bruno boghossian
BOLSONARO DESPERDIÇA MAIS UMA SEMANA
DE TRABALHO COM PROPAGANDA PESSOAL
Sem máscara, inaugurando ponte e contando mentira sobre a pandemia estar no fim.
Jair Bolsonaro teve uma manhã agitada. Perto das 7h, o presidente embarcou no avião oficial e voou para o Rio Grande do Sul. Inaugurou a obra de uma ponte sobre o rio Guaíba e, depois, a duplicação de um trecho de 27 km da BR-116. Ele acenou para os motoristas por 10 minutos, com transmissão ao vivo na TV controlada pelo governo.O país aprendeu a não esperar ações concretas de Bolsonaro para contornar a longa crise aberta pela pandemia. Ele mesmo já desistiu de manter as aparências. O presidente preferiu desperdiçar mais uma semana no cargo com propaganda pessoal e medidas para seus apoiadores.
O ciclo começou na 2ª feira (7), quando Bolsonaro reuniu ministros na inauguração de uma vitrine com o terno que vestiu na posse. No discurso, ele soltou elogios para o alfaiate que fez o traje, mas ninguém escondeu que a cerimônia havia sido organizada para exaltar o capitão.
Num evento do Ministério da Saúde, soltou uma frase inútil sobre a imunização: "Ninguém vem falar comigo sobre vacina sem que antes passe pelo senhor Eduardo Pazuello". E só.
A semana continuou com uma comemoração nas redes pela decisão do governo de zerar a alíquota de importação de revólveres e pistolas, na manhã de quarta. Mais tarde, num encontro com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele celebrou a nomeação de um amigo para o Ministério do Turismo.
Antes da sessão de tchauzinho na beira da estrada, na quinta, Bolsonaro ainda encontrou tempo para soltar mais uma mentira. "Ainda estamos vivendo um finalzinho de pandemia", disse o presidente. Nos últimos quatro dias, o Brasil acumulou quase 3 mil mortes por Covid-19.
O presidente já tem compromisso para encerrar a semana de trabalho: nesta sexta: ele voa para Itaguaí (RJ) e participa de uma cerimônia do Dia do Marinheiro. (por Bruno Boghossian)
TOQUE DO EDITOR – Quando um presidente da República do Brasil se omite descaradamente das suas obrigações em meio à pior crise sanitária que este país já enfrentou, fica mais do que caracterizada uma situação sui generis: a de vacância de poder, embora Jair Bolsonaro não tenha morrido, renunciado ou sido afastado do cargo.
Ricardo Kotscho colocou o ovo em pé neste post do seu balaio:
"...o ocupante do Palácio do Planalto não se importa em colocar sob risco milhares de vidas que poderiam ser salvas com a vacinação em massa.
...Se as instituições estivessem funcionando, como dizem, já teria havido uma intervenção neste desgoverno federal.O que mais estamos esperando? Basta decretar a vacância do poder".
Lembrem-se: depois de ser o indiscutível responsável por dezenas de milhares de óbitos que poderiam ter sido evitados durante a pandemia, Bolsonaro produzirá estrago talvez ainda maior ao se defrontar com a terrível depressão econômica que está à nossa espera em 2021.
É hora de senadores, deputados federais e ministros do Supremo provarem que não são meras testemunhas inertes de genocídios. Ou o povo acabará chegando à conclusão de que há outros cargos a serem preenchidos na Praça dos Três Poderes. (por Celso Lungaretti)
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