quinta-feira, 8 de julho de 2021

PRESIDENTE EXTERMINADOR DO SEU POVO TEM MORAL PARA CRITICAR ORIENTAÇÃO SEXUAL DE QUEM QUER QUE SEJA? – 1

dalton rosado
REFLEXÕES SOBRE A TIRANIA
Ah, tirania, essa megera que acompanha o itinerário da humanidade! 

Por que somos os únicos animais que matam a sua própria espécie de um modo coletivo e genocida? 

Quisera eu compreender o componente irracional da nossa racionalidade; compreender a estupidez dos seres humanos de irem a uma guerra matar outros seres humanos que sequer conhecem e sem saber exatamente por que o fazem. 

Num exercício de análise simplória, poderia dizer que é a sede de poder, mas fico a imaginar outros componentes que interfiram nos atos de tirania, tão comuns até mesmo dentro das casas tidas como sacrossantos lares, quando ocorre, p. ex., um abuso sexual incestuoso. 

Além da conhecida busca fratricida do poder político e econômico, seria o preconceito elemento componente de um outro tipo da tirania?

O que move um presidente da república a afirmar que o governador do Rio Grande do Sul está incitando a homossexualidade, condenando-o preconceituosamente ao fogo dos infernos pelo simples fato de o gaúcho ter assumido de público a sua orientação sexual? 
Seria o preconceito arraigado na sua mente simplória de um pretenso
macho alfa

Mas, o que tal condição humana e pessoal tem a ver com os atos de um governante? Por que ele precisa afirmar a sua homossexualidade? 

Tal declaração seria apenas forma de contraposição ao preconceito, num ato de quem sente na alma a rejeição tão comum às pessoas comuns, e tão comuns a todos os preconceitos de que são vítimas os seres humanos?

Por que ninguém precisa afirmar a sua condição de heterossexual? Seria porque o padrão consagrado como normal e por todos aceitos é excludente de outros padrões, como resultante de códigos morais de comportamento preconceituosos?  
Motivo para preconceito tinha
o da esquerda, não o outro...

Li, recentemente, que a Berthe Gardes (mãe de Carlos Gardel), ao tornar-se mãe solteira na França, teve de sair de sua cidade (Toulouse) no início do século 20 e emigrar para a América do Sul, por puro preconceito, indo parar na Argentina. Quantas mães solteiras tiveram de fugir de sua comunidade como vítimas do preconceito ao longo da história? 

Soube, também, que o tango argentino, cantado nos cabarés portenhos de prostituição portuária, era considerado brega demais para a empedernida elite de Buenos Aires. Mas isto durou apenas até a considerada erudita e civilizada França, que havia rejeitado a sua mãe, afirmar que aquele ritmo (cantado por um seu filho tido como bastardo até poucos anos antes) era absolutamente delicioso.

Por que a música considerada brega de ontem pode ser a música hoje representativa da alma cultural de um povo, como ocorre com o samba brasileiro? 

E o preconceito burro contra a etnia africana escravizada no sul dos Estados Unidos, que era obrigada a cantar os seus blues nas igrejas, únicos locais nos quais tal manifestação cultural era permitida; mas, portando a força com que a verdade sempre se impõe, o blues se transformou na base musical de todos os ritmos mais representativos de cultura estadunidense. 

Seria a prova de que a verdade sempre vence o preconceito, ou é o preconceito que sempre se apropria da verdade para continuar existindo, como no caso da aceitação de um branco pertencente ao famigerado white poor trash, mas branco, bonito e talentoso, foi assim transformado no rei do rock’n’roll – esse tipo de música também originalmente discriminado como ritmo dos negros e como corruptor dos comportamentos tidos como corretos? (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
"Qualquer maneira de amor vale a pena/ Qualquer 
maneira de amor vale amar"

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