domingo, 28 de novembro de 2021

O OLAVO DE CARVALHO ENTENDE QUE, PARA ESCAPAR DA POLÍCIA FEDERAL, A FILOSOFIA NÃO É TÃO EFICAZ...

Piores são os fracos que, na hora H, não
se mostram à altura de suas bravatas...
 
F
édon(*): Como estais, mestre?
Olavo: Muito doente, como sabeis, meu bom Fédon.
Fédon: É verdade que estais a pensar em tomar uma decisão drástica para evitar depor no inquérito que procura apurar a existência de uma milícia digital que tem como objetivo desacreditar a democracia e as instituições?
Olavo: É bem certo, Fédon. Fui intimado pela Polícia Federal, mas não tenciono comparecer.
Fédon: Tenho receio do que podereis fazer, mestre. Ireis beber cicuta, para libertar a alma do corpo?
Olavo: Não. Que ideia. Vira essa boca para lá, Fédon. Vou libertar o corpo do Brasil e a alma vai junto.
Fédon: Admirável. Como se dará essa extraordinária evasão, mestre? Por meio da filosofia?
Olavo: Não. Por meio de um carro que me levará ao Paraguai sem passar pela imigração e depois pegando um avião para Miami. A filosofia, neste caso, não seria tão eficaz.
Fédon: Ainda assim, denoto nessa atitude a influência do pensamento de filósofos como Descartes, Derrida e Sartre.
Olavo: Por que esses?
Fédon: Porque ireis sair à francesa.
Olavo: Ah. É verdade. Bem visto, Fédon.
Fédon: Não estais demasiado doente para fazer uma viagem de carro até ao Paraguai?
Olavo: Não. Estou demasiado doente para depor no inquérito. Para fazer viagens de carro de 18 horas estou bom. Não entendeis nada de saúde, Fédon.
Fédon: Tendes uma doença muito estranha, mestre. São as piores. Estou preocupado.
Olavo: Não há razão para preocupações, Fédon. Quando eu estiver na minha casa, nos Estados Unidos, poderemos continuar as nossas conversas por videoconferência.
Fédon: Ainda bem, mestre. Gostaria de aprofundar a sua teoria sobre a imortalidade da alma, que considero muito interessante. Afirmais que as nossas almas já existiam, antes de incarnarem em forma humana, e já eram dotadas de entendimento. É esse, se bem percebi, o conceito de reminiscência. Mas, após a morte do corpo, para onde vai a alma?
O
lavo
: Confesso que não sei, Fédon. Eu digo muitas coisas. Na verdade, no que toca a este tema do corpo e da alma, não posso fazer mais do que especular. O meu corpo funciona cada vez pior —e, como sabeis, já vendi a minha alma há muitos anos. (por Ricardo Araújo Pereira, humorista, autor do livro "Boca do Inferno")
* Nos Diálogos de Platão, Fédon de Elis é o aluno de Sócrates que relata para um discípulo de Pitágoras o que o mestre ensinou no seu derradeiro diálogo, antes da consumação do suicídio. 

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