josias de souza
BOLSONARO TRATA VACINA COMO UMA SUB-CLOROQUINA
Numa época em que o mundo aprende a conviver com a inteligência artificial, é duro ter de aturar a ignorância natural.
A pretexto de se contrapor a declarações desnecessárias do governador paulista João Doria e de defender as liberdades do brasileiro, Jair Bolsonaro repetiu que a vacina contra o coronavírus "não será obrigatória". Ao assumir o papel de garoto-propaganda da liberdade individual de infectar, o presidente desconsidera o direito coletivo de não ser infectado.
A lei 13.979, sancionada pelo próprio Bolsonaro em 06/02/2020, prevê no seu artigo 3º que, para enfrentamento de emergência de saúde pública de importância internacional,[...] as autoridades poderão adotar medidas excepcionais. Dentre elas, a determinação de realização compulsória de vacinação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente também determina, em seu artigo 14, que "é obrigatória a vacinação das crianças".
A despeito das previsões legais, não é tradição no Brasil impor vacinas aos cidadãos. O estado costuma recorrer a campanhas de esclarecimento sobre a importância da vacinação. Quando esse hábito foi negligenciado, o país experimentou retrocessos. P. ex.: a volta de uma doença como o sarampo.
Em meio a uma pandemia, é no mínimo inusitado que um presidente que se apresentou como prova viva de que cloroquina cura Covid-19 trate a vacina como uma espécie de sub-cloroquina.
Bolsonaro prefere jogar na confusão. Durante uma pandemia, vende a liberdade de não usar máscara, a liberdade de não se vacinar, a liberdade de infectar.
Diante de um caso assim, não resta ao brasileiro de bom senso senão exercer a liberdade de se imunizar contra a enfermidade do ignorante que ignora sua própria ignorância. (por Josias de Souza)
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