Não resisti à tentação de apresentar um gracejo como a melhor de todas as coberturas do discurso inaugural do Bozo na Assembleia Geral da ONU.
Porque é o que grande parte dos jornalistas gostaria de poder fazer com as não-notícias sobre as quais têm de escrever algo obrigatoriamente, fingindo dar importância àquilo que nunca a teve ou já não tem mais nenhuma.
Quantas vezes eu cheguei na redação desanimado por saber que me caberia espichar ainda mais um assunto que já se tinha esgotado, mas ainda despertava a curiosidade dos leitores comuns!
Uma tortura dessas foi o naufrágio da embarcação de turismo Bateau Mouche no réveillon carioca de 1989. Como é um período do ano quase sem notícias relevantes, o assunto ficou ocupando espaço na editoria de Geral do Jornal da Tarde por dias e mais dias, sendo sempre eu o incumbido de, a partir do trabalho dos repórteres, produzir o texto final. Tédio infinito.
Se não precisasse do emprego, teria então feito uma zombaria como a de hoje. Um dos poucos consolos da velhice é o de não precisar jogar mais esse jogo humilhante de ficar provendo ouro de tolo para os ditos cujos...
Assembleia Geral da ONU é exatamente isso: ouro de tolo. Não tem consequências práticas e os líderes realmente poderosos estão carecas de saber tudo que os coadjuvantes irrelevantes como o Bozo vão dizer e vão esconder.
Então, não foi novidade nenhuma o palhaço ter abastardado um palco que teoricamente deveria ser utilizado para falar ao mundo sobre nosso país, discursando apenas para manter bovinizados seus seguidores brasileiros, aqueles bizarros espécimes cujo QI é negativo e, portanto, são capazes de engolir as mentiras mais cabeludas e de aplaudir as frases mais desconexas.
Daí ser um desperdício de tempo provarmos que o Bozo mais uma vez mentiu descaradamente e funcionou como uma metralhadora de disparar asneiras. Para quê? Fanáticos obtusos nunca se convencem de que estão cultuando ídolos com pés de barro, por mais evidências que lhes apresentarmos.
Para quem ainda tem interesse em saber todas as mentiras que havia na fala (?) do bufão, recomendo a checagem do Estadão (o link é este), que detonou as seguintes falsidades:
.
— que a responsabilidade pela administração caótica e catastrófica da crise do coronavírus seria apenas do STF e dos governadores, quando, na verdade, quem deveria coordenar os esforços em escala nacional era o governo federal, que abdicou de sua responsabilidade e passou o tempo todo disseminando confusão e negacionismo;
— que a responsabilidade pela administração caótica e catastrófica da crise do coronavírus seria apenas do STF e dos governadores, quando, na verdade, quem deveria coordenar os esforços em escala nacional era o governo federal, que abdicou de sua responsabilidade e passou o tempo todo disseminando confusão e negacionismo;
.
— que o auxílio emergencial aos coitadezas teria proporcionado mil dólares para cada um de 65 milhões de brasileiros (o valor real é US$ 771);
.
— que, graças a ele, Bozo, o Brasil seja líder em conservação de florestas tropicais, quando, na verdade, foi o país que mais perdeu esse tipo de cobertura vegetal primária em 2019;
.
— que o Brasil tenha emissão de carbono insignificante para uma das 10 maiores economias do mundo, quando, na verdade, é o sétimo maior emissor de gases causadores do efeito-estufa;
.
— que a Região Amazônica seria maior do que toda a Europa Ocidental (equivale à metade);
.
— que os índios e caboclos, e não os trogloditas do agronegócio, seriam os principais responsáveis pelas queimadas;
.
— que o Brasil teria sido vítima de "um criminoso derramamento de óleo venezuelano" em 2019 (acusação jamais provada);
.
— que o Brasil utilizaria apenas 27% de seu território para a pecuária e a agricultura (o percentual é maior e bem próximo da média mundial);
.
— que tenha havido um aumento do ingresso de investimentos diretos em nosso país no último semestre (aconteceu, isto sim, uma queda de 21% com relação ao primeiro semestre de 2019), etc.
O Bozo também exagerou o número de venezuelanos aqui recebidos graças à Operação Acolhida e, ao dar destaque às operações de paz da ONU das quais o Brasil tem participado desde 1948, esqueceu de acrescentar que nosso país vem reduzindo drasticamente o orçamento para participação em tais operações (o corte deverá ser de 70% em 2021, com relação a 2020).
O ghost writer do Bozo, depois que terminar a temporada circense no Palácio do Planalto, não conseguirá emprego nem para redigir discurso de vereador de grotão. (por Celso Lungaretti)
Nenhum comentário:
Postar um comentário