sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

EXPELIDO DO EXÉRCIDO EM 1988, O BOZO SE VINGA DOS FARDADOS AO COOPTÁ-LOS PARA O SEU GOVERNO GENOCIDA

eliane cantanhêde
MILITARES PODEM ATÉ LUCRAR COM BOLSONARO, MAS O ÔNUS PARA AS FORÇAS ARMADAS É IMENSO
A
conta do mergulho na política e da adesão ao candidato e agora presidente Jair Bolsonaro começa a chegar para as Forças Armadas. 

Elas estão sendo obrigadas a explicar milhões de reais em chiclete e leite condensado e agora a defender seus churrascos em 2020, com 700 mil quilos de picanha e, como ninguém é de ferro, 80 mil cervejas puro malte. O preço foi bem salgado, R$84,14 o quilo da carne, R$ 9,80 cada cervejinha.

Também é desanimador os hospitais do Exército e da Aeronáutica bloquearem só para militares e deixarem vazios 72% (84 de 116) dos seus leitos no Amazonas, segundo o UOL, enquanto 276 pacientes de Covid aguardavam vagas ontem e 529 tiveram de ser exportados para outros Estados e o DF desde 15 de janeiro. Leito vazio? Pago com dinheiro público, mas só para militares? Coisa feia!

O vice Hamilton Mourão anunciou que a Operação Verde Brasil 2, prevista para até 2022, vai acabar em 30 de abril, com a retirada de militares das ações contra queimadas e desmatamentos na Amazônia. Com a volta desses contingentes às suas bases, serão mantidas as montanhas de chiclete e leite condensado? E as carnes nobres e o puro malte são para quem?

A sensação é de que a retirada foi uma puxada de tapete em Mourão. Indagado se foi um pedido (ou retaliação?) de Bolsonaro, Defesa e/ou Comando do Exército, ele me respondeu: “Fim da missão, apenas isso”. 
E assim, após pisoteados pela
boiada do ministro Ricardo Salles, o Ibama e o ICMBio, atualmente cheios de militares, vão retomar a dianteira na proteção da Amazônia, com Inpe, Polícia Federal e Polícia Rodoviária.

Não é exclusivo do Meio Ambiente, porque o capitão Bolsonaro levou generais para a Vice e todos os cargos relevantes do Planalto, expôs um general da ativa a vexame público na Saúde numa pandemia e encheu diferentes pastas – até a pobre Secretaria de Cultura – com militares. 

Toma lá, dá cá de cargos com político não podia, mas com militar, e agora com Centrão, é uma festa.

O resultado nem sempre é engrandecedor para as FA, particularmente para o Exército, como no caso do ministro Eduardo Pazuello, todo atrapalhado e respondendo à PF, ao MP e ao Congresso por falta de oxigênio e vacinas, excesso de cloroquina inútil, descaso com seringas, agulhas e testes de Covid. 

O risco é um general da ativa no foco de uma CPI da Pandemia (que pode chegar até aos 73 mil militares que receberam ilegalmente o auxílio emergencial).

Pazuello gosta de cantar de galo e o secretário-geral da Saúde, coronel Elcio Franco, entrou de mau jeito na guerra política de Bolsonaro com João Doria. 

Quando o governador anunciou a vacinação em janeiro, o militar chamou de devaneio e o acusou de estar sonhando acordado. E ainda ensinou: “Não será com discursos de ódio ou tendenciosos que serão encontradas soluções”. Pois é...

Em meio à confusão, vem aí um livro-entrevista em que o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas confirma que o Alto Comando participou diretamente da advertência (ou ameaça) que ele fez ao Supremo, em 2018, na véspera do julgamento de um habeas corpus contra a prisão do ex-presidente Lula.

Por essas e outras, as Forças Armadas são suspeitas de atuar politicamente para tirar Lula do páreo e dar a vitória a um capitão que dá poder a generais e empregos e reformas (previdenciária e administrativa) diferenciadas para militares, enquanto discursa num ato golpista com o QG do Exército ao fundo e sobrevoa outro em helicóptero militar e com o ministro da Defesa, general de quatro estrelas.

Bolsonaro lucra muito com essa parceria, mas o ônus de médio e longo prazos para as Forças Armadas, inclusive para sua imagem, tende a ser muito maior do que o bônus fugaz para dez, cem ou milhares de seus integrantes. A História dirá. (por Eliane Cantanhêde)

7 comentários:

RALPH DE SOUZA FILHO disse...

ESSA MEGERA ENGOMADA, CANTANHEDE, É A MESMA DA VOCALIZAÇÃO DE QUE A MASSA CHEIROSA ERA A NATA A DIFERENCIAR - SE NAS CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS. UMA INÚTIL E COLABORADORA DE PRIMEIRA HORA A QUE SE INSTALASSE O CAOS, O CAÓTICO, O ENGANADOR, O DESGRAÇADO E O JAGUNÇO CONTUMAZ DO POVO BRASILEIRO RETORNASSE JÁ QUE A BENEFICIAR - SE DA ANISTIA FAJUTA DO GOLBERY A NÃO PUNIR OS TORTURADORES IMPRESCRITÍVEIS E AINDA QUE O GEISEL ENCARCERADO HOUVESSE O SILVIO FROTA AO HELENO RESTASSE OPORTUNISTA E DESTA FEITA SEM NENHUM RESQUÍCIO DE PUDOR OU ALGUMA VIDA INTELIGENTE..

celsolungaretti disse...

Ralph,

este blog é totalmente contra a desqualificação de quem não seja nosso inimigo de classe nem defenda o autoritarismo.

Ao buscarmos algum artigo para reproduzir, levamos em conta apenas sua qualidade, e a Eliane é uma grande jornalista.

Se a quiser contestar, as portas estão aberta para vocês, mas aborde o artigo atual e não derrapadas reais ou supostas do passado, se não passaremos a vida inteira discutindo o que o vento levou.

Mas, aquilo de que precisamos desesperadamente são soluções para os problemas do presente, gravíssimos!



celsolungaretti disse...

Ralph,

este blog é totalmente contra a desqualificação de quem não seja nosso inimigo de classe nem defenda o autoritarismo.

Ao buscarmos algum artigo para reproduzir, levamos em conta apenas sua qualidade, e a Eliane é uma grande jornalista.

Se a quiser contestar, as portas estão aberta para você, mas aborde o artigo atual e não derrapadas reais ou supostas do passado, se não passaremos a vida inteira discutindo o que o vento levou.

Aquilo de que precisamos desesperadamente são soluções para os problemas do presente, gravíssimos!

Finalmente: como editor que jamais compactuou nem aceitou a censura, não vou deletar o insulto a ela ("megera"), mas deixo claro que essa não é a opinião do blog. Afirmações desse tipo têm de ser justificadas, soltas no ar não valem nada.

Abs.

RALPH DE SOUZA FILHO disse...

NÃO ME LEVE A MAL, MAS, O PASSADO CONDENA E EU NÃO COSTEIO ALAMBRADOS, E NUNCA NEM JAMAIS. SE TU ACHAS ELA UMA GRANDE PERIODISTA EU JÁ NÃO CONSIGO ENXERGAR CONCEITUALMENTE O QUE VENHA A SER UM GRANDE JORNALISTA... QUEM SABE O NELSON MOTA E O ASCANIO SELEME OU O GABEIRA, OU, QUEM SABE ATÉ O ARNALDO JABOR...? É PURO ORTEGA Y GASSET E ENTÃO VALE TUDO EM PINDORAMA, CARO E VALOROSO LUNGARETTI. NÃO A DESQUALIFICO SÓ NÃO TRABALHO COM VERSÕES E AJOELHOU TEM DE REZAR..SAUDAÇÕES CORDIAIS DO PLANTA DO DESERTO II A QUEM BASTA TÃO SOMENTE O ORVALHO DO ALVORECER...

celsolungaretti disse...

Você já fez dois comentários e não apresentou argumentação nenhuma para sustentar essa sua antipatia pela Eliane.

Também não leva jeito nenhum de ser jornalista, o que lhe permitiria perceber melhor o que ela está dizendo e por qual motivo.

Sabendo que a Eliane é muito bem informada sobre o que rola nos bastidores da caserna, eu interpreto a coisa como uma correta matéria sobre o desprestígio que a promiscuidade com o palhaço sinistro acarreta para os fardados aos olhos dos brasileiros com um mínimo de espírito crítico.

E também como um trunfo que ela está dando aos militares que não se vendem e estão pregando internamente a saída em massa dos oficiais da ativa desse governo monstruoso, para não deixar em frangalhos a imagem das Forças Armadas.

Apesar das aparências, o governo do Bozo está fragilíssimo, como, aliás, todos os que recorrem ao Centrão como tábua de salvação. É o penúltimo estágio antes da queda.

Se os militares da ativa deixarem de escorá-lo, ele afunda. E a Eliane, sutilmente, faz o que todo jornalista com caráter deve tentar fazer: empurrar a História na direção correta.

Quem é do ramo percebe tudo isto. Você não é.

Henrique Nascimento disse...

Esse artigo me fez recordar, embora tenha ocorrido quando os milicos ainda mandavam, a história do comandante do II exército em São Paulo e do ministro do exército Silvio Frota, ambos da linha dura e, portanto, contrários à abertura de Geisel e Golbery. Na época houve um aparato da alta patente dos milicos que apoiavam massivamente o Geisel para defenestrar ambos. Foi o que de fato aconteceu: ambos foram demitidos num espaço de sete meses. Faço essa anologia apenas para mostrar que quando a alta patente decide tomar um rumo, parece que eles não hesitam. Espero que essa mentalidade ainda continue na caserna e parece que a Eliane quis mostrar isso.

celsolungaretti disse...

Henrique, eu extrairia outra lição desses episódios.

Sim, havia divisão na caserna quanto ao rumo a tomar, mas o Geisel e o Hugo Abreu souberam como evitar contestação de suas decisões.

Assim, quando o Vladimir Herzog foi assassinado nas dependências do DOI-Codi, ele ordenou ao comandante do II Exército que não permitisse a repetição de um episódio desses.

Então, quando alguns meses depois foi morto o Manuel Fiel Filho, o Geisel exonerou o Ednardo d'Avila Melo não por causa das torturas, mas sim por haver desobedecido a uma determinação explícita do seu superior, no caso ele, presidente da República.

Como o princípio da hierarquia era sagrado para os militares, mesmo os que eram contra a abertura do Geisel tiveram de engolir sua decisão.

O ministro do Exército, Sílvio Frota, também desacatou uma decisão do comandante supremo, ao contestar a escolha do João Baptista Figueiredo para ser o presidente seguinte.

Além disto, o Hugo Abreu surpreendeu o Sílvio Frota com uma destituição-relâmpago: foi para casa na sexta-feira como ministro do Exército e na segunda-feira já não era mais nada, tinham-lhe retirado todos os instrumentos de poder.

Abs.

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