josias de souza
BOLSONARO ENTRA EM 2022 COM ESPINHO
DA RACHADINHA CRAVADO NO PÉ
Bolsonaro soube no final de 2018, antes de ser empossado presidente, que a rachadinha cairia sobre a cabeça do filho Flávio. Desde então, empurra o escândalo para baixo do tapete.
Com a ajuda do presidente, o primogênito Flávio Bolsonaro realizou nos tribunais superiores de Brasília os sonhos de todo réu: travou o processo e matou provas.
Juridicamente, Flávio esquiva-se da sentença condenatória. Politicamente, condenou-se junto com o pai ao convívio com a suspeição perpétua.
Amigo e ex-assessor de Bolsonaro na campanha de 2018, Waldir Ferraz declarou à revista Veja que a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do capitão, chefiou um esquema de rachadinha que incluía os gabinetes do próprio Bolsonaro, na Câmara; de Flávio, na Assembleia Legislativa do Rio; e do irmão Carlos, na Câmara municipal carioca.
Exceto pelo fato de ter saltado de lábios amigos, a entrevista não injetou novidades no drama do presidente.
Hoje, graças a investigações jornalísticas e do Ministério Público, já se sabe que Bolsonaro comanda uma organização familiar que explorou durante três décadas uma holding da rachadinha com sede no seu gabinete, em Brasília, e filiais nos mandatos dos filhos Flávio e Carlos no Rio.
Flávio tentou desqualificar a entrevista do amigo de seu pai. Mas a coisa foi gravada.
Bolsonaro se irrita quando lhe perguntam sobre a origem do dinheiro do dinheiro depositado pelo operador Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle. Chegou a manifestar o desejo de encher de porrada a boca de um repórter.
Há dois meses, disse que pretende participar de debates presidenciais, desde que não sejam abordados assuntos familiares. Trata-se de uma ilusão. Ou de um pretexto para a fuga.
A alternativa para Bolsonaro é: ou providencia argumentos melhores ou abandona a pose de 2018, quando tripudiava da corrupção alheia.
Se a entrevista do amigo Waldir serviu para alguma coisa foi para lembrar que Bolsonaro entrou em 2022 com o espinho da rachadinha cravado no pé. (por Josias de Souza)
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