quinta-feira, 19 de agosto de 2021

SE TANTOS PAÍSES PADECEM DAS MESMAS DIFICULDADES EM GRAU MAIOR OU MENOR, CULPE-SE O MODELO NELES ADOTADO – 2

(continuação deste post)
J
air Bolsonaro é cria de um povo que,  amargurado, acreditou numa  lorota martelada por meio das novas mídias de comunicação eletrônica: a de que ele falava a verdade ao, após passar toda sua trajetória na Câmara Federal ao lado do famigerado centrão (acaba, aliás, de reconhecer que tal pocilga  sempre foi seu habitat), declarar-se um outsider na política. 

O Paulo Maluf, que no próximo dia 3 se tornará um combalido nonagenário, se continuava capaz de acompanhar o noticiário diário, deve ter rido mais ainda do que na foto ao lado...

A miséria e o desespero nunca foram boas companheiras. 

Mentiras demagógicas, ainda que momentaneamente consigam enganar o povo, depois são analisadas e suas consequências, sentidas, provocando o desprezo a quem lhe diz uma coisa mas pratica o exato contrário. É como diz um velho provérbio chinês “um exemplo vale mais do que mil palavras”.

Agora mesmo vimos um novo terremoto atingindo o Haiti nesta 4ª feira (18), após o país ter sido devastado por um congênere de grande magnitude no sábado (14) e pelo ciclone tropical Grace na 2ª feira (16). Com certeza as mudanças do clima têm influência nos dois fenômenos, e incidem justamente sobre um povo oprimido e levado à miséria por uma ordem social internacional desumana que lhes cobra civilidade. Hipocrisia pura!!! 
A economia chinesa ainda cresce, mas cada vez menos 
Mas a agressão ecológica não é seletiva, como o é o capital. E é por isto que as florestas da Califórnia ardem em fogo, destruindo as mansões de bilionários nos arredores; enchentes na Alemanha; chamas no Canadá e até na Sibéria, e por aí vai... 

No campo da economia vemos a China desacelerar o seu crescimento, o que acontece por dois fatores: 
1 – há uma incompatibilidade entre necessidade de crescimento econômico contínuo que tende ao infinito e a capacidade matemática de expansão deste crescimento de modo empírico em face do limite do consumo físico e econômico de mercadorias pelos seres humanos, cujo consumo de mercadorias é previamente delimitado; 
2 estamos, ainda, sob o espectro de uma pandemia renitente com a mutação de vírus que ficam cada vez mais resistentes aos antibióticos e vacinas, sendo seu combate incompatível com a lógica utilitária (e ecologicamente predatória) do capitalismo.

A China com sua colossal dívida, um trem veloz e sem freio em direção ao coração do capitalismo bancário mundial, tende a descarrilar e provocar um acidente financeiro sem precedentes no sistema bancário internacional. 

E é acintosa a capacidade dos países do G7 de darem alguma proteção aos seus cidadãos diante da depressão econômica mundial usando a manipulação dos padrões monetários dominantes (principalmente o dólar estadunidense, moeda internacional), no sentido de garantir-lhes sobrevida até uma suposta melhora da economia mundial, enquanto abandonam à própria sorte os cidadãos dos países da periferia capitalista. 
Haiti: calamidade dia sim, dia não!
O Afeganistão é o exemplo mais atual e visível desta tragédia, com seus cidadãos e cidadãs cometendo suicídio diante da barbárie que está sendo anunciada pela tomada do poder pelos jihadistas talibãs.

E o que dizer da nossa vizinha, a Argentina? Há 60 anos era considerada sofisticada e rica, mas hoje está cheia de pedintes percorrendo as ruas de sua outrora pujante capital (Buenos Aires) e com uma renitente depressão econômica que dura mais de duas décadas, enquanto se sucedem governos à direita e à esquerda, como num pêndulo que se move, mas não sai do mesmo lugar.

O retrato dos povos da América do Sul é deprimente: 
— a Venezuela se tornou exportadora de indígenas que perambulam pelo Brasil e outros países, bem como de exilados advindos de todos os estratos sociais daquele país dito socialista embora mantenha regras capitalistas de mediação social e tutela militar corrupta; 
 o Paraguai virou um centro exportador de contrabando de mercadorias chinesas e de outros países, além de escoadouro e exílio para criminosos comuns; 
Evo Morales já pegou carona no mito Guevara, mas decerto
o teria entregado à sanha dos inimigos, como fez com Battisti
 
— a Bolívia acaba de repatriar Evo Morales dentro dessa busca de soluções num figurino fadado ao fracasso (e ainda sendo de uma laia de esquerdista que entregam perseguidos socialistas aos seus algozes capitalistas); 

— o Chile do conservador Sebastian Piñera, com uma população insatisfeita, tenta uma constituinte que revogue os resquícios da carta nada magna promulgado durante a ditadura do assassino Augusto Pinochet, incrivelmente ainda vigente; 
— na Colômbia, Peru e Equador são frequentes as manifestações de insatisfações populares, denúncias de corrupção, entra-e-sai de governantes, e tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. 

O modelo de mediação social de um país pode ser interpretado como ruim apenas pelo fato de o poder estar sendo exercido por um governante desequilibrado e incapaz (como o genocida brasileiro, que só agrava os problemas sociais seculares). Isto reduziria o problema à mera questão do gerenciamento político-administrativo por parte deste ou daquele indivíduo. 

Mas, se todos as nações padecem das mesmas dificuldades (umas mais, outras menos, mas sofrendo todas), a culpa é do modelo generalizadamente adotado.  

Por toda parte reina a insatisfação popular. Tal constatação nos remete à certeza de que padecemos sob modelos econômicos one world anacrônicos, que somente se diferenciam nos modelos políticos de governabilidade, num prova inconteste de que vivemos as dores do parto de uma nova era. 
Até quando teremos de sofrer em
função da agonia do capitalismo?
Marx disse, acertadamente, que as revoluções são o motor da história; acrescento que a insatisfação é o móvel das revoluções.

E repito: a questão não é de forma, mas de conteúdo.

Quiçá possamos usar os conhecimentos, instrumentos tecnológicos e ensinamentos históricos à nossa disposição para podermos proporcionar aos seres humanos do presente e do futuro uma vida que seja digna da sua condição humana!

Mas temos de agir depressa, porque a natureza já não nos aguenta mais! (por Dalton Rosado)

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