segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

HÁ 6 ANOS, APÓS ALTERAR A LEI RESPECTIVA, DILMA FEZ DE BRIZOLA "HEROI DA PÁTRIA", MAS IGNOROU LAMARCA E MARIGHELLA

Jamais faltou a Brizola coragem para
arriscar a vida em defesa dos seus ideais...
Nesta semana se completam seis anos desde que a então presidente Dilma Rousseff sancionou lei incluindo no Livro dos Heróis da Patria o político Leonel Brizola que, quando era governador do RS, liderou a resistência ao golpe de estado tentado pela direita em agosto de 1961, aproveitando a renúncia de Jânio Quadros.

Infelizmente, a conspiração militar acabou sendo vitoriosa na oportunidade seguinte, dois anos e meio depois. Mas não por omissão do Brizola: ele bem que pretendeu confrontar os fascistas, só que o presidente João Goulart era de outra têmpera e preferiu escafeder-se com o rabo entre as pernas para o Uruguai, deixando o governo acéfalo.

Honraria merecidíssima, portanto. Brizola ficou em boa companhia, ao lado:
— de Anita Garibaldi, Chico Mendes, Frei Caneca, Tiradentes e Zumbi dos Palmares; 
— dos líderes da Conjuração Baiana, das Guerras Guaraníticas, da Insurreição Pernambucana de 1624-1654, da Revolução Acriana e da Revolução Federalista
— dos heróis da Revolução Pernambucana de 1817;
— e dos estudantes MMDC, mortos em praça pública pela ditadura de Getúlio Vargas.
...mas, sacrifício maior foi o de quem entregou a vida,
sendo 
executado como os comandantes Lamarca...
 

A lei sancionada por Dilma, oriunda de um projeto do seu governo, alterou também o prazo necessário, após sua morte, para que um cidadão possa ter o nome acrescentado a tal livro. Era de 50 anos, passou a ser de 10.

Este outro tipo de pedalada permitiu à Dilma antecipar em quase quatro décadas a homenagem ao seu maior ídolo, morto em 2004.

Já os comandantes Carlos Lamarca e Carlos Marighella –assassinados covardemente pela ditadura militar quando estavam sem a mínima possibilidade de reação, o primeiro combalido e já rendido, o segundo emboscado por tocaieiros– não mereceram de Dilma idêntico reconhecimento. No entanto, eles compõem, com Tiradentes, a trinca dos maiores heróis que este País já produziu.

O casuísmo da presidente pelo menos permitia que não precisássemos esperar 2019 nem 2021 para prestar-lhes o merecido tributo. Mas, como era previsível, após a falseta da Dilma faltou grandeza e/ou coragem para alguma liderança esquerdista influente erguer tal bandeira. 

Lancei sozinho a proposta e fiquei clamando no deserto. Ninguém mais ousou lutar para que isto acontecesse, nem ousou vencer a paúra que os verdes-olivas  ainda inspiravam.
...e Marighella, ambos alvos de saraivadas de balas
quando não tinham nenhuma possibilidade de reação

Por esta e outras, o impeachment de Dilma despertou tão pífia resistência por parte da esquerda. 

Difícil termos ânimo para salvar do defenestramento aquela que prometera solenemente (na campanha para reeleger-se, em 2014) impedir a imposição das reformas exigidas pela burguesia e depois correu a empossar um ministro da Economia neoliberal, dando-lhe carta branca para socar-nos o austericídio garganta adentro. 

E que sempre mandara às urtigas as outras tendências do campo da esquerda, fazendo da solidariedade revolucionária letra morta. 

Mereceu receber o mesmíssimo apoio que ofereceu aos manifestantes de junho de 2013 e do #NãoVaiTerCopa, ao cruzar os braços enquanto eles eram barbarizados pela direita. E merece estar no limbo atual. (por Celso Lungaretti)

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