sexta-feira, 22 de outubro de 2021

COMO A MISÉRIA NÃO É POR SI SÓ REVOLUCIONÁRIA, PRECISAMOS REINVENTAR A REVOLUÇÃO – 1

dalton rosado
A GRANDE RUPTURA
E
stamos numa encruzilhada do tempo, divididos entre continuarmos acreditando ou fingindo acreditar que podemos transformar substancialmente a vida social e ecológica por dentro do modelo atual (democrático burguês) ou adotarmos retrocessos consubstanciados em outros modelos menos solidários, próprios aos regimes de força, militarizados, disciplinadores, falsos moralistas, elitistas, como se estas fossem as únicas opções existentes..

Querem (os segmentos formadores de opinião) nos condicionar a acreditarmos que a nós não é permitido promovermos a grande e necessária ruptura de modo de produção atual (que nos últimos séculos tem sido igual na sua base constitutiva, diferindo cosmeticamente em modelos políticos mais ou menos abertos), por nós criado e ao qual obedecemos cegamente. 

Vivemos atualmente presos a um modelo social claramente obsoleto, sem que saibamos como dele nos desvencilhar. Algo assim como o criador se submetendo à criatura, ou seja, como um monstro de Frankenstein fugindo ao controle do cientista e precisando ser detido por uma força coletiva maior. 

Há uma quase unanimidade consensual no sentido de que o modo de produção capitalista seja algo ontológico, imutável, cuja necessidade seria tão óbvia quanto beber água para matar a sede.. 

Acredita-se, majoritariamente ou não, que a democracia burguesa é o melhor antídoto contra o totalitarismo político. É a política do medo. Fingimos que o ruim é bom por medo de péssimo no qual está inserida uma grande dose de covarde hipocrisia.   

A recente história das revoluções demonstrou muito bem como fracassam as mudanças político-governamentais quando não vão ao âmago da questão (a superação das categorias capitalistas). 

A única diferença do capitalismo burguês liberal clássico para o capitalismo de Estado é a forma política de governo e o nome do explorador:
— no primeiro caso, o capitalista privado e seu aparelho de Estado mantenedor da ordem burguesa; e,
— no segundo, a nomenklatura que monopoliza o poder sob o capitalismo de Estado.. 

Em ambos, os gerenciamentos verticalizados obedecem à lógica funcional do sujeito automático da forma-valor, que tem na sua própria valorização contínua o seu modo inarredável de ser. Consequentemente, tanto a União Soviética como a China terminaram por sucumbir à lógica de mercado, tão cara ao modo de produção capitalista.

E não poderia ser de outra forma, pois do stalinismo e do maoísmo não havia motivo para esperarmos outra coisa senão o extermínio dos verdadeiros revolucionários e o avassalamento à necessária expansão capitalista contínua sem a qual a forma-valor não sobrevive (mas que, paradoxalmente, é a razão de sua ruína no longo prazo, como agora ocorre). 

A ordem capitalista tem agora medo da falência da China ao invés de desejá-la, justamente porque, com a economia globalizada na relação de créditos monetários e da dinâmica da produção de mercadorias, qualquer resfriado pode se transformar numa gripe epidêmica e letal. 
Assim Alain Tanner simbolizou a esperança, no cult Jonas, que terá 25 anos no ano 2000: uma
nova geração atando os fios soltos de todos os idealistas que se dispersaram no pós-1968
 
 
Somente os oportunistas políticos defensores dos regimes totalitários reverberam como mantra o risco do chamado
comunismo e comunistas, que terminou por servir de exemplo antagônico da concepção e visão emancipacionista de mundo, como se a Rússia, China, Cuba, Coreia do Norte, etc., traduzissem o ideal de emancipação humana. 

Os totalitários stalinistas, maoístas, nazistas, integralistas, boçalnaristas, putinistas, maduristas, fidelistas, juntamente com os sociais-democratas lulistas, alberto-fernandistas, peronistas, joe-bidenistas, sanchez-pedristas, angela-merkelistas e o diabo que os parta, são todos espécies políticas de um mesmo gênero: o modo de produção capitalista!

A direção política sob o capital termina sempre por convergir para a obediência cega aos seus pressupostos ditatoriais, de vez que, em nome da idolatria ao dito cujo, sacrificam-se seres humanos para garantir sua preservação. 
O argumento tão repetido de que a sensibilidade humanista social-democrata seria algo diferente dos regimes totalitários, é (mesmo 
havendo uma diferença quantitativa no volume de força que ambos empregam para esmagar os respectivos cidadãos por eles subjugados) qualitativamente falsa, posto que ambos terminam sempre por oprimir o povo mediante a supressão de direitos, as primeiras vítimas a sucumbirem quando a economia entra em depressão.

Morrer sob um pelotão de fuzilamento nazista ou de fome num país que se declare democrata burguês e explorado pelo capitalismo, é morte do mesmo jeito, independentemente da intensidade do sofrimento de uma ou do outra forma. 

Vivemos no Brasil sob um regime democrático em que pese as tentativas boçalnarianas de golpe. A importância do Brasil no cenário mundial e a consciência institucional e popular majoritária impediram que se consumassem as intenções golpistas de ultradireita e as falácias de salvação política de quem sempre se anunciou como político totalitário. 

Boçalnaro, o ignaro não enganou ninguém sobre seus propósitos, ainda que tenha sobrevivido eleitoralmente graças à sua ausência ao debate político-eleitoral após uma facada meio mandrake.

Mas o adeus às ilusões está se aproximando. (por Dalton Rosado continua neste post)
Mais um fruto da parceria criativa entre o compositor Dalton Rosado
e o intérprete Gomes Brasil. Nenhum deles, vale ressaltar, propõe
uso de coquetéis molotov como solução da crise brasileira...

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