Se o parlamento burguês não presta, pelo modo como se opera a falsidade representativa que lhe é outorgada e definida constitucionalmente, a ditadura que governa de armas em punho é muito mais nociva.
O poder político vertical corrompe; e sua continuidade corrompe muito mais.
O capitalismo cria suas distorções porque ele próprio é uma distorção social. O sistema de representação parlamentar, que está longe de representar fidedignamente os interesses de quem lhe outorgou representação, promove hoje, no Brasil e no mundo, uma disputa nociva de poder com o Executivo.
Tal disputa, com um olho no populismo barato que mascara as crises econômicas cíclicas (e agora cada vez mais curtas e profundas), torna os governantes reféns da capacidade legislativa de elaborar leis sobre orçamento público e, mais do que isto, de controlá-los.
Cada parlamentar, defendendo interesses empresariais e corporativos específicos, costuma não prestar contas ao seu eleitorado que não tem como aferir a dimensão dos danos causados pela atuação parlamentar de quem elegeu.
Nesse sentido, a verba do orçamento secreto parlamentar no Brasil (uma excrescência própria de um país cujo segmento político perdeu completamente o senso de compromisso social), significa apenas que cada parlamentar vai ter uma obra no seu nicho eleitoral, de onde vai retirar dividendos financeiros e votos.
Relevantes questões, referentes ao atendimento geral das demandas sociais e costumes, ficam obscurecidas numa geleia geral parlamentar, sem que o eleitor possa cobrar posicionamentos divergentes entre, de um lado, as atuações parlamentares e o seu pensamento; e, do outro, o interesse mais geral.
Os emancipacionistas, defensores da organização social de base, desejam a criação de um organismo que defina na comunidade as suas vontades, a qual deverá ser considerada no confronto com a vontade de outras comunidades, de modo a refletir uma vontade majoritária e passível de correção de rumos a qualquer momento.
É evidente que numa sociedade na qual a produção social seja voltada não para o lucro, mas para a satisfação das necessidades sociais, toda a legislação consolidada sobre a produção e distribuição dos bens indispensáveis ao consumo, será resultante de um interesse coletivo maior que beneficie a todos, e não apenas a grupos com poder econômico e político.
Segundo a dicionário, economia é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos homens visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida.
Não é, necessariamente, umas ciência social voltada para a administração financeira (esta é apenas uma espécie do gênero economia). A nossa economia tem natureza satisfativa das necessidades, e não do lucro.
Neste sentido, somos contra o parlamento burguês republicano justamente porque ele representa uma negação daquilo que se poderia constituir numa vontade social geral, representando apenas a consequência nefasta do capitalismo, uma lógica de relação social segregacionista e miserável.
Negar o parlamento e sua evidente decomposição moral e funcional, como o fazem todos os ditadores ávidos de substitui-lo autoritariamente, emprestando ares de legitimidade aos seus discursos, significa colocar peles de cordeiros encobrindo uma alcateia de lobos vorazes.
Negar o parlamento e sua evidente decomposição moral e funcional, querendo implantar um modelo de expressão direta da vontade popular condensada na vontade expressa por muitas comunidades, significa formatar uma evoluída alternativa de gerenciamento social popular, c0apaz de corrigir eventuais defeitos e incorreções que certamente surgirão.
Como dizia o conhecido filósofo Tim Maia: “tudo é tudo, e nada é nada”. (por Dalton Rosado)
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