josias de souza
BOLSONARO QUER CONFUSÃO, BRASIL PRECISA
DE UM PRESIDENTE QUE PEGUE NO BATENTE
A agenda de Bolsonaro não combina com o drama do país. Num dia em que a prévia oficial da inflação atingiu o maior índice para um mês de abril em 27 anos, o presidente iniciou sua agenda reunindo-se com representantes do WhatsApp.
Fechou o expediente do Planalto num comício em que celebrou o deputado arruaceiro Daniel Silveira como herói da resistência, atacou ministros do Supremo Tribunal Federal e insinuou que as eleições de 2022 só serão limpas se as Forças Armadas recontarem os votos numa apuração paralela à da Justiça Eleitoral.
Um garoto que nasceu junto com o Plano Real em 1994, completa 27 primaveras neste ano de 2022 sem ter vivido sob sete moedas e uma superinflação. Precisa da ajuda dos mais velhos para compreender o significado de uma inflação que acumula alta de 12,03%, com a carestia da comida batendo em 15%.
Combinando-se a alta dos preços com a subida dos juros, o vaivém do câmbio, a paralisia econômica e o desemprego, chega-se a uma realidade que asfixia os brasileiros mais pobres.
Bolsonaro não está preocupado com o fato de um botijão de gás de cozinha custar 10% do salário mínimo. Com a geladeira do Alvorada abastecida com todos os alimentos que o déficit público pode comprar, a alta do preço do tomate –26% em abril, 117,5% em 12 meses– não tira o sono do presidente.
O que provoca insônia no presidente, segundo ele deixou escapar ao discursar na pajelança organizada pelas bancadas da bala e da Bíblia para cultuar Daniel Silveira, é a ameaça de prisão do filho Carlos Bolsonaro, enrolado no inquérito sobre fake news.
Movido a crises, Bolsonaro precisa inflar seus desastres porque, na batalha eleitoral, suas confusões abafam a rotina e confundem o eleitorado. O Brasil necessita de algo mais simples: um presidente que tenha disposição para pegar no batente de oito da manhã às seis da tarde.
Por mal dos pecados, a principal novidade na oposição é que Lula defende a piada com nordestino como solução para devolver a felicidade a um mundo que ele define como chato pra cacete. (por Josias de Souza)
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