O que nos serve de exemplo diz muito sobre o que somos.
Lula acaba de erigir a China em modelo a ser seguido pelo Brasil! Estamos feitos...
Eis o que Lula afirmou, em entrevista ao jornal chinês Guancho:
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"...os países ricos não estão habituados a fazer concessão para o desenvolvimento dos países mais pobres. Na reunião de Londres do G-20 eu fiz a proposta de que nós aproveitássemos a crise de consumo nos países ricos para fazer investimento nos países pobres, sobretudo nos países africanos, para que eles pudessem fazer desenvolvimento tecnológico, para que pudessem virar consumidores e para que pudessem reativar a economia do mundo.
Mas isso não foi possível. Nós tentamos mudar as regras do FMI, tentamos mudar as regras do Banco Mundial, e é muito difícil mudar, pois quem manda é a Europa e os Estados Unidos.
A elite financeira de nosso país tem muita ingerência na política e é preciso que a gente os enfrente, para mostrar que o Estado tem de ter um papel importante.
Por exemplo, a China só conseguiu combater o coronavírus com a rapidez que ela combateu porque tem um partido forte, porque tem um Estado forte, porque tem pulso, tem voz de comando, e nós não temos isso aqui no Brasil...".
O discurso de Lula é um deleite para a direita, que assim pode rotulá-lo como aspirante a ditador estatizante; e faz a alegria da esquerda keynesiana, que é capitalista e deseja um estado forte estatizante.
Nada doutrinariamente mais confuso do que os parágrafos acima reproduzidos. Trata-se de um pensar que mistura eleições burguesas de 2022 com uma ditadura de partido único sem eleições, incensando um governo que cala a voz dos dissidentes e que, embora se dizendo comunista, pratica o capitalismo mais selvagem do planeta!!!
Ou a China capitalista que se faz passar por comunista nunca leu Marx, ou o falsifica.
Prefiro ficar com a segunda hipótese, porque por lá tem gente que certamente conseguiu (mesmo que clandestinamente) obter algum exemplar dos Grundrisse ou d'O Capital.
Estes, pelo menos, têm como saber que aquele regime se constitui numa antítese do ideário preconizado pelo velho barbudo, qual seja:
— a emancipação do trabalhador pela via da sua própria superação enquanto tal; e
— o fim do móvel da escravizações dos trabalhadores, a forma-valor (dinheiro e mercadorias).
Os emancipacionista querem o fim do capitalismo, não a sua pretensamente benéfica exacerbação. Mas Lula apenas confirma sua conformidade ideológica com o capitalismo (o que já sabemos desde há muito), como se houvesse possibilidade de capitalismo bonzinho e produtor de riqueza equânime por todo o mundo a ser distribuída.
Ele não é ingênuo; é apenas um oportunista que quer se passar por bem intencionado...
Tanto se fala em trabalho escravo na China que é oportuno conhecermos
a história da escravidão, contada pelo Dalton e cantada pelo Gomes Brasil
2 comentários:
Sempre me pergunto o que vai ser dessa tal de esquerda quando esse mito findar. Faço sempre essa pergunta aos amigos e parentes petistas fundamentalistas. Tais pessoas acreditam veemente que os mitos são eternos. Também altamente angustiante é ouvir um membro de um diretório petista chamando Maduro de "companheiro" e aplaudindo as alianças com os "ex-golpistas".
E agora vemos que os dirigentes petistas sabiam muito bem que a principal responsável pelo impeachment tinha sido a própria Dilma, com sua política econômica desastrosa no primeiro mandato e seu pânico ao perceber o tamanho da encrenca, quando perdeu a cabeça e chamou um neoliberal de terceiro escalão para tentar consertar suas lambanças.
Como agora ela está atrapalhando o pacto com aquele a quem o PT caracterizava como um demônio, os grãos petistas e o próprio Lula estão dando sucessivas declarações e tomando sucessivas atitudes desfavoráveis a ela.
Antes, era a coitadinha que havia sucumbido a um golpe mefistofélico, agora ela foi derrubada "porque não era o Lula", já que este tinha mais habilidade e lidaria de outra forma com seu vice.
Dá nojo.
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