terça-feira, 3 de maio de 2022

IMAGINE UM MUNDO SEM FRONTEIRAS

Num dia de inspiração musical e sentimento de fraternidade humana, John Lennon criou uma das letras de músicas mais emblemáticas do sentimento transnacional da emancipação humana. 

Disse ele:  "Imagine que não existam países/ Não é difícil/ Nenhuma razão para matar ou morrer".

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia? A única resposta plausível é o propósito de aumentar seu poder nacional, que se consubstancia na pretensão de maior hegemonia de poderio econômico, centrado num Estado que regulamenta e protege o capital, dele se alimentando e nutrindo; trata-se da relação social capitalista one world

Atualmente, o capital é a expressão mais claramente definida da guerra; e a guerra, o mais bestial sintoma da irracionalidade que ainda domina as mentes humanas. 

O capital é assassino!

A etnia eslava, comum a russos e ucranianos, com laços históricos de culturas, costumes, idiomas e relações familiares, se vê trucidada numa demonstração de brutalidade fratricida criminosa. 

O capital é nacionalista!

O Estado nacional, como hoje conhecemos, foi criado pelo capital.

Assim o foi para que uma determinada região, orientada pelo impulso de acumulação do capital em seu benefício e em detrimento dos habitantes de outras paragens compradoras de mercadorias que não as produziam, e ainda unida sob um mesmo idioma e interesses mesquinhos dos seus habitantes, fechassem suas fronteiras e passassem a encarar os seus vizinhos, próximos ou distantes, como contingentes humanos a serem explorados.

Antes, as guerras de conquistas tiveram o Império Romano como o mais emblemático tipo de organização militar cuja única função era escravizar os povos derrotados por suas legiões. Os soldados romanos não produziam riquezas materiais; pilhavam-nas. 

Na Roma antiga, com seus cerca de 1 milhão de habitantes e códigos jurídicos opressores, havia cerca de 800 mil escravos, trazidos dos povos derrotados.

Hoje, na escravização pelo capital, o objeto da guerra é o controle do Estado nacional arrecadador de impostos e esfera de poder político militar que dá sustentação à relação social capitalista. A pilhagem se dá sob a forma de um padrão monetário qualquer, ainda que o poder militar esteja à espreita. 

Quando eu digo que a guerra da Ucrânia é mais monetária do que belicista, estou afirmando que o móvel dos ataques militares genocidas, tanto pelo ar (os mais covardes!) como por terra, são apenas a forma cruelmente exposta pela televisão e celulares de algo que, paradoxalmente, parece tão natural e ontológico à vida humana: a relação social capitalista. 

Assim, sequer notamos que a guerra de agressão serve ao capital, embora apresentada como defesa interesses nacionais e outras balelas. Contudo, nada mais é do que a expressão mal acabada de algo que avilta a natureza humana: a negação de qualquer sentimento de solidariedade humana.

Esquecemo-nos de que foram a solidariedade e espírito gregário nos fizeram chegar até aqui, enfrentando situações profundamente adversas como o clima, a ignorância científica e o enfrentamento de feras selvagens (mais numerosas e mais fortes do que eram os humanoides).

Mas, paradoxalmente, estamos invertendo a essência do ser humano. Ao invés de sermos solidários uns com os outros, tornamo-nos adversários de nós mesmos.

Competimos entre nós sob o destrutivo critério da meritocracia capitalista, pelo qual quem produz mais e melhor num mesmo espaço de tempo e lugar ganha mais (e produz mais capital acumulado nas mãos dos controlados controladores capitalistas). 

Assim, tornamo-nos constantemente adversários do nosso semelhante na busca pelo dinheiro, que se tornou objeto da grotesca adoração, funcionando em detrimento do homem que o criou.

Quando falou da relação social capitalista, estou me referindo ao fetichismo da mercadoria (metáfora por meio da qual Karl Marx designava a esquizofrenia humana capitalista) que domina a mente humana a ponto de ser usada para matar o próprio ser humano, e em circunstâncias que podem nos levar a uma hecatombe nuclear exterminadora da espécie humana. 

Não é por menos que hoje se fala tanto em padrão novo monetário internacional e em guerra nuclear.

Observamos hoje o maior fluxo migratório da história da humanidade. Seja nas Américas ou na Europa, os escravizados pelo capital de todo o mundo fogem da tirania em seus próprios países pobres, arriscando até suas vidas para entrarem nas nações detentoras da hegemonia capitalista. 
Os imigrantes buscam moradas nos países beneficiados pela lógica do capitalismo globalizado (mas só até certo ponto, porque até neles o capital já faz água) que os oprime, e estão morrendo no curso de suas fugas precárias ou sendo deportados, porque o conceito de cidadania somente prevalece para quem tem capital e pode comprar passagem de avião com passaporte e visto de entrada.   

Aliás, disse com razão o filósofo grego Sócrates que “o cidadão é o cadáver do homem”. Na sociedade cidadã do capital, o cidadão é explorado duplamente:
— pela extração de mais-valia; e
— pelo pagamento de impostos para a manutenção de uma estrutura estatal que o oprime (além de amiúde ser mandado para os campos de batalhas com a missão de matar seus semelhantes que sequer conhece e nunca lhe fizeram mal). 

Quando critico a guerra de agressão, não estou incluindo em tal crítica o direito à legítima defesa de si ou de outrem (como fazem os contingentes de voluntários estrangeiros que defendem os povos agredidos), justamente porque o direito natural considera como sagrado o direito de manutenção da vida, já que movido por um padrão moral elevado de busca de realização do ideal de justiça: o direito à vida. 

Os revolucionários que pegaram em armas no Brasil do AI-5 e foram tratados pela ditadura militar como terroristas, apenas revidavam ao terrorismo de Estado levado às últimas consequências  pelo poder totalitário a partir daquele 13 de dezembro de 1968, sob os aplausos de uma classe média que formava opinião e raciocinava pelo bolso.
Agora temos novas apologias ao terror de Estado e pela volta do AI-5, mesmo sem falso 
milagre econômico e num cenário dos mais desalentadores (estagflação, desemprego estrutural, queda do PIB, aumento da dívida pública com juros altos, crise entre os poderes institucionais, esquerda pusilânime, direita afoita, nacionalismo patriótico deslocado no tempo e espaço, etc., etc., etc.).  

Mas, voltando a Lennon, ele criticou também o capital quando pediu para que imaginássemos um mundo sem propriedade, no qual todos pudessem usufruir dos bens servíveis à satisfação das necessidades humanas de forma equitativa ("Imagine que não existam posses/ Eu me pergunto se você consegue/ Sem necessidade de ganância ou fome/ Uma irmandade dos homens/ Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo inteiro"). 

Sim, John Lennon, sei que alguém pode nos chamar de sonhadores por querermos e defendermos uma relação social definitivamente humana e na qual os humanos, agindo coletivamente, sem qualquer traço de esquizofrenia sobre o seu pensar, criem mecanismos horizontalizados de participação nos seus próprios destinos, errando e consertando; voltando a errar e voltando a consertar, mas sempre caminhando no sentido da sua própria evolução enquanto ser pensante. 

Nós não estamos sozinhos. Tudo contribui para que aflore uma consciência de unidade na diversidade do pensar, e que o mundo então seja uno. (por Dalton Rosado)
O emancipacionista Dalton dá sua visão sobre 
as fronteiras. Quem canta é o Gomes Brasil.

Um comentário:

SF disse...

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Os caras da fiduciária estão num córner. E faz tempo.
Agora a conta chegou e eles não tem como pagar.
Não há valor válido para dar um centavo de juros reais!
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A orquestra já toca no convés. O Titanic dos BC's naufraga. Não há mais como inflar esta ou criar uma nova bolha. Tudo que parecia sólido desmancha-se no ar.
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Em tempos de guerra se vê a validade da rede, das criptos e do "governo" descentralizado e inatacável dela resultante.
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Imagine o véio da Havan tentando impedir a isenção de 50 dólares na importação, conseguindo e não levando.
A rede de criptos continuará a fazer o comércio acontecer num mundo sem fronteiras.
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Imagine um casal e um ciclista lutando pela autossuficiência e pela agrofloresta em meio a um mar de pastos e "plantations" ter uma chance de dar certo graças ao Apoia.se.

"https://expandindomundos.com.br/apoiar"

O dinheiro é também recurso civilizatório e, para superá-lo, é necessário que tenhamos, enfim, uma moeda que cumpra o papel de intermediar as transações humanas com justiça.
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O mesmo tipo de sentimento que faz a maioria ser incapaz de doar (ao Expandindo Mundos, por exemplo) é 0 que move os desvios no uso do dinheiro.
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EGO!
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Expanda seu mundo interno.
Experimente o financiamento coletivo de projetos em que acredita.
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Não é poesia, é tecnologia.
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Teoria e Praxis.
Episteme sempre!
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