aos protestos de junho de 2013 deixaram clara a lógica reacionária do lulopetismo. Ali ficou explícito o quanto o PT é um partido da ordem, contrário às lutas populares e inimigo visceral dos trabalhadores.
Diante da alternativa entre assumirem-se como favoráveis às transformações sociais ou permanecerem ao lado dos capitalistas, Lula e seu grupo escolheram a última opção, ingressando definitivamente na trincheira da burguesia.
O impeachment de Dilma em nada altera tal quadro, pois, como é fartamente demonstrado agora, o acontecido está sendo encarado pelo lulopetismo como simples acidente de rota, sendo aos golpistas (para usarmos a terminologia mistificadora dessa turma) tudo perdoado.
É sintomática a atual aliança de Alckimin com Lula, pois em 2013 foi justamente a implícita parceria PT/PSDB em São Paulo a responsável por alavancar o levante das massas, já que a dura repressão policial dela resultante chocou e indignou brasileiros de todos os quadrantes.
Hoje escancara-se o que já se suspeitava então: o antagonismo entre tucanos e petistas era muito mais na aparência, pois no essencial ambos estavam unidos na defesa do capitalismo e sua institucionalidade.
No quadro presente, a natureza reacionária do lulopetismo fica mais dramática, pois serve apenas para evitar a radicalização dos trabalhadores num contexto de grave crise capitalista. Lula foi tirado da cadeia pelos poderosos para arrefecer a insatisfação popular, pois eles sabem o quanto é possível um levante ainda maior e mais grave que o de 2013.
Colocando Lula na parada, ganham tempo para se reorganizarem após o fracasso retumbante do bolsonarismo e, com sorte, atravessarem o pior da crise com um amortecedor da ira popular.
Portanto, o lulopetismo é atualmente apenas uma forma de iludir as massas, para que se mantenha a passividade popular diante da possível eclosão revolucionária causada pela crise capitalista que se aprofunda a olhos vistos.
Lula e seus capachos conseguirão este objetivo? Os próximos anos, ou mesmo meses, dirão. (por David Emanuel Coelho)
Os protestos de 2013 inspiraram esta poesia do Celso
Lungaretti que Dalton Rosado adaptou para canção
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