quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

POR QUE AUMENTA TANTO A DEPRESSÃO SOCIAL E VAMOS REGREDINDO A PASSOS LARGOS PARA A BARBÁRIE? – 2

(continuação deste post)
O homem moderno é depressivo e bárbaro. 

Agora, com o isolamento social necessário em face da crise sanitária do coronavírus, a depressão coletiva toma ares de estresse social causado pela necessidade de produção e consumo de mercadorias que amontoa pessoas nos coletivos de transportes, indústrias, escolas, restaurantes, etc. 

É o estresse causado pelo isolamento que leva os jovens a se reunirem em locais públicos ou privados, considerando que o grau de letalidade sobre eles é menor, sem temer que também podem morrer, e que propagarão o vírus que matará em maior proporção os portadores de comorbidades e pessoas idosas. 

Caso tivéssemos outra forma de produção social e convívio correspondente que nos proporcionasse uma relação cômoda de produção e consumo dos bens necessários ao nosso sustento, certamente que a tragédia atual da epidemia e seu alastramento seria bem menos grave. 

O cornavírus, como temos dito, é bem mais genocida com seu aliado funcional, o capitalismo. 
Baladeiros não estão nem aí para a pandemia

As pessoas tomam conhecimento das mortes de pessoas próximas, familiares e celebridades numa proporção somente vista nas guerras, e com o aumento das pressões sociais pelo sustento, aumenta o nível de criminalidade e de intolerância das relações humanas, numa constatação tenebrosa do adágio popular segundo o qual em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão.

Por outro lado, pari passu com a crise econômica floresce a crise moral, e vemos prosperar e se estabelecer uma ética na qual a palavra empenhada vale muito pouco, e a busca pela manutenção do poder político serve de norte referencial para todas as atitudes. 

O que dizer de um presidente da República que foi candidato que teve como bandeira principal o combate à corrupção e cancela a Operação Lava-Jato que lhe serviu de pretexto eleitoral, mesmo considerando a sua parcialidade política facciosa?

O que dizer de um presidente que foi candidato dizendo ser outsider da política (mesmo tenho dela participado durante 28 anos) e que combateria a velha política, e que agora se alia com a escória política parlamentar e suas práticas como forma de sobrevivência de poder político e do seu mandato executivo?

É cria do Maluf, mas se fingiu de outsider. Colou! 

O que dizer de um presidente que até ontem defendia a intervenção das Forças armadas, o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, e que hoje se pronuncia como paladino das virtudes da democracia burguesa e da importância de sua afirmação institucional? 

Não há como o considerarmos à altura do cargo:
— diante da iniquidade preponderando sobre o melhor padrão de moral e senso de justiça; 
— diante da mentira deslavada preponderando sobre a honra; 
— diante da vulgaridade do uso de termos chulos por quem deveria manter o decoro do cargo preponderando sobre a dignidade de um comportamento e palavreado exemplar; 
— diante do compadrio nepotista preponderando sobre a isenção e escolha dos melhores quadros para o gerenciamento dos interesses sociais;
— diante da negação da ciência e do saber científico preponderando como modo de postura social irresponsável que se constitui como atitude genocida.

Nem é possível aceitarmos como normal a impunidade que garante a seus seguidores e aliados que infringem todo tipo de leis desta república, como a deputada Bia Kicis, aquela do escárnio com as vítimas do coronavírus, que vem de ser indicada para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal.
Dica de filme: Matou a família e foi ao cinema 

Isto apesar de ela mesma estar respondendo a processos judiciais. Aliás, também há uma deputada bolsonarista que não é flor que se cheire, encalacrada com a Justiça por coautoria de assassinato. Ambas mantêm seus mandatos, mandando às favas a dignidade e o decoro parlamentar.

Também não há como considerarmos normal o superfaturamento na compra de equipamentos médicos ou alimentos.
 
Nem é possível um ser humano dotado de sentimentos morais nobres e elevados não ficar deprimido diante de um quadro social decadente que se lhe apresenta como vencedor e que, a cada dia, nos demonstra que o poço é mais profundo e ainda está longe de chegarmos ao fundo.

Não há como o menino a quem é negado o acesso às suas necessidades básicas, um bom nível de escolaridade e, principalmente, exemplos virtuosos, estar imune à contaminação de um processo de decadência social que o afeta criminosamente. 

Depressão e barbárie coletivas são patologias sociais que somente podem ser socialmente extirpadas com um modo de relação social que afirme preceitos e práticas morais e éticas elevadas, sem puritanismos fundamentalistas religiosos e sem a caretice desses mesmo falsos profetas puristas que estão mais para mico do que para mito(por Dalton Rosado)
Como estamos sendo governados por milicianos, corruptos e outros
marginais, este clássico do cinema marginal tem tudo a ver. 
Dirigido por Júlio Bressane em 1969, veio logo depois de O
Bandido da Luz Vermelha, de Rogerio Sganzerla

Um comentário:

SF disse...

É, Dalton, o caos social se estabelece.
Consequência direta do tirano (necessariamente eleito pelo povo) e sua entourage criminosa.
Coisa prevista pela teoria e que se repete ad aeternum na sociedade.
Seu discurso é, neste post, direcionado ao atual presidente, mas, como uma hidra de lerna, ele é apenas uma das cabeças de um corpo monstruoso.
***
Você em diversos outros escritos neste blog apontou, descreveu e conformou tal monstro, diagnosticando precisamente a anomalia e, a partir da teoria marxista, aviou a receita do medicamento portador da cura, a saber, a extinção da moeda fiduciária, parte essencial da sociedade mercantil, e da própria sociedade regida pela etiqueta de preço.
Definiu com clareza o que seja mercadoria e desvelou todas as maneiras pelas quais se procura embalar e precificar as necessidades humanas.
Assim entendi eu, Dalton, suas palavras a respeito da natureza do monstro (da hidra) que infelicita a existência humana.
***
Ocorre que tenho também alertado que esse monstro é defunto, um zumbi, posto que uma nova classe dominante está nascendo.
Com ela (a nova classe) surge um novo modo de produção e, portanto, um novo arranjo social.
Não mais regido pelo contrato social burguês que, herdeiro de escravocratas, não dispensava a utilização da mão-de-obra humana e, assim, necessitava de gente para a consecução do seu objetivo teleológico: o lucro. (Em riqueza abstrata e as concomitantes relações de poder e dominância na sociedade mercantil).
Não! A nova classe prescinde do aparato capitalista de escravos indiretos, estados-nação, moeda fiduciária e controle social ideológico via sistema político/jurídico.
E, no meu entender, destruirá as grandes concentrações humanas.
Não, a agenda dessa nova classe é, ao meu ver: protocolo blockchain, produção automatizada, inteligência artificial e preservação ecológica.
***
A má notícia para nós é que o escravo não tem relevância e nem função na sociedade que eles estão construindo.
Por enquanto, eles não escancararam que querem o genocídio de grande parte da humanidade, mas, esse vírus.. não sei não.
A precarização e impessoalidade do trabalho, do tipo existente nos aplicativos, mostra que eles ainda tem deixado as pessoas prestarem serviços umas as outras.
***
Mas, são conjecturas talvez exageradas, considerando consequências assustadoras dos movimentos que tenho observado no mundo.
Mesmo por quê, não há parâmetros na teoria marxista e nem em qualquer outra para lidar com essa nova classe de humanos detentores de um saber e uma excelência nunca vistas antes.
Quisera eu que eles, como os aristocratas platônicos, estejam reorganizando sociedade a partir dos valores da Bondade, Beleza e Verdade.
Como Heidegger propôs tenho pensado e exercido o meu privilégio ontológico do sentido de ser, sendo, e, diverso de Sartre, tendo a compreensão dessa dinâmica, desse átimo, entre o ser que fui e o que serei como uma grande celebração da vida.
Coisa que a nova classe e suas geringonças inteligentes nunca poderão entender nos termos racionais e mecanicistas sobre o qual se funda o seu poder.
***




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