quinta-feira, 26 de novembro de 2020

E AGORA, DORIA? VAI CONTINUAR FINGINDO QUE É DIFERENTE DO BOLSONARO OU AGIRÁ COMO UM APRENDIZ DE GENOCIDA?

leonardo sakamoto
O DILEMA DE DORIA EM SP: AGRAVAR A
 PANDEMIA OU PERDER VOTOS NO 2º TURNO
Enquanto cresce o número de internações em UTIs por covid-19 e aumenta a velocidade de transmissão do coronavírus no estado de São Paulo, o governador João Doria se vê diante de um dilema: 
— ou endurece o isolamento social e assume o risco eleitoral de uma medida impopular às vésperas da eleição, 
— ou mantém a situação como está até depois do 2º turno e agrava a pandemia. 

Ressalte-se que os municípios também poderiam adotar medidas de restrição, mesmo que o governo permita uma abertura maior. Mas, ao que tudo indica, o discurso segue alinhado. "Não há necessidade de retroceder", repetiu o prefeito Bruno Covas, em sabatinas do UOL e da Folha de S. Paulo, nesta 5ª feira (26). 

O aumento do número de casos graves da doença estava previsto para o final do ano, mas aconteceu em meio ao 2º turno da eleição –que já havia sido postergada pelo Tribunal Superior Eleitoral por conta da pandemia. 

O PSDB, partido de Doria, está no 2º turno não apenas na capital, com Bruno Covas, mas também em Mogi das Cruzes, Piracicaba, Praia Grande, Ribeirão Preto, São Vicente e Taboão da Serra. Desses municípios, apenas Ribeirão Preto não se encontra na fase verde do Plano São Paulo –que prevê reabertura controlada de praticamente todas as atividades. 

Mas há um descompasso com a realidade da doença. Como aponta reportagem da Folha de S. Paulo, o centro de contingência para o coronavírus vai propor a Doria o endurecimento da quarentena. 

Além do ranger de dentes causado por um retorno a um cotidiano mais restritivo, o que pode levar à perda de votos em uma população esgotada, há também o risco de a medida ajudar a afastar das urnas a parcela mais idosa do eleitorado –como ocorreu no 1º turno com Bruno Covas. 

O prefeito sofreu os efeitos de uma abstenção de mais de 29% na capital, tendo significativamente menos votos do que o previsto pelas pesquisas. Ele lidera por 62% a 28% entre quem tem mais de 55 anos. Já Boulos está na frente em quem tem até 24 anos: 50% a 39%, segundo o Ibope

A pergunta posta à mesa é: se não houvesse eleição neste momento, o governo de São Paulo, que se vendeu como um contraponto responsável ao terraplanismo biológico do presidente da República, já não teria retrocedido na flexibilização da quarentena? 

Não será uma surpresa se, na próxima 2ª feira, uma dia após o segundo turno, houver um endurecimento das medidas na revisão do Plano São Paulo. 

E, independentemente da decisão que o governador e os prefeitos tomem a partir de agora, ela poderá vir tarde demais para muita gente. (por Leonardo Sakamoto)
TOQUE DO EDITOR 
João Doria é aquele publicitário paulista que, aproveitando os danos causados ao prestígio do Lula pelo escândalo do mensalão, vislumbrou uma oportunidade golpista em agosto de 2007, quando foi o principal organizador do movimento Cansei!

Apesar da maciça propaganda na TV, a pretendida (mas não assumida explicitamente como tal) reedição da Marcha da Família, com Deus pela Liberdade só reuniu, no máximo, 5 mil testemunhas, principalmente dondocas, diante da Catedral da Sé.

O fracasso acachapante o manteve durante cerca de uma década no ostracismo, desaparecido da política enquanto tocava adiante suas atividades empresariais.

O impeachment de Dilma Rousseff lhe deu novo fôlego. Aproveitou a guinada à direita para eleger-se prefeito da capital em 2016 e governador do Estado (com apoio do Bolsonaro) em 2018.

Ladino, percebeu que o Bozo estava tropeçando nas próprias pernas com seu negacionismo da pandemia, então adotou posição e atuação civilizadas, em contraponto à sabotagem genocida. 

Já estava, obviamente, preparando-se para enfrentar Bolsonaro na eleição presidencial de 2022 como o governador que teve coragem de peitar o ogro.

E eis que o destino traiçoeiro o colocou numa sinuca de bico: ou implanta desde já medidas mais rigorosas de combate à 2ª onda da covid-19, arriscando-se a retirar a escada do seu aliado Bruno Covas e deixá-lo pendurado na brocha, ou enrola por mais uns dias e joga no ralo o trunfo que pretendia usar contra o Bozo.

Bem feito! A esperteza, quando é demais, engole o dono... (por Celso Lungaretti)   

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