terça-feira, 7 de julho de 2020

O CINEMA PERDEU SEU MAIOR CRIADOR DE TRILHAS SONORAS DE TODOS OS TEMPOS E PAÍSES: ENNIO MORRICONE (1927-2020)

Antes de Ennio Morricone, as trilhas sonoras para westerns usavam invariavelmente baladas country, como se os filmes tivessem a obrigação de se restringirem aos ritmos e instrumentos musicais característicos da época em que sua ação transcorria. 

Então, só duas dessas trilhas ficaram na minha memória depois do the end aparecer na tela: as de Dimitri Tiomkin para Matar ou morrer (dirigido por Fred Zinnemann em 1952) e Sem lei e sem alma (d. John Sturges, 1957), ambas por suas letras irem comentando de uma forma poética o que o filme nos estava mostrando.

Aos 14 anos assisti a Por uns dólares a mais (d. Sergio Leone, 1965) e foi um deslumbramento: as músicas continuavam comentando as ações do filme, mas sem usar palavras para tanto: elas haviam sido libertadas da tirania do country e incorporaram ritmos de todos os países e os mais modernos recursos tecnológicos para transmitirem/acentuarem o clima de determinada sequência do filme. Morricone colocara o ovo de Colombo em pé.
Duelo final de Três homens em conflito, que Tarantino reverenciaria em Kill Bill
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[Foram mais de 400 partituras para cinema e TV por ele compostas em 60 (!) anos de trabalho, afora músicas clássicas, jazz, pop, etc. Deve haver uns 40 temas que eu escuto amiúde, principalmente os dos filmes do Leone, as primorosas baladas interpretadas por Joan Baez em Sacco e Vanzetti (d. Giulano Montaldo, 1971), a tarantela de Allonsanfan (d. Paolo e Vittorio Taviani, 1974), as carregadas de repulsa ao colonialismo e ao racismo de Queimada! (d. Gillo Pontecorvo, 1969).]

Na parceria seguinte com Sergio Leone, o maestro compôs a trilha sonora mais influente da história do cinema mundial, para Três homens em conflito (1966). O tema do duelo final está na janelinha acima; e na de baixo, o "Êxtase do ouro", com Morricone regendo sua orquestra em praça pública e sendo ovacionado pelo imenso público à saída. Nada poderia ser mais apropriado para esta homenagem póstuma. (por Celso Lungaretti)

Um comentário:

Anônimo disse...

Estava aguardando essa sua homenagem ao E.M.

Sabia que você não deixaria passar em branco.

Abs

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