BOLSONARO PREPARA
CONFUSÃO PARA 7 DE SETEMBRO
Era política, e não jurídica, a inspiração da liminar emitida pelo ministro do Supremo Kassio Nunes Marques para devolver o mandato ao deputado bolsonarista difusor de fake news Fernando Francischini.
Sepultado na 2ª Turma da Corte cinco dias depois de vir à luz no escurinho do gabinete de uma toga de estimação de Bolsonaro, o despacho esdrúxulo é utilizado pelo presidente como mote para convocar os seus devotos às ruas no 7 de setembro.
O presidente deseja reeditar, um mês antes das eleições de outubro, os atos antidemocráticos que eletrificaram a conjuntura no ano passado.
O novo 7 de setembro "já está sendo organizado", disse Bolsonaro em entrevista ao SBT. Servirá, segundo o presidente, para que o povo informe de que lado está.
Consumado o restabelecimento da cassação de Francischini, um Bolsonaro fora de si usou evento oficial no Planalto para mostrar mais uma vez o que tem por dentro.
Defendeu Francischini, disse que fake news não é crime, desqualificou o sistema eleitoral, pregou o fechamento de jornais, espinafrou os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, atual e futuro presidente do TSE.
De quebra, Bolsonaro proclamou-se uma espécie de presidente supremo, acima dos demais Poderes da República:
"Eu fui do tempo em que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo. Não sou mais".
Em todos os seus pronunciamentos, Bolsonaro faz uma defesa ardorosa da liberdade de expressão. Mas tudo o que se vê em cada fala do presidente é uma absoluta dificuldade de se exprimir.
O Brasil está sendo atacado por um governo desgovernado. Cada frase de Bolsonaro soa como um morteiro disparado contra o interesse nacional.
Segundo o Datafolha, Bolsonaro é o candidato mais rejeitado da temporada de 2022: 54% dos eleitores declaram que jamais votariam nele. É como se mais da metade do eleitorado enxergasse no voto uma arma a ser sacada do coldre na eleição de 2 de outubro como um gesto de legítima defesa.
Em desespero, Bolsonaro vai se consolidando como candidato favorito a eleger Lula como seu sucessor. (por Josias de Souza)
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