sábado, 24 de outubro de 2020

EM VEZ DE VITÓRIA FINAL DO CAPITALISMO, A QUEDA DO MURO DE BERLIM FOI O INÍCIO DE SUA DEBACLE EM ESCALA GLOBAL – 2

(continuação deste post)
O
ESTADO LIBERAL BURGUÊS – Os capitalistas liberais e seus economistas de estimação gostam do Estado à sua maneira, ou seja, um Estado livre de incumbências sociais. 

Sustentam que uma economia forte, geradora de empregos e de bons salários, possibilita naturalmente a melhora da capacidade aquisitiva dos trabalhadores assalariados e o pagamento dos impostos necessários para suprirem os gastos básicos com a infraestrutura social (de boa mobilidade urbana e da produção capitalista), além do custeio de uma força militar garantidora das premissas do capital.

Mas, tais liberais omitem ou não se dão conta de que a dinâmica do capital não permite um progresso econômico linear, pois a riqueza de uns poucos está na inversa proporção da pobreza da maioria (e isto quem disse pela primeira vez foi Adam Smith, que viveu um século antes de Marx). 

Smith estava se lixando para a pobreza mundial e, como bom economista colonialista inglês que era, defendia os interesses do império onde o sol nunca se punha, daí não haver tido nenhum escrúpulo de comunicar conscienciosamente a constatação a que chegara.

Os liberais estão equivocados quanto à solução dos problemas sociais pelo (impossível) desenvolvimento ad aeternum do capitalismo, e a prova disto é que invariavelmente apelam para o Estado protetor (keynesiano) e emissor de moeda sem lastro quando a economia burguesa entra em depressão, como agora ocorre com Paulo Guedes e Boçalnaro, o ignaro
O
 
ESTADO SOCIAL-DEMOCRATA BURGUÊS  A esquerda mundial, diante do fracasso da receita de bolo revolucionária do marxismo tradicional (que pregava uma revolução cosmeticamente política), agarrou-se à ideia de participação política no Estado burguês, visando à defesa dos interesses sociais dos explorados pelo capitalismo.

Assim, aceita a exploração do homem pelo homem e tenta humanizar a dita cuja; como contrapartida obtém migalhas de poder e a sustentação que o capitalismo a ela oferece como forma de auto-legitimação. 

Mas o Estado é opressor por sua própria função estratégica, de vez que, como esfera de regulamentação desprovida de soberania de vontade, está submisso aos interesses perniciosos das relações mercantis. 

Destarte, não raro, estabelecem-se contradições irresolúveis na participação social-democrata seja no exercício do poder executivo (principalmente nesta esfera do poder político), seja na atuação parlamentar.
Quando no Poder Executivo, os partidos sociais-democratas, de inclinação keynesiana (todos), pregam a estatização dos meios de produção como forma de fortalecer o Estado e torná-lo detentor de capitais como resultado da extração de mais-valia dos seus explorados trabalhadores.  Esta é a pretensão ideológica admitida e considerada viável, ainda que de pretensão ilusória. 

Como as relações capitalistas nascem sob a égide da corrupção original, a extração de mais-valia privada ou estatal, as empresas públicas são sempre consideradas res nullius (coisa de ninguém) e têm seus cofres saqueados pelos que estão em condição de fazê-lo. 

Da mesma forma se processa o assalto ao erário público, até porque o processo eleitoral burguês é cada vez mais marcado pelo poder econômico e os políticos, que assumem o poder do Estado pelas urnas, precisam cada vez mais de dinheiro para custearem suas caríssimas campanhas eleitorais. 

Esta é a razão pela qual assistimos todo dia se confirmar (com cuecões, contas no exterior, em malas manuseadas em corridinhas ridículas ou em malas nos apartamentos de luxo) a verdade contida nos versos de um samba de 1980 do Ary do Cavaco, eternizado por Bezerra da Silva: se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.,, 

Mas, a questão da corrupção com o dinheiro público não passa da ponta do iceberg. O buraco é bem mais embaixo. 

A questão principal é a própria essência do poder político burguês, capitalista (privado ou estatal), de vez que o Estado é garantidor da dominação social de uma relação intrinsecamente escravagista, a qual chamamos de indireta porque o trabalhador tem a liberdade de escolher a quem vender por preços vis a sua força de trabalho, a única mercadoria que possui.

isto quando encontra comprador, coisa que anda cada vez mais difícil de ser achada... (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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